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Jaime de Magalhães Lima
Nasceu em Aveiro, no dia 15 de
Outubro de 1859, no centro desta região. Era filho dum pai nascido em
Eixo, terra à beira do Vouga e pertencendo ao coração desta região. Em
Eixo habitaram e se multiplicaram os seus antepassados, no correr de
cerca de três séculos, querendo a tradição que o seu quarto avô fosse
estrangeiro, sem todavia lhe designar a nacionalidade. Teria sido esse
homem, e isso leva a crer, que fundou e exerceu a indústria de
artefactos de cobre, se propagou e prosperou e que os filhos e os netos
continuaram até meados do séc. XIX. Este seu quarto avô foi povoador
notabilíssimo. Teve filhos sem conta e parece que só em um dia casou
cinco filhas, o que lhe institui parente declarado de metade da
freguesia, que tinha apenas cerca de duas mil almas. Mas o seu avô
paterno não se contentou com as raparigas da vizinhança e foi casar a
Vagos, a três léguas da sua casa, mas sempre à beira das águas do Vouga.
Jaime de Magalhães de Lima foi um
Pensador de raiz poética.
A sua obra literária é a de um
aristocrata de espírito e, por isso mesmo, numa terra de plebeus
mentais, nunca foi – não podia ser – um escritor popular.
Poucos o leram. Alguns leram-no,
página aqui, página além, enfastiadamente, porque aquilo desdizia do
paladar vulgar de Lineu.
Saboreá-lo em profundidade foi prazer
reservado a quem tem o gosto de fala discreta, mansinha, de toada
poética, ritmo musical, fruto de meditação recolhida. E daí a razão por
que os seus livros não tiveram renovadas edições e a única que tiveram
se vendeu quase ao desbarato, em alfarrabistas. Para mais não pediu aos
amigos, não mendigou aos jornalistas o clangor da propaganda.
Discretamente sentiu, com muita arte escreveu, discretamente publicou,
nenhum reclamo fez de si próprio, a ninguém pediu que lho fizessem. Tudo
fez, num clima de modéstia, num discreto silêncio.
Faleceu na madrugada de 26 de
Fevereiro de 1936.
João Afonso de Aveiro
Era filho de João Gonçalves,
Alcaide-mor da Vila de Almoster, e de Catherina Garcia da Gama, ambos de
nobre origem e de posição elevada.
Isso e os seus merecimentos levaram
D. Diogo, quarto Duque de Beja e irmão de el-rei D. Manuel, a nomeá-lo
um dos seus criados mais dignos de consideração.
Efectivamente, João Afonso tornara-se
notável pela erudição, pelo talento e agudeza de espírito. Metrificava
facilmente e conforme ao gosto do seu tempo.
O Cancioneiro de Garcia de Resende,
publicado em Lisboa, em 1516, traz desde folhas 130 verso a 131 verso,
algumas composições métricas deste aveirense.
Não será fácil saber-se se João
Afonso deixou descendência.
Pela obra «Ressurreição de Portugal,
a morte fatal de Castela», de que é autor Fernão Homem de Figueiredo,
sabe-se que João Afonso de Aveiro vivia ao tempo de el-rei D. João lI,
que em 1479 escrevera nos versos, intitulados «Perdição de Castela» e,
que assim o afirmava um grave religioso do convento de S. Domingos de
Lisboa, num livro escrito por ordem de el-rei D. Manuel.
O autor daquela obra, e no primeiro
livro, chama a este aveirense pessoa insigne nas letras e varão nas
virtudes.
João Afonso também deixou em verso e
manuscrito um livro intitulado «Poesias Várias».
João de Sousa Pizarro
Era irmão da Baronesa de Almeidinha,
falecida em Maio de 1861. Nasceu em 5 de Agosto de 1799. Era filho de
Sebastião José de Sousa Quevedo Pizarro, capitão de Cavalaria e
fidalgo da Casa Real e de Ignes José de Magalhães da Silveira.
Em 27 de Novembro de 1802, foi feito
fidalgo da Casa Real e o respectivo diploma foi registado a folhas 309
do terceiro livro das Mercês e ordens régias, pertencente à Câmara de
Aveiro.
Quando aqui se celebrou a cerimónia
da quebra dos escudos pela morte de el-rei D. João VI, foi a bandeira da
Câmara levada por João de Sousa Pizarro. Este indivíduo abraçou com
entusiasmo as ideias políticas, proclamadas em 1820 e, como tal se
salientou então e em 1823.
Em 1826, manifestou-se a favor da
causa do primeiro Imperador do Brasil, salientando-se não pouco e
chegando a praticar alguns excessos, dos quais felizmente não
resultaram, senão alguns pequenos desgostos.
Na vida militar chegou ao posto de
oficial superior e nos diversos recontros em que entrou contra os
partidários do antigo regime, mostrou-se sempre valente e destemido.
Vítima da sua audácia, foi morto na
batalha da Cruz de Morouço, em 1828. Alguns soldados do partido adverso
trataram pouco respeitosamente o seu cadáver, pelo que foram
repreendidos e castigados.
Era ele o único filho varão. Por sua
morte, ficou herdeira, sua única irmã Maria Beneditina, que mais tarde
teve o título de baronesa de Almeidinha.
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