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Foi subindo pela antiguidade os
postos militares, até que em / 29 / 1860 era Major
graduado. Já então, além de outras distinções tinha a de Cavaleiro da
Ordem de S. Bento de Aviz, era lente de Desenho, Arquitectura e
Topografia no Real Colégio Militar.
Foi continuando a seguir os postos
militares, até que, em 26 de Julho de 1876, foi despachado general de
Divisão. Além de professor no Colégio Militar, foi também professor na
Escola do Exército.
Foi o principal promotor da
construção do monumento do Bussaco, monumento comemorativo da batalha, a
que dera o nome àquele sítio.
Foi sempre muito caritativo. Nunca
deixou de dizer que era de Aveiro e por isso muito se alegrava, quando
se encontrava com qualquer dos seus conterrâneos.
E, como caritativo e bom patriota,
auxiliou sempre pecuniariamente e com os seus serviços todas as empresas
aveirenses e todas as instituições da sua terra. Auxiliou a Associação
Aveirense das Classes Laboriosas, a dos Artistas, a fundação do Campeão
do Vouga, a Irmandade de Santa Joana Princesa, a erecção da estátua de
José Estêvão, o Teatro Aveirense e o novo Hospital da Misericórdia.
Visitava frequentes vezes o Bussaco onde falava muito da sua terra, mas
crê-se, que depois de se retirar para a capital, nunca mais ou muito
poucas vezes tornou a Aveiro.
Faleceu em Lisboa em 9 de Março de
1898 e o seu cadáver foi enterrado no cemitério do Alto de S. João.
Artur Ravara
Nasceu em 21 de Março de 1848, no
Largo do Espírito Santo e foi baptizado na Igreja Paroquial de Nossa
Senhora da Glória, antigo templo de S. Domingos.
Era filho de António Germano de
Pinho Ravara, empregado público e de D. Bárbara Inocência
Ferreira da Cunha.
Desde criança mostrou sempre
tendências para o estudo e dava grandes provas de inteligência e de
memória, decorando facilmente. Foi sempre muito dedicado a seus pais e a
seus avós e, muito amigo de todos os parentes.
Estudou, em Aveiro, a instrução
primária e, ainda muito novo matriculou-se no liceu desta cidade,
frequentando quase todos os preparatórios, indo depois, fazer os
respectivos exames nos liceus de Coimbra e Porto, obtendo sempre
aprovações plenas e, algumas distinções, apesar de haver interrompido os
estudos por mais de uma vez, por motivos de doença.
Em 1867, resolveu-se definitivamente
a seguir o curso de Medicina, o que pôde conseguir com grandes
sacrifícios pessoais e pecuniários dos seus progenitores. Para isso,
partiu para Lisboa em Outubro desse ano e, concluídos os estudos
preparatórios superiores, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica, que
frequentou com regularidade e aplicação, obtendo distinções em alguns
dos seus actos.
No ano de 1873, concluiu o curso e
com geral aplauso dos seus preceptores, defendeu a sua tese cujo assunto
era: «A transfusão de sangue», publicando, também, um opúsculo sobre o
mesmo assunto.
No ano anterior (1872), a 15 de
Julho, havia casado com D. Matilde Olímpia de Carvalho e Silva,
natural de Lamego. A sua união conjugal foi unicamente por efeito de
mútua simpatia.
Com os estudos concluídos voltou para
Aveiro. Entendeu, porém, que deveria olhar para o futuro da sua família
e, no ano seguinte, resolveu-se a ir estabelecer a sua residência em
Lisboa e, ali dedicar-se à clínica.
Poucos dias depois de chegar a
Lisboa, já era procurado, para a cura de algumas graves doenças,
sorrindo-lhe assim a aurora de um auspicioso futuro.
Eram, porém, muito grandes as
saudades pelos seus progenitores e pela esposa e filhos, que por
conveniências particulares haviam ficado em Aveiro.
As instâncias da família e a de não
poucos amigos, que muito o estimavam, foram mais que suficientes, para o
resolverem a abandonar a capital e voltar para o seio de sua família.
A sua chegada a Aveiro foi um
verdadeiro triunfo, tendo sido esperado na estação, por um grande número
de amigos, que para lhe provarem sincera dedicação, convidaram a
Filarmónica Amizade, para o acompanhar a casa.
Artur Ravara aqui se demorou e, aqui
sofreu em 1876, o grande golpe da perda de seu pai.
Continuou ainda a viver em Aveiro,
mas um tanto contrariado, porque desejava assegurar melhor o futuro de
sua esposa e dos seus queridos filhos.
Em 1882, resolveu-se a ir
definitivamente para Lisboa, para ali se aplicar aos trabalhos de
ciência, que havia seguido.
Para essa resolução, muito concorreu
um convite que lhe fizera António Maria Barbosa, seu antigo lente, que
muito lhe conhecia as aptidões e o saber.
Em diversas épocas, mas
principalmente em 1882, teve a ideia de se fazer eleger deputado, pelo
círculo da sua terra. E nesta ocasião estavam as coisas bem encaminhadas
para isso e, de certo o conseguiria, se os revezes da política não
transtornassem certos planos.
Em 25 de Dezembro de 1893, depois de
um incómodo pouco prolongado, faleceu Artur Ravara, deixando íntimas
saudades a sua família e a todos os que se prezavam de o conhecer.
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