Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

 

Foi subindo pela antiguidade os postos militares, até que em / 29 / 1860 era Major graduado. Já então, além de outras distinções tinha a de Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz, era lente de Desenho, Arquitectura e Topografia no Real Colégio Militar.

Foi continuando a seguir os postos militares, até que, em 26 de Julho de 1876, foi despachado general de Divisão. Além de professor no Colégio Militar, foi também professor na Escola do Exército.

Foi o principal promotor da construção do monumento do Bussaco, monumento comemorativo da batalha, a que dera o nome àquele sítio.

Foi sempre muito caritativo. Nunca deixou de dizer que era de Aveiro e por isso muito se alegrava, quando se encontrava com qualquer dos seus conterrâneos.

E, como caritativo e bom patriota, auxiliou sempre pecuniariamente e com os seus serviços todas as empresas aveirenses e todas as instituições da sua terra. Auxiliou a Associação Aveirense das Classes Laboriosas, a dos Artistas, a fundação do Campeão do Vouga, a Irmandade de Santa Joana Princesa, a erecção da estátua de José Estêvão, o Teatro Aveirense e o novo Hospital da Misericórdia. Visitava frequentes vezes o Bussaco onde falava muito da sua terra, mas crê-se, que depois de se retirar para a capital, nunca mais ou muito poucas vezes tornou a Aveiro.

Faleceu em Lisboa em 9 de Março de 1898 e o seu cadáver foi enterrado no cemitério do Alto de S. João.


Artur Ravara

Nasceu em 21 de Março de 1848, no Largo do Espírito Santo e foi baptizado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Glória, antigo templo de S. Domingos.

Era filho de António Germano de Pinho Ravara, empregado público e de D. Bárbara Inocência Ferreira da Cunha.

Desde criança mostrou sempre tendências para o estudo e dava grandes provas de inteligência e de memória, decorando facilmente. Foi sempre muito dedicado a seus pais e a seus avós e, muito amigo de todos os parentes.

Estudou, em Aveiro, a instrução primária e, ainda muito novo matriculou-se no liceu desta cidade, frequentando quase todos os preparatórios, indo depois, fazer os respectivos exames nos liceus de Coimbra e Porto, obtendo sempre aprovações plenas e, algumas distinções, apesar de haver interrompido os estudos por mais de uma vez, por motivos de doença.

Em 1867, resolveu-se definitivamente a seguir o curso de Medicina, o que pôde conseguir com grandes sacrifícios pessoais e pecuniários dos seus progenitores. Para isso, partiu para Lisboa em Outubro desse ano e, concluídos os estudos preparatórios superiores, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica, que frequentou com regularidade e aplicação, obtendo distinções em alguns dos seus actos.

No ano de 1873, concluiu o curso e com geral aplauso dos seus preceptores, defendeu a sua tese cujo assunto era: «A transfusão de sangue», publicando, também, um opúsculo sobre o mesmo assunto.

No ano anterior (1872), a 15 de Julho, havia casado com D. Matilde Olímpia de Carvalho e Silva, natural de Lamego. A sua união conjugal foi unicamente por efeito de mútua simpatia.

Com os estudos concluídos voltou para Aveiro. Entendeu, porém, que deveria olhar para o futuro da sua família e, no ano seguinte, resolveu-se a ir estabelecer a sua residência em Lisboa e, ali dedicar-se à clínica.

Poucos dias depois de chegar a Lisboa, já era procurado, para a cura de algumas graves doenças, sorrindo-lhe assim a aurora de um auspicioso futuro.

Eram, porém, muito grandes as saudades pelos seus progenitores e pela esposa e filhos, que por conveniências particulares haviam ficado em Aveiro.

As instâncias da família e a de não poucos amigos, que muito o estimavam, foram mais que suficientes, para o resolverem a abandonar a capital e voltar para o seio de sua família.

A sua chegada a Aveiro foi um verdadeiro triunfo, tendo sido esperado na estação, por um grande número de amigos, que para lhe provarem sincera dedicação, convidaram a Filarmónica Amizade, para o acompanhar a casa.

Artur Ravara aqui se demorou e, aqui sofreu em 1876, o grande golpe da perda de seu pai.

Continuou ainda a viver em Aveiro, mas um tanto contrariado, porque desejava assegurar melhor o futuro de sua esposa e dos seus queridos filhos.

Em 1882, resolveu-se a ir definitivamente para Lisboa, para ali se aplicar aos trabalhos de ciência, que havia seguido.

Para essa resolução, muito concorreu um convite que lhe fizera António Maria Barbosa, seu antigo lente, que muito lhe conhecia as aptidões e o saber.

Em diversas épocas, mas principalmente em 1882, teve a ideia de se fazer eleger deputado, pelo círculo da sua terra. E nesta ocasião estavam as coisas bem encaminhadas para isso e, de certo o conseguiria, se os revezes da política não transtornassem certos planos.

Em 25 de Dezembro de 1893, depois de um incómodo pouco prolongado, faleceu Artur Ravara, deixando íntimas saudades a sua família e a todos os que se prezavam de o conhecer.

 

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