Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

 

Edmundo de Magalhães Machado

Nasceu em 29 de Abril de 1856, numas casas que ficam na antiga Rua de S. Paulo. Era filho de José Roque Machado, empregado na Repartição da Fazenda deste Distrito e de Maria Casimira Xavier de Magalhães.

Desde a sua criancice, sempre deu grandes provas de inteligência e de amor ao estudo. Frequentou a instrução primária com o Professor Oficial António Marcelino de Sá e mais tarde com António Maria dos Santos Freire.

Em 1866 fez exame de instrução primária no Liceu de Aveiro e começou depois a estudar os preparatórios sem destino determinado, mas sempre com grande aplicação. Em 1874, depois de haver concluído com muito aproveitamento os preparatórios, em alguns dos quais obteve distinções, tomou a resolução de se dedicar à Medicina.

No ano de 1880 concluiu com muita distinção e muita facilidade os seus estudos na Escola Médico Cirúrgica da cidade do Porto, donde logo regressou a Aveiro a abraçar seus extremosos pais e seus numerosos amigos, que sempre admiraram o seu talento e de quem recebeu as demonstrações de simpatias de que sempre se tornou muito digno.

Em 7 de Agosto de 1882, perdera seu pai e este então resolveu-se definitivamente a vir para Aveiro, a fim de fazer companhia a sua carinhosa mãe.

Pouco depois e por insinuações de alguns dos seus antigos condiscípulos, deixou esta terra e foi estabelecer-se no Porto, onde exerceu a clínica e onde obteve o lugar de facultativo do hospital da Misericórdia, sem que para isso empregasse quaisquer pedidos. Pouco depois, foi sua mãe viver na companhia dele e ali se demoraram até 1888. Desgostos, causados por um colega de quem havia sido íntimo amigo, levaram-no a deixar aquela cidade e a retirar-se novamente para Aveiro.

Enquanto estivera no Porto, dedicou-se com muita especialidade aos trabalhos e aos estudos de partos e, principalmente, ao da cura de moléstias de olhos. Como desejava adquirir mais conhecimentos, deixou a Pátria e foi para Paris.

Os proprietários da ria de Aveiro viram-se no perigo de perderem muitos dos seus haveres ou uma parte dos prédios que ali possuíam. Edmundo Machado tratou de resolver e estudar antigos tombos, escrituras e toda a casta de documentos, com que obteve elementos, para provar que muitos dos terrenos eram propriedades particulares de que o Governo não podia dispor. Assim como tratou de provar que não poucos terrenos alagadiços haviam sido usurpados ao público.

Em 1891 publicou uma obra em que tratou de provar as grandes vantagens, que a esta localidade, resultariam do estabelecimento de uma Estação Central de Caminho de Ferro.

Em Fevereiro de 1893 publicou um opúsculo acerca da cultura intensiva da batata.

No ano de 1897, foi publicado um manifesto, apresentado aos poderes públicos e que se intitula «A legitimidade da propriedade particular em terrenos alagados pela Ria de Aveiro». Esse manifesto foi assinado por grande número de interessados.

Faleceu em 4 de Agosto de 1899, e o seu cadáver, nesse mesmo dia, foi conduzido ao cemitério público de Aveiro, e encerrado em jazigo próprio.


Joaquim da Costa Cascais

Nasceu em 29 de Outubro de 1815 e foi baptizado na Igreja Paroquial de Vera Cruz, no território de cuja freguesia viviam os seus progenitores.

Joaquim da Costa Cascais já então havia frequentado a aula de uma professora particular, moradora na Rua das Salineiras, então Rua do Forno, ou Rua de Baixo. Nessa época e ainda por algum tempo, frequentou a aula de primeiras letras, estabelecida no Convento de Santo António e da qual era professor Joaquim de Santa Ritta Vallongo.

Pouco depois passou a frequentar a aula de Latim com o bem conhecido professor José Lucas de Sousa da Silveira. Em ambas as aulas teve por condiscípulos Manuel José Mendes Leite, José Estêvão e seus irmãos e outros indivíduos mais ou menos conhecidos e todos muito íntimos.

Não se sabe em que ano se retirou para Lisboa, mas é de crer, que para isso, houvessem concorrido os desejos de seguir os estudos para a vida militar.

Desde 1831, frequentou as aulas de Matemática na Antiga Academia da Marinha. Continuou depois os seus estudos sempre com muito regular aproveitamento e dando sempre provas de grande inteligência e aplicação.

Em 4 de Agosto de 1833 assentou praça em Artilharia e em 24 de igual mês do ano seguinte foi despachado como 2.º Tenente.

 

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