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Agostinho Pinheiro
Agostinho Duarte Pinheiro e Silva
nasceu em 25 de Fevereiro de 1836. Era filho de Custódio José Duarte
e Silva e de Josefa Rita Pinheiro e Silva.
Agostinho Pinheiro frequentou a
instrução primária com António Marcelino de Sá, professor
público. Ainda muito novo, frequentou as aulas de gramática portuguesa e
de gramática latina com Calisto Luís de Abreu, também professor
público das mesmas disciplinas.
De poucos anos, foi fazer exame de
Latim a Coimbra e ficou plenamente aprovado.
Frequentou depois Filosofia com o
Padre João José Marques da Silva Valente (o Passante), egresso do
Convento de Santo António desta cidade, com o qual também estudou
francês e, frequentou retórica e história com o Dr. Manuel Joaquim de
Oliveira e Silva, professor público dessas mesmas disciplinas.
De todas essas disciplinas foi a
Coimbra fazer os exames, obtendo sempre aprovações plenas, os elogios
dos examinadores, a estima dos seus mestres e a admiração dos seus
condiscípulos.
Tinha, pois todos os preparatórios,
que então se exigiam para frequentar a Universidade e resolvera-se
frequentá-la, mas não se decidiu logo, se havia de seguir o curso
jurídico, se o teológico.
Como Agostinho Pinheiro era filho
único e sua mãe muito o estimava, resolveu-se a não frequentar estudos
superiores, acedendo assim à vontade materna e reconhecendo a
necessidade de em breve ter de ficar a dirigir uma importante casa
comercial, de que sua mãe e suas tias maternas eram proprietárias.
Ficou, pois em Aveiro.
Em 1854 foi criado para o liceu desta
cidade a cadeira de Francês e Inglês, língua de que pelos próprios
esforços, já tinha alguns conhecimentos. Nesse mesmo ano começou a
publicar no “Campeão do Vouga” (depois “Campeão das Províncias”),
algumas traduções do francês e alguns artigos doutrinários e históricos.
Em 1855, fundou-se em Aveiro uma
revista quinzenal, religiosa e literária, denominada a – “Aurora”. Era
impressa na tipografia do Campeão do Vouga e, Agostinho Pinheiro foi um
dos seus fundadores e um dos colaboradores principais. Ali publicou, uma
série de artigos históricos àcerca do Mosteiro de Jesus. Esses artigos
também foram reproduzidos no Campeão, onde apareceu depois, a conclusão
desse trabalho, por haver cessado a Aurora, com o seu número doze.
Concorreu muito para a fundação da
Caixa Económica Aveirense, que foi inaugurada em Maio de 1858,
solenemente e com a assistência do Governador Civil, que era então
Nicolau Anastácio Bettencourt, principal promotor desse
melhoramento. Foi por muitos anos um dos directores da Caixa.
Com José Estêvão, Bento de
Magalhães, José Chrispiano da Fonseca e Brito, Manuel José
Mendes Leite e outros, tratou de fundar um jornal que, em Aveiro
combatesse o governo e advogasse a política de José Estêvão, cujo
partido era o histórico. Esse jornal era o “Distrito de Aveiro”, em cuja
direcção esteve desde 2 de Julho de 1861 até aos princípios de 1863, ano
em que saiu, por motivos de melindre pessoal e por dedicação a seu pai.
Em 1864, por sua influência, foi
criada a Associação Aveirense dos Socorros Mútuos das Classes Laboriosas
(vulgo o Montepio dos Artistas), e dela foi o primeiro presidente. Foi,
também, Provedor da Misericórdia, em cujo hospital fez diversos
melhoramentos; Procurador à Junta Geral e Conselheiro de Distrito, e,
após uma renhida luta eleitoral, fez parte da Câmara Municipal, de 1860
a 1870 e, serviu de Presidente de 1871 a 1874.
Por diversas vezes, pretendeu ser
eleito deputado às cortes. Jamais o conseguiu; e ainda em 1881 perdeu
uma eleição pelo círculo de Arouca, o que foi para ele um grande
desgosto e, não menor desengano.
Pena foi que este aveirense não
houvesse seguido um curso superior, porque muito poderia elevar-se na
posição social e na fama de um nome glorioso. Igualmente foi pena, que
houvesse deixado os campos da literatura, para se entregar às lutas
políticas, tão inglórias para ele e, tão lucrativas para outros.
Agostinho Pinheiro, que podia viver
ainda por muito tempo feliz, sossegado, rodeado de comodidades e de
amigos, viu-se apenas com algumas pessoas do seu parentesco e,
desenganado do mundo. Faleceu em 28 de Julho de 1883.
Aires Barbosa
Aires Barbosa não só honrou Aveiro
mas toda a Nação Portuguesa. Nasceu em 1470. Era filho legítimo de
Fernão Barbosa e D. Catarina de Figueiredo, que segundo se crê, eram
pessoas de consideração.
Aires Barbosa passou na pátria os
seus primeiros anos e, desde tenra idade, dedicou-se com persistência e
com grande aproveitamento a variados estudos.
Os pais reconheceram nele tendências
para as letras e, acedendo às instâncias do filho, permitiram-lhe que se
retirasse para Salamanca, em cuja universidade cursou com muita
distinção, ouvindo as prelecções de abalizados preceptores.
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Aires Barbosa passou em Aveiro os
últimos anos da sua vida e, ao que parece, chegou a possuir em Esgueira
alguns bens, porque preferiu ser enterrado nessa freguesia, não na terra
onde nascera. Efectivamente ali mandou edificar uma capela dedicada a
Nossa Senhora do Desterro, para onde foram transladados os seus restos
mortais, dez anos depois da sua morte.
Faleceu em Aveiro a 18 de Junho de 1530.
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