Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

 

Agostinho Pinheiro

Agostinho Duarte Pinheiro e Silva nasceu em 25 de Fevereiro de 1836. Era filho de Custódio José Duarte e Silva e de Josefa Rita Pinheiro e Silva.

Agostinho Pinheiro frequentou a instrução primária com António Marcelino de Sá, professor público. Ainda muito novo, frequentou as aulas de gramática portuguesa e de gramática latina com Calisto Luís de Abreu, também professor público das mesmas disciplinas.

De poucos anos, foi fazer exame de Latim a Coimbra e ficou plenamente aprovado.

Frequentou depois Filosofia com o Padre João José Marques da Silva Valente (o Passante), egresso do Convento de Santo António desta cidade, com o qual também estudou francês e, frequentou retórica e história com o Dr. Manuel Joaquim de Oliveira e Silva, professor público dessas mesmas disciplinas.

De todas essas disciplinas foi a Coimbra fazer os exames, obtendo sempre aprovações plenas, os elogios dos examinadores, a estima dos seus mestres e a admiração dos seus condiscípulos.

Tinha, pois todos os preparatórios, que então se exigiam para frequentar a Universidade e resolvera-se frequentá-la, mas não se decidiu logo, se havia de seguir o curso jurídico, se o teológico.

Como Agostinho Pinheiro era filho único e sua mãe muito o estimava, resolveu-se a não frequentar estudos superiores, acedendo assim à vontade materna e reconhecendo a necessidade de em breve ter de ficar a dirigir uma importante casa comercial, de que sua mãe e suas tias maternas eram proprietárias. Ficou, pois em Aveiro.

Em 1854 foi criado para o liceu desta cidade a cadeira de Francês e Inglês, língua de que pelos próprios esforços, já tinha alguns conhecimentos. Nesse mesmo ano começou a publicar no “Campeão do Vouga” (depois “Campeão das Províncias”), algumas traduções do francês e alguns artigos doutrinários e históricos.

Em 1855, fundou-se em Aveiro uma revista quinzenal, religiosa e literária, denominada a – “Aurora”. Era impressa na tipografia do Campeão do Vouga e, Agostinho Pinheiro foi um dos seus fundadores e um dos colaboradores principais. Ali publicou, uma série de artigos históricos àcerca do Mosteiro de Jesus. Esses artigos também foram reproduzidos no Campeão, onde apareceu depois, a conclusão desse trabalho, por haver cessado a Aurora, com o seu número doze.

Concorreu muito para a fundação da Caixa Económica Aveirense, que foi inaugurada em Maio de 1858, solenemente e com a assistência do Governador Civil, que era então Nicolau Anastácio Bettencourt, principal promotor desse melhoramento. Foi por muitos anos um dos directores da Caixa.

Com José Estêvão, Bento de Magalhães, José Chrispiano da Fonseca e Brito, Manuel José Mendes Leite e outros, tratou de fundar um jornal que, em Aveiro combatesse o governo e advogasse a política de José Estêvão, cujo partido era o histórico. Esse jornal era o “Distrito de Aveiro”, em cuja direcção esteve desde 2 de Julho de 1861 até aos princípios de 1863, ano em que saiu, por motivos de melindre pessoal e por dedicação a seu pai.

Em 1864, por sua influência, foi criada a Associação Aveirense dos Socorros Mútuos das Classes Laboriosas (vulgo o Montepio dos Artistas), e dela foi o primeiro presidente. Foi, também, Provedor da Misericórdia, em cujo hospital fez diversos melhoramentos; Procurador à Junta Geral e Conselheiro de Distrito, e, após uma renhida luta eleitoral, fez parte da Câmara Municipal, de 1860 a 1870 e, serviu de Presidente de 1871 a 1874.

Por diversas vezes, pretendeu ser eleito deputado às cortes. Jamais o conseguiu; e ainda em 1881 perdeu uma eleição pelo círculo de Arouca, o que foi para ele um grande desgosto e, não menor desengano.

Pena foi que este aveirense não houvesse seguido um curso superior, porque muito poderia elevar-se na posição social e na fama de um nome glorioso. Igualmente foi pena, que houvesse deixado os campos da literatura, para se entregar às lutas políticas, tão inglórias para ele e, tão lucrativas para outros.

Agostinho Pinheiro, que podia viver ainda por muito tempo feliz, sossegado, rodeado de comodidades e de amigos, viu-se apenas com algumas pessoas do seu parentesco e, desenganado do mundo. Faleceu em 28 de Julho de 1883.

 

Aires Barbosa

Aires Barbosa não só honrou Aveiro mas toda a Nação Portuguesa. Nasceu em 1470. Era filho legítimo de Fernão Barbosa e D. Catarina de Figueiredo, que segundo se crê, eram pessoas de consideração.

Aires Barbosa passou na pátria os seus primeiros anos e, desde tenra idade, dedicou-se com persistência e com grande aproveitamento a variados estudos.

Os pais reconheceram nele tendências para as letras e, acedendo às instâncias do filho, permitiram-lhe que se retirasse para Salamanca, em cuja universidade cursou com muita distinção, ouvindo as prelecções de abalizados preceptores. / 27 /

Aires Barbosa passou em Aveiro os últimos anos da sua vida e, ao que parece, chegou a possuir em Esgueira alguns bens, porque preferiu ser enterrado nessa freguesia, não na terra onde nascera. Efectivamente ali mandou edificar uma capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro, para onde foram transladados os seus restos mortais, dez anos depois da sua morte.

Faleceu em Aveiro a 18 de Junho de 1530.

 

Página anterior - Previous Índice geral - Index Página seguinte - Next 25