Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

Aveirenses notáveis

Em todos os tempos, tem dado o concelho de Aveiro homens prestimosos à pátria, na política, nas armas, nas letras, na ciência, etc…

Enumerá-los a todos seria tarefa demasiado extensa. Por isso, limitamo-nos a apontar alguns dos principais.

José Estêvão

No dia 26 de Dezembro de 1809, numa casa de modesta aparência, sita na Rua dos Mercadores, desta cidade de Aveiro, nasceu o grande tribuno parlamentar e benemérito cidadão português José Estêvão Coelho de Magalhães.

Concluindo os preparatórios, então exigidos para entrar para a Universidade, José Estêvão partiu para Coimbra nos princípios de Outubro de 1825 e dias depois matriculava-se no 1.º ano jurídico. Residiu nesse ano na Rua dos Estudos, n.º 24. Em breve adquiriu reputação de óptimo estudante e manifestou os recursos da sua superior inteligência. José Estêvão e um seu condiscípulo natural de Bragança eram apontados como os primeiros estudantes do curso, onde ainda assim havia muitos outros de talento comprovado. Manteve sempre o bom nome que alcançara, mas as suas ideias manifestamente liberais, que não eram as da maioria de seus mestres, fizeram com que nunca fosse premiado. Logo, nos primeiros meses da sua estada em Coimbra, teve ocasião de manifestar abertamente os seus sentimentos liberais.

Quando, em Dezembro do 1826, as forças absolutistas do Marquês de Chaves, entraram em Viseu e ali aclamaram rei o Infante D. Miguel, o general da província Francisco de Paula d'Azeredo, não podendo por falta de força suplantar a revolta, apelou para o patriotismo e independência da mocidade que frequentava a universidade e, mandou convidar os académicos para se armarem e formarem um batalhão.

O convite foi aceite com o maior entusiasmo por uma grande parte da academia. O Batalhão organizou-se em poucos dias.

José Estêvão foi um dos primeiros a alistar-se, e no novo batalhão ficou pertencendo à 6.ª companhia, de que era comandante o tenente de caçadores n.º 7, João Arsénio Júdice Bicker.

No dia 26 de Dezembro saiu de Coimbra aquele batalhão para a Beira, a unir-se às forças do general Azeredo.

Durante a permanência do batalhão académico em Viseu, José Estêvão esteve aboletado em casa do cónego Menezes, que então era um exaltado absolutista e que depois, em 1834, se mostrou muito liberal, e tanto que chegou a ser escolhido para governador do bispado.

Foi curta a campanha de 1826, mas nem por isso deixaram de ser importantes os serviços prestados à causa da liberdade pelos bravos e briosos académicos. Mandando dissolver o batalhão académico, José Estêvão voltou para Coimbra, para continuar nas suas lides escolares.

O Infante D. Miguel, nomeado lugar-tenente de seu irmão D. Pedro, logo depois da sua chegada a Lisboa em 22 de Fevereiro de 1828, principiou a tomar um certo número de medidas, todas tendentes a derrubar a Carta Constitucional e fazer-se aclamar rei.

Iniciou-se então em Coimbra, o movimento de reacção contra as aspirações do Infante. Tendo-se posto ponto na faculdade de direito, José Estêvão, a pedido de Simão José da Luz Soriano (devotado liberal), partiu para Aveiro nos princípios de Maio e aí se demorou até que, no dia 16, surgiu nesta cidade o grito de liberdade, facto que comunicou imediatamente para Coimbra. José Estêvão, poucos dias depois, foi para Coimbra, e feita ali a revolução em 22 de Maio, organizou-se o batalhão, sendo ele um dos primeiros a alistar-se.

José Estêvão, foi um político português da Revolução de Setembro. Foi eleito deputado em 1836 e, fundou dois jornais “O Tempo” e “A Revolução de Setembro”.

Graças ao empenhamento deste grande tribuno, o comboio facilitou a ligação, sobre os grandes centros, passando nos limites da cidade, entre esta e Esgueira.

Apóstolo fervoroso e incansável do progresso, consagrou-lhe toda a sua existência.

Foi nomeado Ministro do Reino no ano de 1862, falecendo antes de tomar posse.

José Estêvão Coelho de Magalhães, faleceu em 2 de Novembro de 1862.

 

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