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Aveirenses notáveis
Em todos os tempos, tem dado o
concelho de Aveiro homens prestimosos à pátria, na política, nas armas,
nas letras, na ciência, etc…
Enumerá-los a todos seria tarefa
demasiado extensa. Por isso, limitamo-nos a apontar alguns dos
principais.
José Estêvão
No
dia 26 de Dezembro de 1809, numa casa de modesta aparência, sita na Rua
dos Mercadores, desta cidade de Aveiro, nasceu o grande tribuno
parlamentar e benemérito cidadão português José Estêvão Coelho de
Magalhães.
Concluindo os preparatórios, então
exigidos para entrar para a Universidade, José Estêvão partiu para
Coimbra nos princípios de Outubro de 1825 e dias depois matriculava-se
no 1.º ano jurídico. Residiu nesse ano na Rua dos Estudos, n.º 24. Em
breve adquiriu reputação de óptimo estudante e manifestou os recursos da
sua superior inteligência. José Estêvão e um seu condiscípulo natural de
Bragança eram apontados como os primeiros estudantes do curso, onde
ainda assim havia muitos outros de talento comprovado. Manteve sempre o
bom nome que alcançara, mas as suas ideias manifestamente liberais, que
não eram as da maioria de seus mestres, fizeram com que nunca fosse
premiado. Logo, nos primeiros meses da sua estada em Coimbra, teve
ocasião de manifestar abertamente os seus sentimentos liberais.
Quando, em Dezembro do 1826, as
forças absolutistas do Marquês de Chaves, entraram em Viseu e ali
aclamaram rei o Infante D. Miguel, o general da província Francisco
de Paula d'Azeredo, não podendo por falta de força suplantar a
revolta, apelou para o patriotismo e independência da mocidade que
frequentava a universidade e, mandou convidar os académicos para se
armarem e formarem um batalhão.
O convite foi aceite com o maior
entusiasmo por uma grande parte da academia. O Batalhão organizou-se em
poucos dias.
José Estêvão foi um dos primeiros a
alistar-se, e no novo batalhão ficou pertencendo à 6.ª companhia, de que
era comandante o tenente de caçadores n.º 7, João Arsénio Júdice
Bicker.
No dia 26 de Dezembro saiu de Coimbra aquele batalhão para a Beira, a
unir-se às forças do general Azeredo.
Durante a permanência do batalhão
académico em Viseu, José Estêvão esteve aboletado em casa do cónego
Menezes, que então era um exaltado absolutista e que depois, em 1834, se
mostrou muito liberal, e tanto que chegou a ser escolhido para
governador do bispado.
Foi curta a campanha de 1826, mas nem
por isso deixaram de ser importantes os serviços prestados à causa da
liberdade pelos bravos e briosos académicos. Mandando dissolver o
batalhão académico, José Estêvão voltou para Coimbra, para continuar nas
suas lides escolares.
O Infante D. Miguel, nomeado lugar-tenente de seu irmão D. Pedro, logo
depois da sua chegada a Lisboa em 22 de Fevereiro de 1828, principiou a
tomar um certo número de medidas, todas tendentes a derrubar a Carta
Constitucional e fazer-se aclamar rei.
Iniciou-se então em Coimbra, o
movimento de reacção contra as aspirações do Infante. Tendo-se posto
ponto na faculdade de direito, José Estêvão, a pedido de Simão José
da Luz Soriano (devotado liberal), partiu para Aveiro nos princípios
de Maio e aí se demorou até que, no dia 16, surgiu nesta cidade o grito
de liberdade, facto que comunicou imediatamente para Coimbra. José
Estêvão, poucos dias depois, foi para Coimbra, e feita ali a revolução
em 22 de Maio, organizou-se o batalhão, sendo ele um dos primeiros a
alistar-se.
José Estêvão, foi um político
português da Revolução de Setembro. Foi eleito deputado em 1836 e,
fundou dois jornais “O Tempo” e “A Revolução de Setembro”.
Graças ao empenhamento deste grande
tribuno, o comboio facilitou a ligação, sobre os grandes centros,
passando nos limites da cidade, entre esta e Esgueira.
Apóstolo fervoroso e incansável do
progresso, consagrou-lhe toda a sua existência.
Foi nomeado Ministro do Reino no ano
de 1862, falecendo antes de tomar posse.
José Estêvão Coelho de Magalhães,
faleceu em 2 de Novembro de 1862.
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