Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

Ria de Aveiro

A ria de Aveiro é o mais notável acidente do litoral peninsular.

Vasta toalha de água que ocupa uma superfície não inferior a 6.000 hectares entre as areias do litoral e a terra firme, a ria de Aveiro estende-se, em sentido Norte-Sul, do concelho de Ovar ao de Mira, medindo assim quarenta e sete quilómetros; na sua máxima largura, contam-se ainda sete, apesar do progressivo assoreamento; em profundidade, dificilmente a sonda marcará hoje prumos de oito metros.

Quatro braços mais importantes se definiram nela e se mantêm actualmente: a chamada ria de Ovar, em direcção ao Norte; a de Mira, voltada ao Sul; a da Murtosa, a Nordeste, e a de Vagos, a Sudoeste; afora estas, uma rede inextricável de canais, valas e esteiros, que penetra por toda a região.

Moliceiros na Ria

Sete concelhos confinam com a ria e à influência dela sujeitam o melhor da sua economia: Ovar, Murtosa, Estarreja, Aveiro, Ílhavo, Vagos e Mira; conquanto este último pertença já à divisão administrativa de Coimbra, não pode deixar de ser considerado, ao encararmos a unidade geográfica constituída pela ria de Aveiro. Mais de 150.000 habitantes somarão estes concelhos, o que nos permite visionar o alcance e importância da ria na economia da região; entre as riquezas proporcionadas por ela contam-se o sal, a apanha de algas (moliços), que tem permitido a transformação dos imensos areais em campos de produção de batata, milho e feijão, e tornou as Gafanhas o celeiro do distrito, e que atinge por ano a elevada cifra de 600.000 toneladas, ocupando nesse serviço mais de mil embarcações diariamente; a pesca, que se exerce em larga escala e aproveita a variada fauna regional, tanto de peixes como de crustáceos e moluscos, conta espécies afamadas: a solha, o linguado, a tainha, o robalo, a enguia, o berbigão, o mexilhão; a criação de gados e a indústria dos lacticínios exerce-se igualmente em todas as freguesias, vivendo da abundância de pastos que por toda a parte da ria proporciona: nos areais, à beira de água, nos muros das marinhas, etc.; a navegação fluvial tem registadas mais de três mil embarcações de variado tipo e serventia, entre todas sobressaindo o moliceiro.

Furadouro, Torreira, S. Jacinto, a Barra, Costa Nova e Mira são outras tantas praias que à ria devem a sua existência. Esta resultou do preenchimento parcial da vasta reentrância que primitivamente se observava na costa peninsular abaixo do Douro, com areias arrastadas pelas correntes que do Norte descem sobre o litoral.

 

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