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Ria de Aveiro
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A ria de Aveiro é o mais notável
acidente do litoral peninsular.
Vasta toalha de água que ocupa uma superfície não inferior a 6.000
hectares entre as areias do litoral e a terra firme, a ria de Aveiro
estende-se, em sentido Norte-Sul, do concelho de Ovar ao de Mira,
medindo assim quarenta e sete quilómetros; na sua máxima largura,
contam-se ainda sete, apesar do progressivo assoreamento; em
profundidade, dificilmente a sonda marcará hoje prumos de oito metros.
Quatro braços mais importantes se definiram nela e se mantêm
actualmente: a chamada ria de Ovar, em direcção ao Norte; a de Mira,
voltada ao Sul; a da Murtosa, a Nordeste, e a de Vagos, a Sudoeste;
afora estas, uma rede inextricável de canais, valas e esteiros, que
penetra por toda a região. |
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Moliceiros na Ria |
Sete concelhos confinam com a ria e à influência dela sujeitam o melhor
da sua economia: Ovar, Murtosa, Estarreja, Aveiro, Ílhavo, Vagos e Mira;
conquanto este último pertença já à divisão administrativa de Coimbra,
não pode deixar de ser considerado, ao encararmos a unidade geográfica
constituída pela ria de Aveiro. Mais de 150.000 habitantes somarão estes
concelhos, o que nos permite visionar o alcance e importância da ria na
economia da região; entre as riquezas proporcionadas por ela contam-se o
sal, a apanha de algas (moliços), que tem permitido a transformação dos
imensos areais em campos de produção de batata, milho e feijão, e tornou
as Gafanhas o celeiro do distrito, e que atinge por ano a elevada cifra
de 600.000 toneladas, ocupando nesse serviço mais de mil embarcações
diariamente; a pesca, que se exerce em larga escala e aproveita a
variada fauna regional, tanto de peixes como de crustáceos e moluscos,
conta espécies afamadas: a solha, o linguado, a tainha, o robalo, a
enguia, o berbigão, o mexilhão; a criação de gados e a indústria dos
lacticínios exerce-se igualmente em todas as freguesias, vivendo da
abundância de pastos que por toda a parte da ria proporciona: nos
areais, à beira de água, nos muros das marinhas, etc.; a navegação
fluvial tem registadas mais de três mil embarcações de variado tipo e
serventia, entre todas sobressaindo o moliceiro.
Furadouro, Torreira, S. Jacinto, a Barra, Costa Nova e Mira são outras
tantas praias que à ria devem a sua existência. Esta resultou do
preenchimento parcial da vasta reentrância que primitivamente se
observava na costa peninsular abaixo do Douro, com areias arrastadas
pelas correntes que do Norte descem sobre o litoral. |