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Desde logo se
reactivou a vida urbana, ultrapassadas as dificuldades das invasões
francesas. Agora, porém, já o espaço de Sá se encontrava dentro das
freguesias / 11 / da cidade (desde a divisão, em 1572), enquanto
Esgueira, que tinha deixado de ser comarca, continuava a sua vida
autónoma, fora do envolvimento urbano.
O pronunciamento
militar de 24 de Agosto de 1820, ao abrir novas perspectivas políticas,
trouxe, com avanços e recuos do Iiberalismo, uma movimentação geral
dentro das forças burguesas, conduzindo-se Aveiro muito ao lado das
vantagens nortenhas, em identidade de interesses comerciais e marítimos,
de que são mais representativos, os nomes de Joaquim José de Queirós
(avô de Eça e um dos principais responsáveis pela revolta liberal de 16
de Maio de 1828), José Estêvão, figura cimeira do Setembrismo e do
Parlamentarismo romântico, Mendes Leite…, os Pinto Basto, uma dinastia
industrial e comercial marítima, proprietários da fábrica de porcelanas
e vidros da «Vista Alegre».
Foi sobretudo após o
movimento regenerador (1851) que se criaram novas condições de
desenvolvimento industrial e comercial em Aveiro. Fragmentam-se as
cercas dos conventos nas mãos de particulares, (após a extinção das
ordens religiosas e nacionalização dos seus bens), criam-se unidades
fabris, desenvolve-se a pesca e o sal, rasgam-se novos caminhos…
O comboio facilitará
a ligação entre os grandes centros, passando nos limites da cidade,
entre esta e Esgueira, graças ao empenhamento do grande tribuno José
Estêvão. Com boas vias de transporte terrestre (vias férreas), marítimo
e fluvial e excelentes matérias primas no campo da cerâmica, nascem
diversas unidades, na tradição da conceituada fábrica do Côjo,
essencialmente voltada para cerâmica de construção civil e doméstica de
que foi herdeira de bom nível a Fonte Nova (1882) e a Jerónimo Pereira
Campos entre outras, dos meados da segunda metade de Oitocentos,
ocupando zona a Nascente da cidade, junto ao canal do Côjo, também
designado então por Canal da Fonte Nova. Deste incremento industrial
resultou, nos princípios do século XX, um novo bairro, junto à igreja de
S. Domingos, conhecido por «bairro operário», absorvendo a área do
seiscentista «bairro dos oleiros», em decadência por todo o século XIX.
Já então por todo o
último quartel de Oitocentos, a cidade se alargava no sentido Oeste,
nascendo o bairro dos Santos Mártires e o do Rossio, ao mesmo tempo que
se processa, na drobagem da centúria, o arranjo do canal de S. Roque e
do cais dos Botirões – Praça do Peixe, cujo fontanário comprova a
urbanização, com data de 1876.
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