Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

Desde logo se reactivou a vida urbana, ultrapassadas as dificuldades das invasões francesas. Agora, porém, já o espaço de Sá se encontrava dentro das freguesias / 11 / da cidade (desde a divisão, em 1572), enquanto Esgueira, que tinha deixado de ser comarca, continuava a sua vida autónoma, fora do envolvimento urbano.

O pronunciamento militar de 24 de Agosto de 1820, ao abrir novas perspectivas políticas, trouxe, com avanços e recuos do Iiberalismo, uma movimentação geral dentro das forças burguesas, conduzindo-se Aveiro muito ao lado das vantagens nortenhas, em identidade de interesses comerciais e marítimos, de que são mais representativos, os nomes de Joaquim José de Queirós (avô de Eça e um dos principais responsáveis pela revolta liberal de 16 de Maio de 1828), José Estêvão, figura cimeira do Setembrismo e do Parlamentarismo romântico, Mendes Leite…, os Pinto Basto, uma dinastia industrial e comercial marítima, proprietários da fábrica de porcelanas e vidros da «Vista Alegre».

Foi sobretudo após o movimento regenerador (1851) que se criaram novas condições de desenvolvimento industrial e comercial em Aveiro. Fragmentam-se as cercas dos conventos nas mãos de particulares, (após a extinção das ordens religiosas e nacionalização dos seus bens), criam-se unidades fabris, desenvolve-se a pesca e o sal, rasgam-se novos caminhos…

O comboio facilitará a ligação entre os grandes centros, passando nos limites da cidade, entre esta e Esgueira, graças ao empenhamento do grande tribuno José Estêvão. Com boas vias de transporte terrestre (vias férreas), marítimo e fluvial e excelentes matérias primas no campo da cerâmica, nascem diversas unidades, na tradição da conceituada fábrica do Côjo, essencialmente voltada para cerâmica de construção civil e doméstica de que foi herdeira de bom nível a Fonte Nova (1882) e a Jerónimo Pereira Campos entre outras, dos meados da segunda metade de Oitocentos, ocupando zona a Nascente da cidade, junto ao canal do Côjo, também designado então por Canal da Fonte Nova. Deste incremento industrial resultou, nos princípios do século XX, um novo bairro, junto à igreja de S. Domingos, conhecido por «bairro operário», absorvendo a área do seiscentista «bairro dos oleiros», em decadência por todo o século XIX.

Já então por todo o último quartel de Oitocentos, a cidade se alargava no sentido Oeste, nascendo o bairro dos Santos Mártires e o do Rossio, ao mesmo tempo que se processa, na drobagem da centúria, o arranjo do canal de S. Roque e do cais dos Botirões – Praça do Peixe, cujo fontanário comprova a urbanização, com data de 1876.
 

1905 - Corte do Convento dos Carmelitas para abertura da Praça Marquês de Pombal.

1935 - A Praça da República e o Liceu José Estêvão (vista aérea)

 

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