Terras da Nossa Terra - Ano 21, Abril de 1985

A par com esses iam outros de proveniência agrícola. E também entravam alguns. (Dessas trocas, viria a resultar a constituição de uma «colónia» de estrangeiros, fora das muralhas da vila, mas dentro das linhas de água referidas, a Oeste, essencialmente de / 6 / gente do Norte, que tomou a designação de Alboi)

Com as crises do final de Trezentos e particularmente após o triunfo da burguesia, em 1383-1385, com a aclamação de D. João I, houve modificações de grande significado, de que beneficiaram globalmente aos homens dos concelhos, bem como as actividades produtivas, em reforço da burguesia que apoiara o Mestre de Aviz. Aveiro viria também a conhecer novos donatários, acabando por cair nas mãos do infante D. Pedro, filho de D. João I, o «de boa memória», que este fez Duque de Coimbra, Senhor de Montemor-o-Velho e Aveiro, e que mais tarde foi regente do reino.

Ora não obstante ter conhecido vários donatários, nenhum soube, como D. Pedro, preparar Aveiro para o futuro. A vila foi dotada de soberbas muralhas entre 1418 e 1422, abarcando áreas não habitadas, numa clara antevisão do crescimento urbano. Deu-lhes grandeza e robustez que invejavam as melhores praças do país, tendo para o efeito que recorrer a pedra vinda de fora, da região de Cantanhede e Ançã, para além das pedreiras dos vizinhos lugares de Santiago e Eirol.

Não se limitou a cobrar impostos como qualquer senhor, mas antes aqui residiu por várias vezes, dando exemplo a outros fidalgos e muito contribuindo para a fixação, dentro das muralhas, de prestigiadas ordens religiosas – caso do convento dominicano de Nossa Senhora da Misericórdia –, e construção de palácios como o seu, assim como novas igrejas ou beneficiando as antigas aqui existentes.

Quanto a estas, eram pelo menos citadas em documentos da Reconquista cristã, a de S. Miguel (desaparecida em 1835 e de que se conhecem relatos pormenorizados como sendo o maior edifício religioso da vila e onde havia várias capelas distintas, em que abundavam inscrições, algumas em árabe!); a de Sá, dedicada a Nossa Senhora da Alegria, em ponto dominante da povoação, onde funcionou pelo menos desde a viragem do século XII para o XIII, uma «confraria de pescadores e mareantes»; e a igreja de Santo André, em Esgueira, ao tempo bem isolada de Aveiro e de Sá, servida por um esteira em que se processava intenso movimento de embarcações (esta igreja desapareceu nos primeiros anos de Seiscentos).

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Quatro aspectos da Praça da República, nesta e na página seguinte.

 

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