|
A par com esses iam
outros de proveniência agrícola. E também entravam alguns. (Dessas
trocas, viria a resultar a constituição de uma «colónia» de estrangeiros,
fora das muralhas da vila, mas dentro das linhas de água referidas, a
Oeste, essencialmente de / 6 / gente do Norte, que tomou a designação de
Alboi)
Com as crises do final de Trezentos e particularmente após o triunfo da
burguesia, em 1383-1385, com a aclamação de D. João I, houve
modificações de grande significado, de que beneficiaram globalmente aos
homens dos concelhos, bem como as actividades produtivas, em reforço da
burguesia que apoiara o Mestre de Aviz. Aveiro viria também a conhecer
novos donatários, acabando por cair nas mãos do infante D. Pedro, filho
de D. João I, o «de boa memória», que este fez Duque de Coimbra, Senhor
de Montemor-o-Velho e Aveiro, e que mais tarde foi regente do reino.
Ora não obstante ter conhecido vários donatários, nenhum soube, como D.
Pedro, preparar Aveiro para o futuro. A vila foi dotada de soberbas
muralhas entre 1418 e 1422, abarcando áreas não habitadas, numa clara
antevisão do crescimento urbano. Deu-lhes grandeza e robustez que
invejavam as melhores praças do país, tendo para o efeito que recorrer a
pedra vinda de fora, da região de Cantanhede e Ançã, para além das
pedreiras dos vizinhos lugares de Santiago e Eirol.
Não se limitou a cobrar impostos como qualquer senhor, mas antes aqui
residiu por várias vezes, dando exemplo a outros fidalgos e muito
contribuindo para a fixação, dentro das muralhas, de prestigiadas ordens
religiosas – caso do convento dominicano de Nossa Senhora da
Misericórdia –, e construção de palácios como o seu, assim como novas
igrejas ou beneficiando as antigas aqui existentes.
Quanto a estas, eram pelo menos citadas em documentos da Reconquista
cristã, a de S. Miguel (desaparecida em 1835 e de que se conhecem
relatos pormenorizados como sendo o maior edifício religioso da vila e
onde havia várias capelas distintas, em que abundavam inscrições,
algumas em árabe!); a de Sá,
dedicada a Nossa Senhora da Alegria,
em
ponto dominante da povoação,
onde funcionou pelo menos desde a viragem
do século XII para o XIII, uma «confraria de pescadores e mareantes»; e
a igreja de Santo André, em Esgueira, ao tempo bem isolada de Aveiro e
de Sá, servida por um esteira em que se processava intenso movimento de
embarcações (esta igreja desapareceu nos primeiros anos de Seiscentos).
_________________
Quatro
aspectos da Praça da República, nesta e na página seguinte.
|