Índice do Almanaque.
 

Para os actuais problemas de Portugal

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sair do euro não é solução

Francisco Manuel Constantino Pinto

A saída do euro não resolve os actuais problemas estruturais que Portugal enfrenta, bem pelo contrário, agravá-los-ia substancialmente, seria a maior derrocada que nos poderia acontecer. Esta situação só seria viável com o perdão de grande parte da dívida, já que haveria uma total incapacidade para o seu pagamento integral.

Compreendo o ponto de vista e até concordo com a defesa que o professor João Ferreira do Amaral, do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão faz de que Portugal não deveria ter aderido ao Euro. Contudo, já não posso concordar com a defesa que faz de uma actual saída, pois seria desastroso para a vida da maioria dos portugueses, sobretudo para todos aqueles que vivem dos seus salários e das suas reformas.

Mesmo em condições negociadas no quadro da EU - União Europeia e do FMI - Fundo Monetário Internacional, esta situação levaria a uma super desvalorização na nova moeda, que em vez de “Escudo” se poderia chamar “Luso”, essa desvalorização nunca seria inferior a 50%, talvez 60%, fazendo com que os bens importados, matérias-primas, combustíveis, viaturas, viagens e estadias no estrangeiro custassem mais de 60%, os salários e as pensões desvalorizavam cerca de dois terços, o ordenado mínimo situar-se-ia por volta dos 200€, a dívida de Portugal aumentaria para o triplo na nova moeda, os juros mais que triplicavam, voltaríamos a estar equiparados aos países do terceiro mundo, seria um desastre de consequências imprevisíveis para os próximos 30 anos, com grandes taxas de inflação, situação que levaria ao isolamento europeu, ao descrédito perante a Europa e o Mundo, tornando-se a dívida actual impagável, além do corte radical dos meios de financiamento externo.

Se actualmente se reclama pelos valores dos ordenados e das reformas serem muito baixos, comparativamente com os outros países da EU, como é que seria nos próximos vinte ou trinta anos?

A saída do Euro, não será de perto nem de longe uma solução para os défices e problemas estruturais da economia Portugal, só o será em teoria, sem se viver o real impacto e as consequências de tal situação em casa própria ou a vejamos na casa do vizinho, não a sabemos avaliar! Que seja um outro país a viver primeiro essa experiência, porque aí poderemos ver o desastre, o que nos ajudará a medir e a meditar nesta desastrada aventura.

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