Os
batimentos das asas são rápidos mas fracos, movendo-se as mesmas sem
intervalos e abaixo da horizontal, com a cabeça apontando para cima.
O seu
nome provém do canto do macho, composto por duas notas que soam como
‘cu-cu’ e que em Portugal, se pode ouvir sobretudo desde os fins do
mês de Março até Julho. Isto por se tratar de uma ave migradora, que
inverna em África. Durante a migração, mas também antes da partida e
logo após a chegada, pode andar em pequenos bandos.
Distribui-se por toda a Europa, Ásia e Norte de África. No nosso País
ocorre por todo o território, sendo mais abundante no interior norte e
centro. No Alentejo podemos encontrá-lo com facilidade, por exemplo, nas
zonas de Alpalhão, Arraiolos, ribeira do Divor, Barrancos.
É
comum em todos os tipos de terrenos, preferindo sobretudo as zonas
florestadas, imediações de pauis, montados, bosques, mas evitando as
zonas de altitude e os matos densos. Por ser muito tímido, a sua
presença é rara nas proximidades de áreas muito povoadas.
A sua
alimentação é essencialmente constituída por insectos e larvas, em
especial lagartas (e aqui dão um importante contributo no controlo de
pragas). No entanto, podem ainda ingerir, por vezes, frutos e plantas,
sementes, pequenos répteis e anfíbios.
Quanto à reprodução, é de notar que macho e fêmea acasalam com
diferentes parceiros e que uma das características peculiares dos cucos
é o facto de parasitarem outras aves, que lhes incubam os ovos e lhes
alimentam as crias. Trata-se de um curioso processo, uma vez que
parasitam um grande número de outras espécies, ainda que cada fêmea se
especialize numa só espécie em particular. Começam por procurar
activamente os ninhos para parasitar (vários) e, feita a selecção,
aguardam a ausência dos seus ocupantes para neles depositarem os seus
ovos, um em cada. Assim, espalhando-os por diversos ninhos, aumentarão
as hipóteses de sucesso, pelo menos para alguns deles. Após a postura,
retira um dos ovos que já se encontram em cada um dos ninhos e come-os.
Um aspecto singular reside no facto de os ovos assim deixados tenderem a
assemelhar-se aos dos hospedeiros.
A
incubação dura cerca de 12 dias e, pouco tempo após o seu nascimento, os
jovens cucos expulsam os verdadeiros filhos da ave que preparou o ninho,
ou empurram os seus ovos para fora, caso estes não tenham ainda
eclodido. Ficam assim os ‘pais adoptivos’ a tratar o cuco até este poder
voar, o que, em regra, acontece 3 semanas depois.
Esta
ave ocorre em elevado número, estimando-se que, só na Europa, os seus
efectivos atinjam um milhão e meio de indivíduos. A sua continuidade não
está, pois, em risco, considerando-se o seu estado de conservação como
seguro. Tal não obsta a que se encontrem sujeitos a factores de ameaça,
que se repercutem na mortalidade da espécie. Dentre eles, sobressai a
perseguição humana (abate a tiro, pilhagem de ninhos, iscos
envenenados), eventualmente potenciada por uma espécie de preconceito
associado ao seu comportamento predatório.
Também a alteração dos seus habitats pela construção de
infra-estruturas (barragens, estradas, parques eólicos), instalação de
regadios, etc, bem como a perturbação das zonas de nidificação
(actividades agrícolas, cinegéticas, turismo, por exemplo) levam a uma
quebra na reprodução e mesmo ao seu afastamento dessas zonas.
Todavia,
não se encontrando em causa a conservação da espécie, o peculiar canto
do cuco continuará a fazer-se ouvir, sendo que a progressiva
consciencialização das novas gerações para as questões da
sustentabilidade e equilíbrio ambientais serão o seu melhor garante.
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