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ACÇÃO SOCIAL NO ALENTEJO
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António Diogo Sotero

 

Para falar com maior profundidade sobre a Acção Social no Alentejo, teria que fazer um retorno até 25 de Abril de 74, ou até antes, porém isso ocuparia folhas e mais num tema importante, mas não é isso o que se pede para este artigo.

Para indivíduos mais independentes, fazer acção social no Alentejo ou no País, nos dias de hoje, é uma verdadeira aventura, pois estamos perante um poder que, embora se afirme laico (mesmo existindo alguns ministros maçons), corta as pernas a todos os que ousam desafiar o marasmo e se entregam à nobre tarefa de construir equipamentos sociais para as suas gentes.

Se se tratar de gente ligada à Igreja Católica, a conversa já é outra, pois esta detém um poder com o qual o poder político não se quer meter, não vá sumirem-se os votos dos beatos e beatas...

Acresce também que o trabalho social deriva, e muito, dos eleitos do Poder Local – Presidentes de Câmara e de Juntas de Freguesia – e, naturalmente, dos activistas sociais.

Não é difícil constatar que nos concelhos com eleitos que denotam pendor para a área social, os equipamentos sociais estão à vista. Mas onde essa sensibilidade não existe, é o deserto.  Lamentavelmente, este facto é transversal a pessoas de todos os partidos.

O que temos hoje? No distrito de Beja temos uma Rede Social que coordena (ou asfixia) tudo o que se pretende fazer em termos sociais. Essas redes distritais e concelhias são compostas por todas as instituições e presididas pelos presidentes das câmaras. Aí se discute e aprova, ou não, tudo o que, do ponto de vista social, diz respeito aos concelhos. Depois há a questão dos financiamentos. A Segurança Social tem, em grande medida, um papel de entrave (a asfixia) e o resto é luta das instituições para conseguirem construir o que faz falta.

Nós, por cá - e refiro-me aos concelhos cuja intervenção melhor conheço, como Mértola, Serpa, Castro Verde, Barrancos e Beja – conseguimos dar respostas sociais melhores que noutros lugares, talvez porque temos menor densidade populacional e existe uma grande vontade da sociedade civil. Serviços como o apoio domiciliário, centro de convívio e de dia ou lar de terceira idade, são melhores, mais baratos e há respostas. Igualmente no que respeita ao apoio às crianças e estruturas para adolescentes, desempregados de longa duração. Todas estas matérias são objecto de grande atenção pelos membros da Rede Social cujas parcerias são fundamentais para o sucesso das políticas sociais. Penso que genericamente as câmaras do Baixo Alentejo, em conjunto com as instituições, esforçam-se para resolver os problemas sociais que ao governo deviam dizer respeito.

O futuro é cinzento e as pessoas estão cansadas de remar contra a maré. O poder combate quem queira desenvolver projectos sociais, a privatização tornou-se uma obsessão da direita partidária, e quanto aos socialistas, é muita conversa e pouca obra, só apoiam os projectos dos seus amigos de partido.

E assim vai o Alentejo... e o mundo.

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