Para falar com maior
profundidade sobre a Acção Social no Alentejo, teria que fazer um
retorno até 25 de Abril de 74, ou até antes, porém isso ocuparia folhas
e mais num tema importante, mas não é isso o que se pede para este
artigo.
Para indivíduos mais
independentes, fazer acção social no Alentejo ou no País, nos dias de
hoje, é uma verdadeira aventura, pois estamos perante um poder que,
embora se afirme laico (mesmo existindo alguns ministros maçons), corta
as pernas a todos os que ousam desafiar o marasmo e se entregam à nobre
tarefa de construir equipamentos sociais para as suas gentes.
Se se tratar de gente
ligada à Igreja Católica, a conversa já é outra, pois esta detém um
poder com o qual o poder político não se quer meter, não vá sumirem-se
os votos dos beatos e beatas...
Acresce também que o
trabalho social deriva, e muito, dos eleitos do Poder Local –
Presidentes de Câmara e de Juntas de Freguesia – e, naturalmente, dos
activistas sociais.
Não é difícil constatar que
nos concelhos com eleitos que denotam pendor para a área social, os
equipamentos sociais estão à vista. Mas onde essa sensibilidade não
existe, é o deserto. Lamentavelmente, este facto é transversal a
pessoas de todos os partidos.
O que temos hoje? No
distrito de Beja temos uma Rede Social que coordena (ou asfixia) tudo o
que se pretende fazer em termos sociais. Essas redes distritais e
concelhias são compostas por todas as instituições e presididas pelos
presidentes das câmaras. Aí se discute e aprova, ou não, tudo o que, do
ponto de vista social, diz respeito aos concelhos. Depois há a questão
dos financiamentos. A Segurança Social tem, em grande medida, um papel
de entrave (a asfixia) e o resto é luta das instituições para
conseguirem construir o que faz falta.
Nós, por cá - e refiro-me
aos concelhos cuja intervenção melhor conheço, como Mértola, Serpa,
Castro Verde, Barrancos e Beja – conseguimos dar respostas sociais
melhores que noutros lugares, talvez porque temos menor densidade
populacional e existe uma grande vontade da sociedade civil. Serviços
como o apoio domiciliário, centro de convívio e de dia ou lar de
terceira idade, são melhores, mais baratos e há respostas. Igualmente no
que respeita ao apoio às crianças e estruturas para adolescentes,
desempregados de longa duração. Todas estas matérias são objecto de
grande atenção pelos membros da Rede Social cujas parcerias são
fundamentais para o sucesso das políticas sociais. Penso que
genericamente as câmaras do Baixo Alentejo, em conjunto com as
instituições, esforçam-se para resolver os problemas sociais que ao
governo deviam dizer respeito.
O futuro é cinzento e as
pessoas estão cansadas de remar contra a maré. O poder combate quem
queira desenvolver projectos sociais, a privatização tornou-se uma
obsessão da direita partidária, e quanto aos socialistas, é muita
conversa e pouca obra, só apoiam os projectos dos seus amigos de
partido.
E assim vai o Alentejo... e
o mundo.