Pelos elementos que fomos recolhendo aqui e ali, podemos
inferir que há tantos Alentejanos no Alentejo como espalhados pelo resto
do mundo. Sabemos também que, estejam onde estiverem, fora do Alentejo,
os Alentejanos, com as inevitáveis (infelizmente já começam a ser
muitas) e, nestes casos, sempre desagradáveis excepções, são acérrimos
defensores do seu património histórico-cultural.
Por isso, iremos procurar manter uma luta contra certa sociedade, de um
modo geral, doente e insensível, que tudo arrasa em prol de um
mercantilismo anti-planeta, estúpido e embrutecedor, uma sociedade em
que os seus mandantes, a troco de tudo e de nada, produzem discursos,
por um lado, aparentando satisfação pelo aumento do tempo da esperança
de vida, por outro, culpabilizando, com mais ou menos camuflagem, o
excesso de velhos, de imensas coisas, esquecendo-se de que esses velhos
produziram e lutaram muito mais do que a esmagadora maioria deles alguma
vez produzirá ou lutará, por um futuro livre e digno para todos,
esquecendo-se até, pela tal insensibilidade, que para os mais novos que
eles, apenas meia dúzia de anos volvidos, eles próprios são velhos.
Contra esta sociedade sem memória, ou que pelo menos a procura, sem
qualquer tipo de escrúpulo, branquear segundo as suas conveniências do
momento, não só por isso, mas também pelo muito mais do mesmo que
poderíamos aduzir, e cumprindo sempre o estatuto editorial, estaremos cá
e lá, procurando ser uma ponte.
Esta segunda série do Almanaque Alentejano (A. A.), tem sido uma
agradável surpresa. A sua, quase poderemos dizer, passagem de mão em
mão, tem provocado, como reflexo, a possibilidade de recolhermos um
conjunto de opiniões bastante satisfatórias. É evidente que o futuro do
A. A. depende de todos os Alentejanos e amigos do Alentejo (os que
escrevem, os que nele anunciam, os que o compram e os que divulgam). Com
eles e pelo Alentejo seremos, de facto, uma ponte sólida e séria.
Luís Jordão |