Virado a sul
descuro de asas rotas
a angústia das gaivotas.
vou por aí.
e lá chegando:
ó pezinhos de coentrada comidos em
estremoz
ó sopa da panela festejada no chaparral
ó perninhas de rã no afoguear do couço
ó caldeirada de bacalhau às portas do
cabeção
ó ensopado de borrego nas escapadelas da
vidigueira
ó cachafrito de coelho nos derrames de
marvão
ó sopa de cação amoirada em beja
ó migas carvoeiras
ó arroz de lingueirão
ó chouriço de barrancos
ó queijo de ovelha de partir os dentes
ó muges grelhados à beira guadiana
ó tordos fritos em tasco de monforte
ó azeitonas amurradas nas sedes de
arronches
ó buchos de porco
ó sopas de miúdos no quente da matança
ó mioleiras à moda da beirã
ó túbaros.
virado a sul
por onde eu vou
levo mais olhos que barriga.
não devias ter dito – david –
que era ao sul.
o sul
é o caminho das experiências.
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