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Aqui... aqui na Planície Dourada,
onde a voz do vento soa mais alto, em harmonia com os tons da terra,
conferindo-lhe sonoridades de beleza infinita:
"Ali... ouvi mil vezes
ouvi... lindas modas imortais."
Os homens da "terra do cante"
foram moldados pela planície que lhes deu carácter, verticalidade ímpar,
única, e um saber musical que se perde nos primórdios do tempo, numa
simbiose de várias culturas cruzadas entre os povos do Sul.
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Provavelmente, um pouco influenciados
pelo Deus Endovélico, que terá inspirado a própria
Natureza e a terra sagrada do pão.
Segundo a lenda do povo aborígene:
"Terra que não é
cantada é terra morta!
Se o cante for
esquecido, a terra acaba por morrer!"
Consciente desta realidade, o Homem tem
necessidade de transmitir o seu legado cultural. À luz dos conhecimentos
de hoje, sabe-se que o instrumento mais nobre, é sem dúvida a voz.
Quando interpretada com emoção e
sentimento, esta é melodicamente perfeita, tomando-se mais bela e
envolvente como só o alentejano sabe fazer.
No universo de "cantadores" surgiram
diversas associações que através dos seus grupos corais, de homens,
mulheres e crianças, assim como grupos instrumentais, "cante ao baldão"
e "viola campaniça" grupos de cante religioso, divulgam e promovem o
cante tradicional com grande dignidade.
Contudo é necessário uma maior
consciencialização regional e nacional, de forma a que o cante possa ser
reconhecido como património da humanidade.
À semelhança do que fez a Câmara
Municipal de Moura, em reconhecimento do cante como Património
Regional, todas as Câmaras, Regiões de Turismo e Casa do Alentejo em
Lisboa, deveriam seguir o exemplo para que então possa ser criado entre
outras coisas o Museu do Cante Alentejano, assim como a "Rota
do Cante", associada à Etnografia e Gastronomia, mostrando os
valores sócio culturais da história de um povo, perpetuando-o no tempo e
consequentemente criar protocolos com o Ministério da Educação para a
implementação de actividades na escolas onde o cante seja divulgado e
ensinado a nível regional.
Sabe-se que a Musicoterapia é uma
valência de grande utilidade para doentes em recuperação. Neste
contexto, o Cante Alentejano tem também um papel preponderante neste
campo. Para que estes meios sejam utilizados, torna-se necessário que
hajam acordos com instituições de saúde, nomeadamente Hospitais,
Clínicas, Misericórdias, Lares de Idosos...
Tratando-se de uma património valioso e
único, elemento primordial da memória colectiva, é imperioso, dá-lo a
conhecer às pessoas e ao Mundo. |