A EPA possuiu vários arrastões de arrasto pela popa, que aqui indicamos
por ordem cronológica de aquisição: o Santa Isabel e o Santa Cristina,
que eram gémeos; o Santa Mafalda; o novo Santa Isabel, que veio
substituir o anteriormente naufragado nos mares da Terra Nova; e, por
último, o São Rafael, que será objecto de crónica especial, assim como
os polivalentes.
Os cinco navios de arrasto pela popa tinham outras condições de
trabalho, quer a nível humano, quer tecnológico. Inicialmente estavam
dotados com a capacidade de salga imediatamente após o pescado;
posteriormente, foram equipados com câmaras frigoríficas de
ultra-congelação, que permitiam trazer o pescado para posterior
tratamento após descarregamento na empresa.
Os polivalentes eram embarcações que deveriam poder desempenhar funções
em vários pesqueiros, mas que, na realidade, nunca conseguiram os
objectivos pretendidos. Mas deles falaremos a seu devido tempo.
Santa Isabel e Santa Cristina
Santa Isabel e Santa Cristina foram em 1965 as produções 70 e 71 dos
Estaleiros de São Jacinto. Tinham as seguintes dimensões: 80,3 metros de
comprimento, 12,5 metros de boca, duas máquinas principais da marca
Werkspoor com 1350 HP, 2 geradores acoplados às duas máquinas anteriores
e dois geradores do Guincho com a potência de 250 KW, passo do hélice
reversível com linha de veios KaMeWa.
Com o naufrágio do Santa Isabel, só o Santa Cristina foi sujeito a
transformação pela própria EPA. Manteve as M.P. (máquinas principais),
mas levou 2 Alternadores Macfarlene, acoplados a motores Diesel
Caterpilar. Foi transformado em navio congelador e levou um arranjo
total na praça de tratamento de peixe.
Santa
Mafalda
Na intenção de substituir o Santa Mafalda clássico, naufragado em São
Julião da Barra, mesmo à saída do Tejo, no dia
23 de
Janeiro de 1966,
a EPA mandou executar na Lisnave (Rocha), o novo Santa Mafalda, ainda em
actividade em 2015, com os projectos iniciais dos ESJ. A sua construção
prolongou-se por cerca de três anos, de 1967 a 1969, num período em que
me encontrava em serviço militar em Angola. Tinha as seguintes
características: um guincho de pesca para 250 KW, cuja amperagem nominal
podia variar entre 1090 e 1700 Amperes, consoante o estado do mar e a
profundidade de arrasto. Os grupos electrogéneos bem como os 3
alternadores de 200 KW eram da marca Hansa, fabricados na Alemanha.
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Navio de pesca Santa Mafalda. Imagem extraída da Net que omite a
data e o nome do fotógrafo. |
Numa posterior transformação, o Sr. Eng.º Hernâni Salgueiro foi à
Alemanha com o Chefe Camoesas comprar duas Máquinas Principais da marca
MAN. Foram montados também dois alternadores Macfarlene com motores
Caterpilar e o novo quadro, construído na EPA, com aprovação LLoyd’s,
foi equipado com um sistema sofisticado da LK-Nes, que permitia a
distribuição de carga automática, quando em paralelo. Entretanto o navio
foi para os ESJ acabar a transformação.
Santa
Isabel (novo)
Na intenção de substituir o Santa Isabel, naufragado na Terra Nova,
mandou a EPA fazer nos ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo), em
1972, o novo Santa Isabel, construção nº 91, o maior navio da EPA e o
mais potente, cujo consumo de gasóleo era exagerado, como se queixava o
Sr. Capitão José Rocha, comandante deste navio.
Tinha 84,8 metros de comprimento, 14 de boca, 8,9 de pontal e um calado
de 5,9 metros. Possuía duas MP (Máquinas Principais) de 1800 HP e
atingia a velocidade de 14 nós, com uma tonelagem de 2140 Kg. Tinha a
bordo um excelente Guincho com comando da Glaser Von Praun.
Em 1979, foi novamente nos ENVC transformado em navio fábrica,
totalmente congelador, com um grupo Alternador de 500KW. No convés foi
montado mais um guincho para a pesca com rede pelágica. Tinha um motor
de corrente alterna, comandado por um Inverter, que era então uma
novidade, montado pela francesa Brissonaux, mas que, no fundo, era um
projecto confidencial da japonesa Yamaha. O armário de comando,
instalado no convés, ardeu totalmente ao fim de apenas 17 horas de
trabalho!
Este navio
foi posteriormente vendido a uma empresa espanhola e, mais tarde,
readquirido pelo seu antigo proprietário, mantendo-se ainda em
actividade em 2015. |