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Arrastão «Rio
Cértima». |
Só muito tarde a sede da EPA foi para o concelho de Ílhavo. Se as
instalações industriais eram na Gafanha da Nazaré, os escritórios eram
mesmo no centro da cidade de Aveiro, ao lado do Banco Regional, mais
tarde Banco Fonsecas & Burnay. Depois, foi deslocada para a estrada da
Barra, nº 9, à saída de Aveiro, para um edifício construído de raiz, da
autoria do arquitecto Cravo. Tinha no entanto algumas delegações pelo
País.
1. Para já, em Vila Real de Santo António, ligada às conservas e ao
atum, com interesses – julgo eu – na Cofaco. Lembro-me de ter ido de
comboio ao Algarve, devido a uma reparação num navio. Os Atuneiros
pescavam lá e nos Açores e descarregavam em Vila Real de Santo António.
Para recolha de informações, liguei para a Cofaco, em Lisboa, mas já
ninguém sabe de nada. Disseram-me que deixaram o Algarve há mais de
vinte anos.
2. Em Setúbal, nas fábricas de conservas Viegas & Lopes.
3. Em Lisboa, tínhamos os escritórios do Pestana dos Santos. Aí me reuni
várias vezes com o Sr. Capitão São Marcos, ali em Santos, ao Cais do
Sodré, para resolver avarias no “Santa Joana” e no “Santa Cristina”,
ancorados no Poço do Bispo, ou no “Santa Mafalda”. Com a construção da
doca na Naval Ria, deixámos de ter delegação em Lisboa.
4. Em Matosinhos. Era aqui que o sr. Rio, nosso gerente, nos tratava das
traineiras e arrastões do alto. A traineira da foto, a Melinde, foi
construída na década de1950 por António G. Martins & Filhos, no Porto.
Eis as suas principais características: 23 metros de comprimento, motor
diesel de 160 BHP, rede de cerco para a sardinha, guincho,
alador
e retenida. Este conjunto (guincho, alador e retenida) apenas é
necessário para as redes de cerco. A extremidade do cabo é preso à
retenida da rede, parte anterior que abre o saco que efectua a captura
do peixe, e o alador, espécie de roldana fixa na amurada da embarcação,
orienta a subida do cabo puxado pelo guincho para o convés.
Além da Melinde, teve a EPA as seguintes traineiras: “Lívio”,
“Jeremias”, “Albino”, “Alfredo”, e “Augusto”. Na EPA, só me lembro da
“Lívio”.
A EPA teve quatro arrastões do alto: “Rio Caima”, “Rio Marnel”, “Rio
Cértima” e “Rio Cáster”, todos construídos entre 1958-1959, uns nos
Estaleiros de São Jacinto, outros na Figueira da Foz, todos eles em aço,
com máquinas de 440 KW e comprimentos na ordem dos 30 metros e 120
toneladas.
Alguns destes navios operavam também na zona de Marrocos, no Cabo
Branco, indo frequentemente a Agadir e vindo a Aveiro fazer manutenção.
À época, estes navios foram para Matosinhos, pois a Lota de Aveiro
ficava muito longe da Barra, o que era uma despesa elevada em gasóleo.
Há pouca informação sobre estes navios, já que raramente vinham a
Aveiro. Quando estavam na zona, saíam à segunda e entravam à sexta.
Usavam redes de cerco e procuravam peixe de melhor qualidade. |