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Egas Salgueiro e a Empresa de Pesca de Aveiro – As minhas memórias

História da Pesca do Bacalhau

A história da pesca do bacalhau pelos portugueses aparece pela primeira vez referenciada em 1353, quando D. Pedro I e Edward II de Inglaterra estabeleceram um acordo de pesca, para os pescadores de Lisboa e do Porto poderem pescar o bacalhau nas costas da Inglaterra por 50 anos. Isto permite-nos deduzir que já no passado se pescava.

Pelo menos desde o século X que os mercadores escandinavos vinham buscar o sal a Portugal, e aí estabeleceram colónias ou feitorias, como indicam as construções ovais, do tipo viking, em Pedrinhas, perto de Fão.

No século XII, Berengária, filha de D. Sancho I, casa com Valdemar II da Dinamarca, o que novamente indicia fortes laços comerciais com os nórdicos.

No século XV, apesar do fim da colonização da Gronelândia e das viagens entre o continente europeu e a ilha, deduzia-se o conhecimento dos habitats do bacalhau. De tal forma que, nas relações diplomáticas com a coroa dinamarquesa, teve influência o Infante D. Henrique, que obteve um piloto dinamarquês, Sofus Larsen, que veio a Portugal; e, presume-se, terá transmitido aos portugueses conhecimentos náuticos e de pesca.

Temos de esperar por 1506 para encontrarmos outra referência de vulto à pesca do bacalhau, no Atlântico Norte, quando D. Manuel cobra dízimo sobre essa pesca, para financiar a viagem de Corte Real. Mas, antes disso, outras datas se podem apontar.

Por volta de 1452, é registada a presença de John Cabot, que navegava com pescadores e marinheiros de Bristol, que já pescavam nas águas da Terra Nova.

Cerca de 1500, Gaspar Corte Real navega até ao estreito de Davis, no que para alguns representa a descoberta da Terra Nova. Na segunda viagem, é elaborado o planisfério de Alberto Cantino. Logo, os pescadores portugueses têm agora mais condições para procurar melhores pesqueiros.

Em 1504, já havia colónias de pescadores de Viana e de Aveiro na Terra Nova. Estas colónias correspondiam a um tipo de pesca sedentária, onde os barcos encontravam uma base em terra, e, a partir daí, os pescadores saíam em embarcações mais pequenas à pesca do bacalhau com aparelhos de linha. Naturalmente, o amanhar do peixe, seca e salga era feita em terra.

No reinado de D. Manuel I, Aveiro armava maior número de barcos para a pesca longínqua, como viria a ser no século XX. Seriam cerca de 60 naus e terá chegado às 150 embarcações em 1550.

Até ao reinado de D. Sebastião, a actividade aumenta. Após a sua morte e com a ocupação filipina, que requisita os navios para a Invencível Armada, ocorre um declínio total.

Em 1583, Gilbert Raleigh ocupou a Terra Nova, terminando a longa história das colónias de pescadores portugueses na América do Norte. Daí e até ao século XIX, a pesca pelos Portugueses desapareceu.

As invasões napoleónicas, no início do século XIX, contribuíram mais para a dificuldade no reinício da pesca.

Em 1848, havia 19 embarcações na pesca na Terra Nova: 5 escunas; 12 patachos; 1 brigue, 1 barca. Em 1866, a casa “Bensaúde e Cª” e “Mariano e Irmãos” armam 4 veleiros, o “Hortense”, o “Social”, o “Júlia I” e o “Júlia II”. Entretanto, é fundada a “Parceria Geral das Pescas”.

Bacalhau de aço, da autoria do escultor Aureliano Aguiar.

 
 

 

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04-05-2018