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Egas Salgueiro e a Empresa de Pesca de Aveiro – As minhas memórias

Introdução (1)

Meus Amigos

Clicar para ampliar.Dentro de dias começarão a sair as Crónicas da E.P.A, suponho que à razão de uma por semana, conforme um acordo que fiz com o Sr. Director executivo do Diário de Aveiro. Mas entendo dever dar algumas explicações de como tudo isto nasceu. Poderão pensar: que faz ele aqui, ao lado do Dr. Manuel Ferreira Rodrigues, distinto historiador da Universidade de Aveiro? Um homem que ia para a Gafanha de bicicleta e vestia o fato-macaco.

Bem, o Sr. Egas também ia de bicicleta para a Gafanha, mas era mais inteligente que eu, pois tirava os guarda-lamas, para ir mais leve. Sobre o fato-macaco, já tenho saudades. Meus ricos vinte anos… Ora então vamos contar a estória de como apareço com as minhas crónicas. O Dr. Manuel Ferreira Rodrigues está a terminar a biografia do Sr. Egas Salgueiro. Confesso que é preciso ter coragem para o fazer. É muito difícil, pois o Sr. Egas já faleceu quase há 40 anos e muitos dos seus colaboradores também já faleceram. Então pediu ajuda ao Eng.º Gomes da Costa, de quem é amigo, pois viu no curriculum dele a colaboração com a EPA. E o Eng.º Gomes da Costa disse-lhe: «nem pensar, quem sabe disso é o meu amigo Pires Simões, que andou por lá 30 anos.»

O Eng.º Gomes da Costa convidou-me para ir almoçar ao Dóri (que bonito restaurante, tendo ali mesmo a Ria), ofereceu-me um Dóri e fez-me um convite, que eu considerei irrecusável. Mas arranjou-me um problema: o meu neto diz-me que o barco é dele e eu já lhe prometi fazer um, pois a única coisa que não quero dar ao meu neto é este barquinho. Tem para mim um valor simbólico muito grande. Para isso, comecei a fazer um estaleiro, mas “invernou” por causa das crónicas.

Trabalhei afincadamente, durante mais de um mês, para ajudar o Professor; mas com gosto, pois era o revisitar da minha vida profissional. A minha mulher chegou a dizer-me: «mas tu acreditas que alguém se levanta às duas da manhã, para escrever sobre o Sr. Egas Salgueiro?» Ao que eu lhe respondia: «se eu me levantava a essa hora para atender Lisboa Rádio e tentar resolver avarias, nos nossos navios, que estavam em mar aberto…»

Em entrevista que fiz ao meu amigo Vieira, náufrago – ainda vivo – do Santa Isabel, radicado em St. John’s, quando lhe contei, disse-me: «a sua mulher está enganada. Eu e a minha, quando temos insónias, levantamo-nos e jogamos às cartas!»

Quando terminei o meu trabalho, em jeito de despedida, informei o meu “professor”. E ele mandou-me um mail: «Não fuja! Não consigo publicar, nem um décimo do que me enviou. Podia fazer vinte e quatro crónicas e publicar no Diário de Aveiro.»

E eu aceitei o desafio. Mas avisou-me: faça memórias, porque se faz História, vai ter problemas!

Eu já lhe respondi que 80% das minha crónicas vão ser Memórias, mas não fujo à tentação de fazer História. Porque a fazer Memórias, não aprendo nada. Apenas faço “download” do meu “chip”, enquanto a fazer História aprendo!

É que não ganho nada com isto, mas, parafraseando o meu grande amigo Sr. Capitão João São Marcos, que sempre me disse: «João Pires, ninguém dá nada a ninguém, pois até os Católicos que vão à missa e batem com a mão no peito, é para em troca irem para o Céu!»

Até à próxima semana,

João Pires Simões

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(1)
Estas crónicas foram escritas para publicação regular no “Diário de Aveiro". A primeira foi dada a conhecer ao leitor no dia 28 de Fevereiro de 2014.

 

 

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04-05-2018