Edifício da Junta de
Freguesia, construído em 1931 pela Junta Militar.
A cabine eléctrica, à esquerda, é da década de 1950.
A chamada Junta Militar foi nomeada na sequência do pedido
colectivo de demissão da Junta presidida por Manuel Nunes Ramos e tomou
posse na sessão ordinária de 24 de Novembro de 1929.
Era assim a sua composição:
Presidente: António Lopes dos Santos (Sargento-Ajudante)
Vogais: José da Silva Pereira e João Batista Lopes, ambos
primeiros-sargentos.
Todos estes membros da nova Junta eram militares de carreira,
colocados no Regimento de Infantaria nº 19, ao tempo aquartelado em
Aveiro. Transitou seguidamente para Chaves, vindo para Aveiro o
Regimento de Infantaria nº 10.
Esta Junta teve uma acção altamente meritória na promoção do
progresso da freguesia e do bem-estar do seu povo. Vai transcrever-se o
essencial da maior parte das suas actas, que se aconselha que as pessoas
leiam: é um ritmo alucinante de ideias a surgir e a serem imediatamente
postas em prática – qual fonte caudalosa, cujo jorro tudo submerge.
Verdadeiramente esmagador!
Sessão ordinária de 3 de Agosto de 1930:
“Aos três dias do mês de Agosto de mil novecentos e trinta,
na sala das sessões da Junta da freguesia de S. Pedro das Aradas,
concelho de Aveiro, se reuniu à hora regulamentar a Comissão
Administrativa desta Junta, composta dos cidadãos António Lopes dos
Santos, José da Silva Pereira e João Baptista Marques, respectivamente
presidente e vogais. Aberta a sessão pelo cidadão presidente e lida e
aprovada a acta da sessão anterior, foi deliberado: que, tendo sida
concedida autorização por Sua Exa. o Ministro da Agricultura, por seu
despacho de 23 de Julho último e nos termos do Decreto nº 13.663 de 20
de Maio de 1927, para se proceder à venda em hasta pública dos seguintes
terrenos baldios: 1 lote denominado o “Carregueiro” no lugar da Quinta
do Picado; 2 lotes denominados o “Rego das Camas”, no lugar do
Bonsucesso; 1 lote denominado o “Poço dos Adobeiros”, no mesmo lugar e 1
lote no lugar do Outeirinho, junto à casa da sede da junta da freguesia,
venda esta que terá lugar no dia 30 de Agosto, próximo, por 12 horas, na
sede desta Junta, seja afixado nos lugares desta freguesia e nos locais
mais públicos, o seguinte edital: “Edital António Lopes dos Santos,
sargento-ajudante de infantaria e presidente da Comissão Administrativa
da Junta de S. Pedro das Aradas: Faz público que no dia 30 de Agosto
próximo futuro por 12 horas, na sede da Junta da freguesia de S. Pedro
das Aradas, no Outeirinho, se há-de proceder à venda em hasta pública,
autorizada por sua Exa. o Ministro da Agricultura por seu despacho de 23
do corrente e nos termos do Decreto nº 13.663, de 20 de Maio de 1927,
dos seguintes terrenos baldios: 1 lote denominado o “Carregueiro”, no
lugar da Quinta do Picado, 2 lotes denominados o “Rego das Camas”, no
lugar do Bonsucesso, 1 lote denominado o “Poço dos Adobeiros”, no mesmo
lugar, 1 lote no lugar do Outeirinho, junto à casa da sede da junta da
freguesia. Para constar se passou este e outros de igual teor que vão
ser afixados nos lugares mais públicos da freguesia. São Pedro das
Aradas e Sala das Sessões da Junta de freguesia (Outerinho), aos 31 de
Julho de 1930. O Presidente da Comissão Administrativa (a) António Lopes
dos Santos”.
E bem assim se torne público o conteúdo do referido edital
nos jornais “O Democrata”, “O Povo de Aveiro” e o “Debate” que se
publicam na cidade de Aveiro.
E não havendo mais nada a tratar se encerrou a sessão e se
lavrou a presente acta, escrita por mim Manuel de Matos Ferreira,
secretário, depois de lida por mim em voz alta e assinada por todos os
membros, tendo comparecido também à sessão o cidadão regedor, António
Simões Sarrico, que igualmente assina”.
Sessão ordinária de 7 de Setembro de 1930:
“... Aberta a sessão pelo cidadão presidente e lida e
aprovada a acta da sessão anterior, foi deliberado: aprovar a seguinte
proposta, apresentada pelo cidadão presidente, por unanimidade:
“Considerando que esta Comissão Administrativa já possue em depósito uma
elevada quantia, proveniente da venda dos baldios, sendo: 25.000$00
(vinte e cinco mil escudos) da venda do lote da parte sul do “Rego das
Camas” a Casimiro Ascenso; 15.000$00 (quinze mil escudos) do lote
central, do mesmo “Rego das Camas”, vendido a João Maria Simões de
Oliveira, e 2.250$00 (dois mil duzentos e cinquenta escudos) do baldio
“Poço dos Adobeiros”, vendido a Manuel Simões da Rocha, propunha, o que
foi aprovado por unanimidade, que se desse começo desde já aos
melhoramentos de que mais carece a freguesia, e que são: construção dum
lavadouro público, coberto, no lugar do Bonsucesso, construção duma
Escola, no mesmo lugar e colocação dum relógio oficial na torre da
Igreja da freguesia; atendendo a que, a construção do novo cemitério, se
pode dar por concluída;
Que da obra do novo lavadouro, seja encarregado da sua
direcção e fiscalização o vogal substituto, Manuel Capela Ramos; Que
desde já se oficie à Câmara Municipal de Aveiro, para permitir que sejam
abatidos os álamos que circundam o “Rego das Camas” e que sejam vendidos
em hasta pública, debaixo da fiscalização desta Junta, revertendo o seu
produto a favor da dita obra;
Ao Exmo. Sr. Inspector Chefe da Região Escolar do distrito
de Aveiro, rogando-lhe se digne obter da repartição competente do
Ministério da Instrução Pública, o envio duma planta para a construção
da referida Escola;
Ao Exmo. Sr. Comandante da Polícia se Segurança Pública do
distrito de Aveiro, rogando-lhe se digne mandar intimar o cidadão João
Nunes Coelho, do lugar do Bonsucesso, a fim de o obrigar a cumprir um
compromisso que tomara para com esta Junta;
Seguidamente, foram autorizados os seguintes pagamentos: a
António dos Santos Marabuto, mestre da obra de construção do novo
cemitério, 1.931$50 (mil novecentos e trinta e um escudos e cinquenta
centavos) para pagamento dos jornais e materiais, referidos às semanas
findas 23 de Agosto, findo e 6 de Setembro, corrente; 54$60 (cinquenta e
quatro escudos e sessenta centavos a João Vieira da Cunha, de Aveiro,
para pagamento de diverso expediente de papelaria, que forneceu; 30$00
(trinta escudos) à ”Tipografia Lusitânia” de Aveiro, de impressos
fornecidos em Agosto; 155$00 (cento e cinquenta e cinco escudos) às
redacções dos jornais: “Debate”, “Democrata” e “Povo de Aveiro” para
pagamento da publicação do anúncio do “Edital” referente à venda em
hasta pública dos baldios; 36$00 (trinta e seis escudos) a Aristides
Simões da Rocha, para pagamento de três dias de trabalho que prestou à
Junta na semana finda e 66$50 (sessenta e seis escudos e cinquenta
centavos) a João das Neves, de Verdemilho, de transportes e vidraça que
forneceu;
Por proposta do vogal substituto em exercício, Manuel Capela
Ramos, foi deliberado mandar intimar o proprietário e inquilino dos
terrenos que confinam com a viela da Quinta, a no prazo de 10 dias, a
contar da intimação mandarem expropriar o terreno necessário, a fim de
pela dita viela poderem passar livremente, os carros, com carradas
volumosas;
No final da sessão foram apresentados os seguintes
requerimentos verbais: Francisco Fernandes Costela, do lugar da Quinta
do Picado, pedindo para lhe ser vendido o baldio que a Junta possui no
Coimbrão, e que tem aproximadamente 495 m2, a fim de ali poder construir
uma casa; Luiz Filipe, do lugar de Aradas, pedindo para lhe ser vendido,
por força de alinhamento, o baldio que a Junta possui no lugar da
Cabreira e que tem aproximadamente 1700 m2. Foi resolvido publicar
Editais sobre estas vendas, os quais serão mandados afixar nos lugares
do costume, resolvendo-se mais proceder à venda em hasta pública dos
ditos baldios, na sessão a realizar em 21 do corrente.”
Nesta sessão compareceu também o cidadão regedor, António
Simões Sarrico.
É evidente, pelas duas actas transcritas, que esta Junta
entrou logo em grande actividade. Extremamente importante foi também a
sessão extraordinária de 14 de Setembro de 1930, de cuja acta se
transcreve só o essencial, que mesmo assim é muito longo:
“… O cidadão presidente, tomando a palavra, deu conhecimento
de que convocara esta sessão extraordinária a fim de dar conhecimento
dum requerimento que lhe fora entregue e que se encontra assinado por
cento e vinte e oito moradores do lugar de Quinta do Picado, desta
freguesia, cujo conteúdo diz o seguinte: - “Exma. Comissão
Administrativa da Junta de freguesia de S. Pedro das Aradas: Os abaixo
assinados, naturais e residentes no lugar da Quinta do Picado, vêm
solicitar de V.Exas., com todo o respeito, que a Comissão Administrativa
que dignamente representam lhes dê de aforamento, o baldio do “Carregueiro”,
sito no mesmo lugar e que há muitos anos se conserva inculto,
comprometendo-se a satisfazer à Junta a importância de foro que lhes for
arbitrada, conforme for justo. Esperando que se dignem atendê-los, pedem
deferimento. Quinta do Picado, treze de Setembro de mil novecentos e
trinta.
Seguem-se cento e vinte e oito assinaturas, que foram
contadas e verificadas por todos os membros da Junta, que recebera
também um requerimento, do teor seguinte: “Exma. Sra. Comissão
Administrativa da Junta de Freguesia de S. Pedro das Aradas. António
Ferreira Filipe, natural e residente no lugar da Quinta do Picado, desta
freguesia, vem solicitar de V. Exa. com todo o respeito, que a Comissão
Administrativa que dignamente representam lhe dê de aforamento a leira
também conhecida pelo Vale do “Carregueiro” sito no mesmo lugar e que
desde sempre se tem conservado inculto, comprometendo-se a satisfazer à
Junta a importância de foro que lhe for arbitrada conforme for justo.
Esperando que se digne atendê-lo. Pede deferimento. Quinta do Picado, 12
de Setembro de 1930 (a) António Ferreira Filipe.
Que, atendendo a que há longos anos se debate a questão do “Carregueiro”,
sem que as Juntas de então, o pudessem resolver convenientemente,
regozija-se com o procedimento dos actuais moradores do lugar da Quinta
do Picado, que olhando melhor as coisas e interpretando-as devidamente,
vêm assim ao encontro dos desejos desta Junta de freguesia, que
precisamente deseja ver que o baldio do “Carregueiro” produza alguma
coisa de útil não só a favor da freguesia propriamente dita, como também
a favor dos moradores do referido lugar; pois no actual momento em que
todas as regiões procuram fazer produzir o máximo do solo em que
habitam, não é justo nem lógico que uma tão importante faixa de terreno
se encontre inculta e abandonada há tantos anos, com prejuízo de todos,
apesar dos esforços constantes das diversas Juntas em resolverem este
momentoso assunto, como se encontra exarado nas actas de há vinte anos a
esta parte, mormente do que a esse respeito consta da acta de vinte e
sete de Fevereiro de mil novecentos e vinte e um sem que nada pudessem
resolver em definitivo.
Que, atendendo a que o dito baldio, tendo sido posto em
hasta pública no dia trinta de Agosto de mil novecentos e trinta, não
apareceu qualquer comprador e que tendo solicitado dos Exmos. Senhores
José Maria Resende Bastos, Manuel Gonçalves Maio e Duarte Lebre, na
qualidade de pessoas de maior respeitabilidade do lugar da Quinta do
Picado, a manifestarem a sua opinião sobre o aproveitamento do citado
baldio, cuja resposta consta do arquivo desta Junta e com a qual se
conformou, propôs, o que foi resolvido por unanimidade, que esta
Comissão Administrativa tome as seguintes deliberações: que se dê de
aforamento pela quantia de quatrocentos e quinze escudos anuais (415$00)
uma parte da baixa do “Carregueiro”, e que tem a superfície de cinco mil
novecentos e setenta metros (5.970) quadrados, devidamente demarcada, a
António Ferreira Filipe, casado, proprietário e morador no lugar da
Quinta do Picado; que igualmente se dê de aforamento aos indivíduos
abaixo mencionados, todos moradores no lugar da Quinta do Picado, a
restante parte do baldio, para seu logradouro, pela quantia de três
escudos e cinquenta e quatro centavos pagos anualmente, por cada um e
bem assim que seja nomeada uma comissão administrativa composta pelos
cidadãos que concorreram para o aforamento do mesmo baldio, a fim de
fiscalizarem o cumprimento desta determinação.
Que os foreiros da parte superior do baldio sejam obrigados a
dar duas servidões para a parte baixa que aforou a António Ferreira
Filipe.
Que se publique e se registe nesta acta os nomes dos cento e
vinte e oito foreiros, que são os seguintes: Joaquim dos Santos; Ana
Catarina; Henrique Nunes Rafeiro; Conceição Nova Filipe; Maria Vaz
Clara; Manuel João Branco; Manuel Nunes Génio; José Nunes Rafeiro;
Alípio Nunes Rafeiro; Maria da Cruz Maia; Alexandrina da Cruz Maio;
Francisco Ferreira Filipe; Manuel Simões Ratola; Gabriel Domingues Rolo;
Francisco Duarte Ferreira; Regina Tavares de Almeida Lebre; Manuel Maria
Ferreira Novo; Manuel Rodrigues de Paiva (o Sereno); Eduardo da
Silveira; António da Cruz Pericão; João da Silveira; Alcina de Jesus
Génio; Manuel Ferreira Remígio; Rosa Clara Lopes; Lucília de Jesus
Paiva; António Marques Novo; José dos Santos Azevedo; José Lopes da
Rocha; José Gonçalves Madaíl; Manuel Ferreira Novo; António Ferreira
Filipe; Claudino Simões Maio; Adelino Francisco Vaz; Adriano Francisco
Vaz; Maria Clara; Rosa Marques Cardoso Filipe; Manuel dos Santos Pego;
Conceição dos Santos Balseira; Bernardino Luiz Carapichoso; José Duarte
Ferreira; Piedade Branca; Marília Branca; Maria de Jesus da Silva;
Manuel dos Santos Branco; José Felício; José dos Santos Branco; Abílio
Ramos; Manuel Nunes Rafeiro; José Nunes Vizinho; Conceição Florinda;
Rosa de Jesus Sineira; Manuel Luiz Génio; Manuel dos Santos Marabuto (o
Branquinho); David Gonçalves Victoria; Manuel Simões Bértolo; Manuel
Simões Maio Junior; José Marques Novo; José António de Oliveira;
Francisco João Branco; Maria de Jesus da Silva Balseiro; Conceição dos
Santos Neves; José Nunes de Azevedo; Adelino Alves; Conceição de Jesus
da Silva; João da Cruz da Maia Melão; Duarte Tavares Lebre; António
Francisco Vaz; Conceição Clara; Maria Baptista; Carlos Tavares Lebre;
António Alves; Manuel Maria Nunes Ferrão; Jaime Ferreira Balcão; Regina
Ferreira Ramos; Armando Marques Vidal; Abílio Tavares Justiça; Manuel
Nunes Torrão; Victorino Felício; Maria de Jesus Maia; João da Silva
Valente; António Neto; Firminio Emílio; José dos Santos Branco (Oleiro);
Isolinda de Jesus Ferreira; José Luiz da Costa; Casimiro Alves; Maria
Joana Maia; Manuel Balseiro Novo; Miquelina Génia; Maria Génia; Manuel
Nunes Rafeiro Pego; Rosa de Jesus da Silva; Guilherme Simões da Rocha;
Manuel Ferreira; Raul Fernandes; Manuel da Cruz Maia Melão; João
Ferreira Filipe; José Simões Ferreira; Manuel Ferreira Balcão; Francisco
Balseiro; Rosa da Rocha; Manuel Marque Lopes; Rosa Ferreira; Ana Rosa
Bernardina; Maria de Jesus Coelho; Manuel Simões da Rocha; Albino
Rodrigues Marques; Manuel Gonçalves Maia; Preciosa da Conceição Valente;
Júlia Ferreira Valente; José Paiva Neves; Maria de Jesus Bertola;
Conceição Marques; Maria Bertola Marques; Ana Rosa Marques; Maria de
Jesus Costa; João Simões Maio; Manuel Gonçalves Cecílio; Maria Marques
Lopes; Joana de Jesus Grila; Manuel dos Santos Valente; Conceição
Ferreira Ramos; Guilhermina Sarrica; Gaspar de Sousa Lima; Sebastião
Marabuto; Rosa de Jesus Grila; Luiz do Casal e Joana de Jesus”.
Sessão ordinária de 21 de Setembro de 1930:
Foram chamados os vogais suplentes Manuel Capela Ramos e
António dos Santos Furão, e a sessão foi presidida pelo vogal efectivo
João Baptista Marques, em substituição do presidente, que, tal como o
outro vogal efectivo, esteve ausente em serviço militar.
De relevante na sessão foi ter-se tomado conhecimento de que
a Câmara Municipal de Aveiro autorizara a Junta a vender em hasta
pública, tal como tinha pedido, os álamos do baldio do Rego das Camas.
Sessão ordinária de 5 de Outubro de 1930:
Nesta sessão a Junta, além de manter a sua extraordinária
actividade, continua a mostrar grande visão estratégica. A acta não se
reproduz na totalidade porque é muito longa.
Foi aprovada, por unanimidade, uma gratificação especial de
duzentos escudos ao secretário, Manuel de Matos Ferreira, pelos serviços
extraordinários que vinha prestando à Junta desde há cerca de um ano,
cobrando foros, identificando as propriedades que lhe pertencem, fazendo
o recenseamento da população escolar e da população em geral e demais
expediente, “em que tem demonstrado grandes qualidades de trabalho, o
que esta Comissão Administrativa regista com grande apreço”.
Foi concedida, excepcionalmente, uma esmola de vinte e cinco
escudos a um cidadão do Lugar de Senhorinha, em Sever do Vouga,
acidentalmente aqui na freguesia, para que pudesse voltar para casa.
Mandou-se pagar diversas despesas, apreciaram-se pedidos de
venda de parcelas de baldios, não se realizaram algumas vendas aprazadas
por não terem aparecido interessados para a hasta pública, etc., etc.
Mas, a grande importância desta sessão, pelo seu reflexo no
futuro, foi a proposta seguinte:
“Pelo presidente foi apresentada a seguinte proposta, que
igualmente foi aprovada por todos os membros: Possui esta freguesia uma
casa onde se acha instalada a sua sede, no lugar do Outeirinho. Esta
casa, ocupa uma área de 150 m2, tem 7 divisões, com cozinha, sendo por
isso própria para habitação. Acham-se ainda por concluir algumas
divisões e necessita de urgentes reparações que segundo os cálculos se
elevam a milhares de escudos; não dispõe esta Comissão Administrativa
dos fundos precisos para mandar proceder a essas obras e acresce a
circunstância de só se utilizar de uma sala onde está instalada a sua
secretaria e realiza as suas sessões, sala que, sendo a maior da casa, é
de acanhadas dimensões para o fim a que se destina.
Dispõe esta Junta de um terreno baldio a 80 metros da actual
sede, onde pode mandar construir um edifício próprio, se Sua Exa. o
Ministro do Interior lhe concedesse a necessária autorização para vender
em hasta pública aquele prédio e com o seu produto proceder à nova
construção.
A solução deste assunto torna-se urgente para evitar que a
casa se danifique mais com a aproximação do Inverno e dar tempo à nova
construção.
Era um bom acto de administração que esta Junta praticava,
caso realizasse este projecto, porquanto e segundo cálculos de pessoas
avalizadas, chamadas a emitir a sua opinião, a actual sede da Junta
vendida conjuntamente, com o terreno anexo, cuja venda foi já autorizada
por Sua Exa. o Ministro da Agricultura, por despacho de 23/7/930, deve
produzir aproximadamente 34 a 40 mil escudos; em seguida à venda
proceder-se-ia à construção duma nova sede no terreno que esta Junta
possui, conforme acima se indica.
Com esta construção, em que se empregariam também os
materiais que a Junta possui, e que ficaram da construção do novo
cemitério, segundo orçamentos apresentados, gastar-se-ia a importância
de catorze mil escudos (14.000$00) ficando ainda a favor desta, Junta um
saldo de vinte mil escudos (20.000$00) quantia suficiente para se
proceder à construção dum edifício escolar no lugar de Arada, que pelo
aumento da sua população escolar, muita necessidade tem deste
melhoramento, pois actualmente encontram-se instaladas as escolas
daquele lugar em casas de aluguer que não reúnem as necessárias
condições.
Desta maneira e em aditamento ao que já foi representado a
Sua Exa. o Governador Civil do distrito, em ofícios nº 66 de 1/8/930 e
nº 83 de 17/9/930, fica o presidente com plenos poderes de se avistar
com Sua Exa. e em nome desta Comissão Administrativa, rogar-lhe com todo
o empenho, se digne interceder junto de Sua Exa. o Ministro do Interior,
a fim de ser autorizada esta Junta, a alienar em hasta pública a actual
sede de freguesia de S. Pedro das Aradas e com o seu produto construir
um edifício próprio no mesmo local e uma escola no lugar de Arada”.
Sessão ordinária de 19 de Outubro de 1930:
Voltam a ser transcritas só as partes importantes da acta,
deixando de lado tudo o que se refere à administração corrente.
Significativa é a citação feita a João Maria Simões de Oliveira. No
futuro, ele próprio será vogal e depois presidente da Junta – tomando
nessa qualidade atitudes duma frontalidade notável, na defesa dos
interesses da freguesia na questão da electricidade.
“…foi deliberado: aprovar por unanimidade a seguinte proposta
apresentada pelo cidadão presidente: “Tendo reconhecido posteriormente à
venda do baldio do Rego das Camas, que o terreno que esta Junta possui
no mesmo local e que destinou à construção da fonte, bebedouro e
lavadouro público, é impróprio para tal fim, não só por ficar contíguo
ao terreno destinado à Escola, como também por se tornar muito
dispendiosa a canalização de água para o novo local e ainda por o
terreno destinado ao coradouro da roupa, ser muito pantanoso; intercedi
junto do cidadão João Maria Simões de Oliveira, comprador do lote
central do mesmo baldio, para que cedesse a esta Junta o terreno
indispensável no referido lote, para ali se poder construir a dita obra,
e bem assim o terreno necessário para o coradouro das lavadeiras, uma
vez que destina o lote de terreno que comprou à cultura, compensando-o
esta Junta com o terreno da parte Norte, que se havia destinado para as
obras já mencionadas.
Com satisfação tem o prazer de comunicar à Junta, que
encontrou da parte do cidadão João Maria Simões de Oliveira, a melhor
boa vontade em aceder aos desejos desta Comissão Administrativa, o que
muito beneficia a Junta, pois se evita o dispêndio de alguns milhares de
escudos, estabelecendo somente a condição de se lhe permitir que seja o
primeiro a utilizar as águas sobrantes do tanque do lavadouro público.
Assim, convidou o citado cidadão a comparecer nesta sessão a
fim de publicamente declarar a cedência que faz a esta Junta e que
aceita como troca, o terreno de que a Junta lhe faz cedência, como acima
ficou declarado. Em seguida foi o referido cidadão convidado a assinar
esta acta. E tendo o mesmo anuído a todas as solicitações desta Comissão
Administrativa, contribuindo assim com a sua quota parte para os
melhoramentos a realizar nesta freguesia, se registe nesta acta um voto
de louvor ao cidadão João Maria Simões de Oliveira, desta freguesia,
pelo auxílio que acaba de prestar;
Que se abra concurso por espaço de 20 dias, para a
construção duma casa de autópsias no novo cemitério;
Que igualmente se abra concurso por igual tempo, entre as
casas fornecedoras de relógios de torre, para o fornecimento dum relógio
a fim de ser colocado na torre da Igreja desta freguesia;
Que tendo a venda em hasta pública dos álamos existentes no
baldio do Rego das Camas produzido a importância de quatrocentos e treze
escudos (413$00) a referida quantia dê entrada na tesouraria desta
Junta…”.
Mais decisões estruturantes são tomadas na sessão ordinária
de 2 de Novembro de 1930, de cuja acta se transcreve o essencial:
“…foi deliberado: Aprovar o caderno de encargos, referente à
construção dum edifício escolar no lugar do Bonsucesso e mandar publicar
os respectivos editais, que serão afixados nos lugares do costume,
anunciando o concurso de adjudicação da referida obra, por espaço de 20
dias e recebendo-se as propostas na sede desta Junta até ao dia 23 do
corrente, por 12 horas, data em que serão abertas; que o citado “Edital”
seja também publicado nos jornais “O Democrata” e “O Debate” da cidade
de Aveiro.
(…) Não tendo o foreiro Sebastião Ferreira Leite e filhos, do
lugar de Arada, desta freguesia, satisfeito a esta Junta a quantia de
trezentos e trinta escudos (330$00) em débito de 1925 a 1929 inclusive,
do foro da sua propriedade denominada a “Quinta”, sita no Cais da Pedra,
em Arada, apesar de vários avisos que lhe têm sido dirigidos nesse
sentido e de ter sido avisado pessoalmente pelos membros desta Junta,
perante os quais se comprometeu a pagar o referido foro, compromisso
este a que faltou, apesar de terem decorrido já dez meses, demonstrando
assim uma grande falta de carácter, além do prejuízo que causa a esta
Junta com o seu incorrecto procedimento, não lhe servindo de exemplo o
acto praticado por todos os demais foreiros desta Junta, que logo se
apressaram a satisfazer os seus débitos quando para tal fim receberam os
competentes avisos; se execute judicialmente o citado foreiro, Sebastião
Ferreira Leite e filhos, do lugar de Arada, desta freguesia,
compelindo-o a pagar a esta Junta a quantia de 330$00, em débito até
1929, inclusive, ficando o presidente com plenos poderes para intentar o
competente pleito e escolhendo para advogado desta causa, o exmo. Senhor
Doutor André dos Reis, da comarca de Aveiro.
Tomar conhecimento da receita de vinte e quatro escudos e
oitenta e sete centavos (24$87) de juro do dinheiro depositado na Caixa
Geral de Depósitos, referente a 30 de Junho do corrente ano;
Que em cumprimento do determinado na acta da sessão
extraordinária desta Junta, de 14 de Setembro, do corrente ano, os
foreiros do baldio do “Carregueiro” mencionados na referida acta,
elegeram já a Comissão Administrativa que há-de fiscalizar o usufruto do
referido baldio, a qual ficou constituída pelos seguintes foreiros:
Armando Marques Vidal; Manuel João Branco; Bernardino Luiz Carapichoso e
António Ferreira Filipe; todos residentes no lugar da Quinta do Picado,
o que se regista para os devidos efeitos, publicando-se também um
“Edital” donde constem os citados nomes, o qual será afixado no lugar
mais central da Quinta do Picado.
(…) Que tendo sido requerido a esta Junta o alargamento da
viela da Quinta, em mais cinco metros, por vários moradores do lugar do
Bonsucesso, melhoramento este de grande necessidade, se oficie à Câmara
Municipal de Aveiro, solicitando-lhe e nomeação dum empregado a fim de
proceder ao respectivo alinhamento; (…)”.
Mais uma decisão importantíssima foi tomada na sessão
extraordinária de 23 de Novembro de 1930, como consta da respectiva
acta:
“…O cidadão presidente, usando da palavra, declarou que esta
sessão extraordinária se destinava unicamente a apreciar as propostas
apresentadas para a adjudicação da obra de construção de um edifício
escolar no lugar do Bonsucesso.
Para este efeito foram recebidas nesta Junta duas propostas,
apresentadas respectivamente por José Duarte Ferreira, do lugar da
Quinta do Picado e Manuel dos Santos Furão (o Pereira) residente em
Ílhavo, as quais iam ser abertas.
Seguidamente procedeu-se à abertura das referidas propostas,
tendo-se verificado que a apresentada por José Duarte Ferreira, fixava a
importância de vinte e três mil escudos, para a construção do citado
edifício e na proposta respeitante a Manuel dos Santos Furão (o Pereira)
consta que este construtor se compromete a executar a obra pelo mínimo
preço que por outrem for proposto, com a dedução de 1%, comprometendo-se
mais a executar a referida obra em rigorosa harmonia com a respectiva
planta e a cumprir o que a tal respeito consta do respectivo caderno de
encargos.
Nesta ordem de ideias foi a Comissão Administrativa de
parecer que se devia aceitar a proposta apresentada pelo construtor
Manuel dos Santos Furão (o Pereira) pela importância de vinte e dois mil
e setenta e sete escudos, por ser a mais vantajosa, sendo-lhe em seguida
adjudicada a obra e exigido o depósito definitivo de dois mil duzentos e
setenta e sete escudos, que prestou, de harmonia com o caderno de
encargos. E não havendo mais nada a tratar…”.
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