David Paiva Martins, Aradas. Um olhar sobre a primeira metade do século XX (Da Junta de Parochia à Junta de Freguesia). 1ª ed., Aradas, Junta de Freguesia de Aradas, 2008, 268 pp.

4.1.1 – António Lopes dos Santos

 

António Lopes dos Santos

António Lopes dos Santos, na altura sargento-ajudante, colocado no Regimento de Infantaria nº 19, em Aveiro, era transmontano. Nasceu em Vila Real, freguesia de S. Pedro, em 7 de Agosto de 1894. Tendo a certa altura começado a sofrer do coração, veio a falecer prematuramente, aos 47 anos, de morte súbita, às treze horas do dia 4 de Maio de 1942, em Águeda, na Escola Central de Sargentos onde, com o posto de tenente, estava então colocado.

 

Não sendo nosso conterrâneo de nascimento, foi uma figura incontornável da História de Aradas – que costuma ser agradecida mas, neste caso, foi incompreensivelmente ingrata para com a sua memória, deixando-o cair no mais completo esquecimento. Logo a ele que foi porventura o mais extraordinário presidente da nossa Junta de Freguesia em toda a primeira metade do Século XX.

 

Recapitulando, veja-se sucintamente a obra que realizou em pouco mais de três anos, de 24 de Novembro de 1929 a 14 de Março de 1933:

 

● Alargamento do cemitério, alindamento da campa do Conselheiro Queirós e construção da capela das encomendações e da sala para autópsias.

 

● Construção e instalação do relógio público na torre da Igreja Paroquial.

 

● Construção da fonte e lavadouros públicos do Rego das Camas, no Bonsucesso.

 

● Construção da escola primária mista do Bonsucesso e início das diligências para a construção das escolas de Verdemilho.

 

● Construção do edifício sede da Junta de Freguesia, no Outeirinho.

 

● Recomeço da Feira do Outeirinho, mercado mensal que já não se realizava há vários anos.

 

● Construção da Rua da Pilota, entre Verdemilho e Coutada.

 

● Construção, montagem e activação da rede pública de distribuição de energia eléctrica aos lugares de Verdemilho e Bonsucesso.

 

A Junta financiou tudo isto com a venda de baldios e da casa da ex-residência paroquial. A excepção foi a rede eléctrica, que foi montada à custa de empréstimos à Junta de pessoas dos dois lugares por ela servidos, que voluntariamente decidiram contribuir para que tão significativo melhoramento se concretizasse.

 

Da incrível série de sonhos que enunciou nas sessões da Junta a que presidiu, só não conseguiu concretizar a construção duma escola primária no lugar de Arada por, apesar de todas as diligências que repetidamente empreendeu nesse sentido, não ter conseguido obter em tempo útil a posse de um terreno adequado, indispensável para a construção.

 

De algum modo, António Lopes dos Santos foi vítima do progresso explosivo que proporcionou à nossa terra. Como atrás se disse, a exploração da rede eléctrica trouxe um acréscimo de trabalho administrativo que as estruturas humanas da Junta não estavam preparadas para suportar. É natural, portanto, que a papelada se tenha acumulado e tenha havido perda de controlo nas contas. Daí a necessidade anunciada de admitir um chefe de secretaria.

 

Parece, pois, que a desgraça do presidente radicou na sessão extraordinária de 23 de Janeiro de 1933 quando fez anular a nomeação do professor Manuel Estudante para chefe da secretaria.

 

A Junta actual, da presidência de António Mário da Fonseca Neto, já remediou em parte a ingratidão do esquecimento colectivo, atribuindo o seu nome à Escola Primária do Bonsucesso que ele mandou construir. Consta que tem em mente dar também o seu nome a uma das novas ruas da nossa freguesia. Nada de mais justo!

 

 
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