O MEU 3.º avô materno,
Francisco Caetano da Gama de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça, nasceu
em
Esgueira a 7 de Agosto de 1742 e casou com D. Angélica Jacinta Pacheco
Soares, que nasceu na mesmalocalidade em 2 de Janeiro de 1739 e era filha do licenciado Gregório de
Almeida Barreto e de sua mulher D. Angélica Jacinta Pacheco Soares,
casamento este que se realizou em Esgueira a 27 de Julho de 1735.
É desta minha 4.ª avó, a segunda dona Angélica Jacinta, que vou seguir
com um esquema genealógico que alcançará a minha ascendência até Afonso
Godinho, almoxarife em Aveiro, meu 10.º avô.
Esta D. Angélica Jacinta creio que era filha natural de Baptista Pacheco
Soares, e a sua mãe chamou-se Mónica da Costa. Baptista foi clérigo, mas
não sei se ordenado depois dos seus amores com a Mónica. Esta
ascendência está provada com um processo de justificação que promoveu o
meu bisavô, o capitão-mor Dionísio de Moura Coutinho, e que está
registado na Torre do Tombo.
De Baptista Pacheco Soares foram pais:
− D. Maria Gomes Godinho, que
casou com o capitão Bento Pacheco Soares que teve carta de brasão de
armas a 26 de Outubro de 1668 (vide o livro do Dr. JOSÉ MACHADO,
Brasões Inéditos, n.º 91, pág. .30). Este meu 5.º avô casou, depois de
viúvo, segunda vez, mas isto não vem agora para o caso.
De D. Maria Gomes Godinho (que era irmã do familiar do
St.º Ofício
António Pinto Leitão) foram pais: Brites Godinho, de Esgueira, que foi
casada com o licenciado Pedro Leitão Pinto, capitão-mor de Esgueira,
natural de Mogofores, que era dos Pintos de Águeda, ascendentes dos
condes da Borralha, dos marqueses da Graciosa e de outras casas
ilustres, como deduzo e exponho no meu livro Subsídios genealógicos
para
o estudo da família Pinto.
/
224 /
Brites Godinho era filha de Maria Gomes Godinho e de António Duarte
Ferreira(1), da Mourisca, e neta materna de Brites Godinho e de João
Gomes de Pinho, e era esta Brites Godinho filha de Afonso Godinho,
almoxarife da então vila de Aveiro, e de sua mulher Catarina de Castro,
da Terra da Feira.
Sobre estes dois, Afonso Godinho e Catarina de Castro, é que vão recair
estes ligeiros apontamentos.
De um livro antigo, creio que do nobiliário do capitão-mor de
Aveiro,
Luís DA GAMA, interessantíssimo e valioso manuscrito em muitos volumes
que pertence ao Sr. José Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso, de
Braga, copiei o seguinte:
«− Rochas e Castros de Travaçô
− Houve na Terra da Feira, em Paços de Brandão, um Sebastião Jorge da Rocha, que era filho de Jorge da Rocha Tamanco, dos
Jorges Tamancos
do Porto que são tidos por fidalgos, o qual Sebastião Jorge da Rocha
casou com Izabel de Castro, filha bastarda de D. Nuno Álvares Pereira
de Castro, irmão do Conde da Feira, e de Catarina de Andrade. Filhos:
1 − Manuel da Rocha de Castro, vigário de S. Pedro de Arada, à casa do
qual recolheu a mãe depois de viúva « está enterrada naquela igreja.
Teve dois filhos bastardos e de um deles foi filho o P.e João da Rocha
que viveu em Aveiro e foi do arciprestado.
2 − Bernardo de Castro que casou no Porto com Catarina Louzado, c. g.
3 − Inácio da Rocha e Castro que casou com Leonor Borges, de quem
procede o inquisidor Diogo Borges de Castro e um sobrinho deste do mesmo nome que foi capitão-mor da
Silva, etc.
4 − Francisco da Rocha que casou na Terra da Feira muito nobremente e dele foi filho o P.e Jerónimo de Assunção, geral dos Loios.
5 − D. Maria da Rocha e Castro que os condes da Feira recolheram em Lorvão e lá foi abadessa.
6 − Catarina de Castro que casaram os mesmos condes com Afonso Godinho, dos Godinhos ilustres
/
125 /
[Vol. X -
N.º 39 - 1944]
deste Reino aonde há muitos fidalgos deste apelido com grandes cargos e comendas como foi o P.e Lopes Godinho q. teve duas
comendas de Frossos e Rio mao, muitos abades, clérigos, frades e
freiras e beneficiados. E deste Afonso Godinho e Catarina de Castro vem
os Godinhos de Aveiro e Esgueira, porquanto os ditos condes lhe houveram os ofícios de juiz da Alfândega e de almoxarifado de
propriedade na mesma vila aonde veio viver, e ali ficaram os seus
descendentes que são muito principais.
7 − Antónia de Castro, que os condes da Feira também casaram e foi o
seu marido Eitor de Macedo e lhe deram os ofícios de que estes senhores foram possuidores. Foram seus filhos: Ambrósio de Castro que vendeu os ofícios de seu pai; não casou mas teve uma
filha bastarda
que casou com João Marques e foram pais de João Marques das Maçadas;
Isabel de Castro que casou com Bartolomeu Cardoso de quem nasceu Fernando Cardoso que casou com Maria Pinto, dos Pintos de Águeda.
8 − Helena de Castro; casou
com João Marinho, filho de Fulgêncio
Marinho, padroeiro da igreja de Travassô, c. g.
9 − N. . . de Castro, que casou com António Vieira, da quinta da
Cacela, na Terra da Feira, e tiveram uma filha, Isabel Vieira de Castro,
que casou com Sebastião da Silva, escrivão da câmara e dos órfãos do
Eixo, c. g.»
Ora no voI. I, pág. 291, do
Arquivo do Distrito de
Aveiro, publicou o erudito investigador ROCHA MADAHIL um
artigo «Notícias de alguns ilhavenses familiares do Santo Offício da
Inquisição» que traz notícias que muito interessam aos Godinhos e
Rochas de que estou tratando.
O estudo é valioso, mas copiá-lo aqui na íntegra é trabalho
escusado porque está impresso e fácil, assim, se torna a sua leitura. O
longo artigo anda à roda do familiar António dos Santos, do Viveiro, da
família de Rocha Madahil, que também vinha dos Rochas e Castros de que
estou tratando e que obtivera carta de familiar do Santo Ofício a 28 de
Janeiro de 1722, citando-se neste estudo, e nos documentos que cita,
muitos nomes que tenho encontrado no trabalho das minhas investigações.
Vejamos o documento transcrito a págs. 302 por MADAHIL, uma informação
dada em 17 de Abril de 1711 por João Duarte Ribeiro, membro do Conselho
Geral do Santo Ofício, que na íntegra reproduzo:
«Vi segunda vez estas diligencias de Antonio dos Santos com as do seu
tio materno Domingos dos Santos e as do familiar Agostinho Coelho de
Figueiredo, que no, meu despacho
/
226 / de 28-10-1710 mandei juntar para se averiguar a forma
que se dá ao pretendente por via de sua mãe e avô materno Manuel dos
Santos pelo que ponderei no dito despacho e por as ditas diligencias e
as a elas apensas consta que a família do pretendente pela dita via teve
por muitos anos impedimento na pureza de seu sangue que nunca prevaleceu
por via de uma sua ascendente Catarina de Castro e suas irmãs. Porem
constou pelas diligencias que se fizeram que Sebastião Jorge da Rocha e
sua mulher Izabel de Castro ella natural das partes da cidade do Porto,
e ele natural da Quinta de Baixo, freguezia de Passo do Brandão e
comarca da Feira, foram paes de Catarina de Castro, Helena de Castro e
Maria de Castro e Jeronimo da Assunção, frade loio, e o
P.e Manuel da Rocha que foi clerigo; e que da dita Catarina
de Castro, primeira filha dos ditos Sebastião Jorge da Rocha e Izabel
de Castro que foi casada com Afonso Godínho, Almoxarife na vila de
Aveiro, para onde ele veio, nasceu Brites Godinho que casou com João
Gomes Pinho, e destes nasceu Branca de Pinho que de seu marido André
Dias teve a Manuel Godinho; e tambem nasceu a dita Brites Godinho [e]
Maria Gomes, que de seu marido Antonio Duarte Ferreira, capitão mor de Esgueira, teve a Antonio Godinho. O qual e o dito seu primo Manuel
Godinho tiveram sentença a seu favor no ano de 1634 contra Domingos Mateus Vinagre, sendo este
condenado pela injuria de lhe chamar judeu, e se confirmou na Relação do
Porto, como consta de fl. 89 da dlligencia do dito Agostinho Coelho; e tambem consta da mesma diligencia (ou sentença?) que do mesmo João Gomes Pinho e de sua
mulher Brites Godinho, nasceu Pedro Godinho Barbosa, juiz dos orfãos da
vila de Esgueira, que atendendo a dita foI. 74 do dito familiar era pae
de Brites Godinho mais do dito Agostinho Coelho de Figueiredo, que
depois de interlocutorias diligencias feitas no Passo do Brandão, terra
da Feira, foi julgado por cristão velho, e que a dita fama era falsa,
como se vê dos despachos dellas de Novembro de 16...1(2) e se lhe
passou carta de familiar do Santo Oficio. Consta lambem que da dita
Helena de Castro, filha 2.ª dos ditos Sebastião Jorge da Rocha e sua
mulher Izabel de Castro, e de seu marido Baltazar Coelho da Costa
moradores em Requeixo, comarca de Aveiro, nasceu Maria Coelha, natural
de Requeixo que de seu marido Manuel Pimentel, da vila de Aveiro, nasceu
Roque da Costa Pimentel, que de sua mulher Madalena da Silva Pimentel,
moradores (sic) em o logar de Carvalhaes, freguezia de Santiago da Mouta
teve a Manuel Pereira Pimentel, que depois de ser clerigo, habilitando-se
/
227 / para ser Prior da dita Igreja de Santiago da Mouta, e
pondo-se-lhe o mesmo impedimento e mostrando mais........... habilitassem no mesmo bispado de Coimbra de se
lhe mandar purgar o impedimento apelou para Braga onde teve sentença a
seu favor no ano de 1667, e foi provido na
dita igreja como consta das diligencias a do dito familiar
Agostinho Coelho de Figueiredo. Consta que da outra filha 3.ª Maria de
Castro, que foi para a Castanheira, bispado de Coimbra, e casou com
Heitor de Macedo nasceram descendentes que tambem se habilitaram.
Finalmente consta
que o dito 5.º filho Manuel da Rocha, filho dos ditos Sebastião Jorge da Rocha e Izabel de Castro, foi clerigo aprovado
sem duvida de Verdemilho, que teve uma filha chamada Izabel da Rocha,
que legitimou, e de seu marido Manuel Cortes, da vila de Aveiro, teve
uma filha que casou com Manuel dos Santos e um filho chamado João da Rocha, que foi da vila de
Aveiro e
habilitado para ordens, que tomou por sentença da Relação Eclesiastica
de Coimbra, de-13-9-1632, como consta do 3.º apenso ás diligencias do P.e
Domingos dos Santos que se apensaram a estas diligencias. E da dita
filha, que casou com o dito Manuel dos Santos, nasceu outro Manuel dos
Santos; que de sua mulher Brites André nasceu outro Manuel dos Santos;
que de sua mulher Maria Manuel nasceu Maria dos Santos e Domingos dos
Santos, que juntando ás suas diligencias estar habilitado O P.e João da
Rocha, irmão de sua bisavó, e ser familiar do Santo Ofício Agostinho Coelho de
Figueiredo, foi julgado por cristão velho por sentença da Relação de
Coimbra de 16-5-1682, e foi clerigo, porque o unico impedimento provinha
dos ditos ascendentes que vieram do Passo de Brandão. E da dita Maria
dos Santos nasceu o filho a quem, pela dita mãe e avó materna, se pôs
pelas testemunhas mencionadas no dito meu 1.º despacho pela mesma via
que tem por falso, e eu por falso julgo o rumor de cristão novo de que
as ditas testemunhas depoem. Porque alem de por tal estar julgado tantas
vezes é nascido e mal afectos por virem seus ascendentes de fora; se conhece que
nas suas patrias originaes não ha tal fama e são e foram
sempre tidos e havidos por cristãos velhos; pelo que seus descendentes
foram julgados limpos de sangue, como foi Antonio Pinto Godinho
(a), filho do licenciado Pedra Leitão e
/
228 /
sua mulher Brites Godinho, neto materno de António Duarte Ferreira e
Maria Gomes, acima declarado, em 6 de Novembro de 1666; e Manuel Godinho e António Godinho foram
abades da igreja do Passo de Brandão chamada S. Ciprião;
e outros muitos foram clerigos religiosos e freiras, como
tambem curas de almas, que consta de diligencias apensas...»
Agostinho Coelho de Figueiredo, cita neste documento,
teve carta de familiar do Santo Ofício em 29 de Novembro de 1681 e na
petição que fez para ser admitido a esse cargo
(St.º Ofício, m. I, dil. 22) diz que é natural e morador em
Esgueira, casado com Maria de Resende e Paiva, e que era
filho legítimo de Matias Coelho de Figueiredo e de Brites
Godinho, sua mulher; neto paterno de Gaspar Coelho e de
Margarida Neto, sua mulher, e neto materno de Pedro Godinho Barbosa e de Petronilha Baptista de Araújo, todos falecidos e
naturais e moradores em Esgueira. A mulher, Maria
de Resende e Paiva, declara que é filha legítima de Domingos
de Resende, já então falecido, natural de Oliveira de Azeméis,
e de Antónia de Paiva, natural de S. Tiago de Beduído; neta
/ 229 /
paterna de Domingos de Basto e de Maria Henriques, sua mulher, naturais
e moradores no Iugar de Oliveira, e pelo lado materno neta de António
de Paiva e de Maria Dias, naturais e moradores em S. Tiago de Beduído.
Este requerimento ou petição teve despacho em 8 de Março de 1667, mas
só em 1681, catorze anos depois, é que Agostinho Coelho de Figueiredo
teve a carta de familiar. Vê-se que surgiu na inquirição o caso dos
Castros de Paço de Brandão que tiveram o rumor de judeus.
No processo de inquirição de António dos Santos também mete o
reverendo bedelho o comissário do Santo Ofício Pantaleão Afonso Alfena,
reitor de Fermelã, que também
está ligado à família dos meus antepassados pelos Leitões, de Avelans
do Caminho. Do que sei dos seus pais e avós
já o disse na nota (a).
O P.e Aliena fala na sua informação para o Santo Ofício a respeito da
família de António dos Santos em um seu irmão, Manuel de Figueiredo Alfena «que
faleceu, faz em Abril deste ano, quatro (1708) e tinha 78» e
eu vejo numa árvore genealógica destes Alfenas que encontrei no
Nobiliário do capitão-mor de Aveiro, LUÍS DA GAMA, que teve um outro, o
capitão Francisco Leitão Alfena, que casou com D. Ana Ribeiro da
Silveira e Oliveira, filha de Manuel Ribeiro de Oliveira Barreto, da
família dos viscondes da
Granja de Aveiro, e de sua mulher D. Maria da Silveira
Cardoso, que vinha dos Soeiros de Albergaria, de cuja família também
descendo. Essa árvore genealógica diz que do capitão Alfena e de sua
mulher foi filho Francisco Leitão da Silveira Alfena, baptizado em
Novembro de 1685, e que faleceu, sem geração, a 29 de Julho de 1751.
A informação do comissário Alfena, datada de 7 de Julho de 1708, diz
quase respeito à ascendência de António dos Santos, que ia entroncar na
dos Castros dos quais havia o rumor dos judeus nesta família, tradição
que o P.e Alfena contesta dando-lhes o sangue limpo dessa pecha
− o que a
mim não me convence inteiramente −, explicando ele: «Seria a causa do
dito rumor o que alcancei e não me lembro se dei conta a V. S.ª na
informação do dito fulano Pinheiro, e é que estes Rochas procedem de uns
fulanos Tamancas do Porto, que fazendo-se, ou em sua casa ou em sua
companhia, uma prisão por parte do Santo Ofício, levaram isto a mal e resistiram ou fizeram algum agravo ao familiar, do que resultara ser preso o sujeito agravante, de cuja prisão no
vulgo ficou a memória de ser preso este ascendente de tantas famílias,
sem examinarem a causa da dita «prisão».
Para fechar esta nota segue uma última notícia ligeira da linha da casa
da Oliveirinha, à qual pertenceu o conselheiro
/ 230 /
José Luciano de Castro, ministro e político dos tempos de D. Luís, D.
Carlos e ainda de D. Manuel lI:
− Pedro Godinho Barbosa, juiz dos órfãos em Esgueira (filho de Brites
Godinho, casada com João Gomes de Pinho, e neto materno de Afonso
Godinho e de Catarina de Castro), foi casado com Petronilha Baptista de
Araújo e deles foram filhas Brites Godinho Barbosa, casada com Matias
Coelho de Figueiredo, e
− Maria Madalena de Araújo que casou com Nicolau da Silveira Bulhões,
dos desta família de Mataduços, e destes foi filha:
− Maria da Cunha da Silveira, que veio a casar com Sebastião de Almeida
de Carvalho, juiz dos órfãos em Esgueira e familiar do Santo Ofício, de
quem houve três filhos, que eu saiba:
− Gabriel de Almeida de Carvalho, juiz dos órfãos
em Esgueira, que casou com D. Isabel de Leão, c. g.
− D. Joana da Cunha da Silveira, ou
Almeida, que
continua.
− D. Francisca de Almeida que casou com Francisco de Albuquerque e
Brito, de Aveiro.
− D. Joana da Cunha da Silveira, ou
de Almeida, foi
a segunda mulher de Bento de Almeida Cabral, de Coimbra, que teve a casa
da Oliveirinha, perto de Aveiro, pelo seu primeiro casamento com D.
Isabel da Silva, filha de João
Tenreiro e mulher D. Catarina da Silva, moradores na Oliveirinha.
De D. Joana e de Bento de Almeida Cabral, que foi familiar do Santo
Ofício, foi filho:
− Romualdo de Almeida Cabral, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e
senhor da casa da Oliveirinha, que casou com D. Joana Inácia Coronel,
filha do desembargador João Coronel, superintendente das ferrarias de
Tomar, e de sua mulher D. Josefa Crispina de Vasconcelos: A carta de
professo da Ordem de Cristo teve a data de 9 de Março de 1724.
Foi Romualdo, também, familiar do Santo Ofício e escrivão da câmara da
rainha D. Mariana de Áustria. Filho herdeiro:
− Bento Venâncio da Silveira e Vasconcelos, herdou a casa da Oliveirinha.
Não encontro nesta ocasião a notícia com quem casou o ilustre Bento
Venâncio, mas sei que foi irmão de D. Inês Margarida Coronel de
Vasconcelos, que casou com António Veríssimo da Costa Monteiro Rangel de
Quadros, administrador da capela dos Santos Mártires em Aveiro, pessoa
nobre e de destaque naquela cidade. Filho de Bento Venâncio:
− António Venâncio da Silveira Matoso e Vasconcelos, fidalgo de
geração, senhor da casa da Oliveirinha e dos vínculos
/
231 / de Salgueiro, Rabaçal, Fontão e Espinhal, que casou com D. Maria
Albertina Henriqueta Álvares Pereira de Melo, de quem foi filha e
herdeira:
− D. Maria Augusta de Meneses da Silveira, senhora dá casa da
Oliveirinha, e do mais, que casou com Francisco Joaquim de Castro
Pereira Côrte-Real, vogal da Junta Governativa de Aveiro em 1845 e presidente da Câmara Municipal
da mesma cidade; foi, pelo seu casamento, senhor da casa da Oliveirinha
e dos morgados atrás citados. F. Joaquim de Castro, que era de uma
família nobre, creio que, por este apelido, possível é que descendesse
daqueles Castros em que
falo no princípio deste arrazoado.
De D. Maria Augusta, e de seu marido foram filhos o conselheiro
Francisco de Castro Matoso da Silva Côrte-Real,
que foi juiz do Supremo Tribunal de Justiça, o conselheiro José Luciano
de Castro, o Dr. Augusto de Castro, D. Antónia Augusta de Castro, D.
Maria de Castro e D. Ana Amélia de Castro − o que tudo está minuciosamente
exposto no meu
manuscrito «Casa-solar da Oliveirinha», rabiscado em 1911.
*
De um título dos Ribeiros, de Aveiro, manuscrito do padre-mestre Fr.
JOÃO DE VASCONCELOS BARRETO FERRAZ, hoje na posse de José Gomes da Silva
e Matos de Sousa Cardoso, extraio ainda este apontamento de Godinhos:
«O licenciado Tomé Godinho,
que faleceu a 26 de março de 1649 e era
irmão do beneficiado Manuel Godinho que morou em Esgueira, e filhos
ambos de André Dias e de sua mulher Branca de Pinho, casou e recebeu-se a 12 de agosto de 1627 com Maria Ribeiro Rangel, já viuva
de António Ribeiro, filho de André Ribeiro, sem geração, e tiveram os
seguintes filhos:
− João Godinho Rangel, baptisado a 27-VII-1628.
− Margarida Ribeiro
Rangel, baptisada a 5-VI-1632.
− Maria Ribeiro Rangel, baptisada a 19-IX-1634, que foi freira
no convento de Jezus, de Aveiro, e antes de se
recolher ao convento fez doação de tudo o que possuia por escritura
pública feita a 2-6-1651 nas notas de Martim Calado Freire, a fIs.
75. − Assim da herança de seu tio o beneficiado M.el Godinho morador que fôra na vila de Esgueira, como de sua tia D. Francisca Rangel Tavares,
que era meia irmã de sua mãe por via de
/
232 / sua avó Margarida Rangel, e das doações de D. Fr. Miguel Rangel,
último bispo de Cochim, que era irmão de sua avó Margarida Rangel, e de
seu irmão João Godinho Rangel, como tambem das nomeações dos prazos
de vidas e direitos deles que seu pai, tio e irmão nela nomearam, de tudo fez desistência
a favor de sua prima
D. Maria Godinho, irmã do beneficiado Tomé Migalhas Godinho.»
FRANCISCO DE MOURA COUTINHO |