F. de Moura Coutinho, A minhas ascendência pelos Coutinhos, Vol. X, pp. 223-232.

A MINHA ASCENDÊNCIA

PELOS GODINHOS

O MEU 3.º avô materno, Francisco Caetano da Gama de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça, nasceu em Esgueira a 7 de Agosto de 1742 e casou com D. Angélica Jacinta Pacheco Soares, que nasceu na mesmalocalidade em 2 de Janeiro de 1739 e era filha do licenciado Gregório de Almeida Barreto e de sua mulher D. Angélica Jacinta Pacheco Soares, casamento este que se realizou em Esgueira a 27 de Julho de 1735.

É desta minha 4.ª avó, a segunda dona Angélica Jacinta, que vou seguir com um esquema genealógico que alcançará a minha ascendência até Afonso Godinho, almoxarife em Aveiro, meu 10.º avô.

Esta D. Angélica Jacinta creio que era filha natural de Baptista Pacheco Soares, e a sua mãe chamou-se Mónica da Costa. Baptista foi clérigo, mas não sei se ordenado depois dos seus amores com a Mónica. Esta ascendência está provada com um processo de justificação que promoveu o meu bisavô, o capitão-mor Dionísio de Moura Coutinho, e que está registado na Torre do Tombo.

De Baptista Pacheco Soares foram pais: − D. Maria Gomes Godinho, que casou com o capitão Bento Pacheco Soares que teve carta de brasão de armas a 26 de Outubro de 1668 (vide o livro do Dr. JOSÉ MACHADO, Brasões Inéditos, n.º 91, pág. .30). Este meu 5.º avô casou, depois de viúvo, segunda vez, mas isto não vem agora para o caso.

De D. Maria Gomes Godinho (que era irmã do familiar do St.º Ofício António Pinto Leitão) foram pais: Brites Godinho, de Esgueira, que foi casada com o licenciado Pedro Leitão Pinto, capitão-mor de Esgueira, natural de Mogofores, que era dos Pintos de Águeda, ascendentes dos condes da Borralha, dos marqueses da Graciosa e de outras casas ilustres, como deduzo e exponho no meu livro Subsídios genealógicos para o estudo da família Pinto. / 224 /

Brites Godinho era filha de Maria Gomes Godinho e de António Duarte Ferreira(1), da Mourisca, e neta materna de Brites Godinho e de João Gomes de Pinho, e era esta Brites Godinho filha de Afonso Godinho, almoxarife da então vila de Aveiro, e de sua mulher Catarina de Castro, da Terra da Feira.

Sobre estes dois, Afonso Godinho e Catarina de Castro, é que vão recair estes ligeiros apontamentos.

De um livro antigo, creio que do nobiliário do capitão-mor de Aveiro, Luís DA GAMA, interessantíssimo e valioso manuscrito em muitos volumes que pertence ao Sr. José Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso, de Braga, copiei o seguinte:

«− Rochas e Castros de Travaçô − Houve na Terra da Feira, em Paços de Brandão, um Sebastião Jorge da Rocha, que era filho de Jorge da Rocha Tamanco, dos Jorges Tamancos do Porto que são tidos por fidalgos, o qual Sebastião Jorge da Rocha casou com Izabel de Castro, filha bastarda de D. Nuno Álvares Pereira de Castro, irmão do Conde da Feira, e de Catarina de Andrade. Filhos:

1 − Manuel da Rocha de Castro, vigário de S. Pedro de Arada, à casa do qual recolheu a mãe depois de viúva « está enterrada naquela igreja. Teve dois filhos bastardos e de um deles foi filho o P.e João da Rocha que viveu em Aveiro e foi do arciprestado.

2  −  Bernardo de Castro que casou no Porto com Catarina Louzado, c. g.

3 − Inácio da Rocha e Castro que casou com Leonor Borges, de quem procede o inquisidor Diogo Borges de Castro e um sobrinho deste do mesmo nome que foi capitão-mor da Silva, etc.

4 − Francisco da Rocha que casou na Terra da Feira muito nobremente e dele foi filho o P.e Jerónimo de Assunção, geral dos Loios.

5 − D. Maria da Rocha e Castro que os condes da Feira recolheram em Lorvão e lá foi abadessa.

6 − Catarina de Castro que casaram os mesmos condes com Afonso Godinho, dos Godinhos ilustres / 125 / [Vol. X - N.º 39 - 1944] deste Reino aonde há muitos fidalgos deste apelido com grandes cargos e comendas como foi o P.e Lopes Godinho q. teve duas comendas de Frossos e Rio mao, muitos abades, clérigos, frades e freiras e beneficiados. E deste Afonso Godinho e Catarina de Castro vem os Godinhos de Aveiro e Esgueira, porquanto os ditos condes lhe houveram os ofícios de juiz da Alfândega e de almoxarifado de propriedade na mesma vila aonde veio viver, e ali ficaram os seus descendentes que são muito principais.

7 − Antónia de Castro, que os condes da Feira também casaram e foi o seu marido Eitor de Macedo e lhe deram os ofícios de que estes senhores foram possuidores. Foram seus filhos: Ambrósio de Castro que vendeu os ofícios de seu pai; não casou mas teve uma filha bastarda que casou com João Marques e foram pais de João Marques das Maçadas; Isabel de Castro que casou com Bartolomeu Cardoso de quem nasceu Fernando Cardoso que casou com Maria Pinto, dos Pintos de Águeda.

8 − Helena de Castro; casou com João Marinho, filho de Fulgêncio Marinho, padroeiro da igreja de Travassô, c. g.

9 − N. . . de Castro, que casou com António Vieira, da quinta da Cacela, na Terra da Feira, e tiveram uma filha, Isabel Vieira de Castro, que casou com Sebastião da Silva, escrivão da câmara e dos órfãos do Eixo, c. g.»

Ora no voI. I, pág. 291, do Arquivo do Distrito de Aveiro, publicou o erudito investigador ROCHA MADAHIL um artigo «Notícias de alguns ilhavenses familiares do Santo Offício da Inquisição» que traz notícias que muito interessam aos Godinhos e Rochas de que estou tratando.

O estudo é valioso, mas copiá-lo aqui na íntegra é trabalho escusado porque está impresso e fácil, assim, se torna a sua leitura. O longo artigo anda à roda do familiar António dos Santos, do Viveiro, da família de Rocha Madahil, que também vinha dos Rochas e Castros de que estou tratando e que obtivera carta de familiar do Santo Ofício a 28 de Janeiro de 1722, citando-se neste estudo, e nos documentos que cita, muitos nomes que tenho encontrado no trabalho das minhas investigações. Vejamos o documento transcrito a págs. 302 por MADAHIL, uma informação dada em 17 de Abril de 1711 por João Duarte Ribeiro, membro do Conselho Geral do Santo Ofício, que na íntegra reproduzo:

«Vi segunda vez estas diligencias de Antonio dos Santos com as do seu tio materno Domingos dos Santos e as do familiar Agostinho Coelho de Figueiredo, que no, meu despacho / 226 / de 28-10-1710 mandei juntar para se averiguar a forma que se dá ao pretendente por via de sua mãe e avô materno Manuel dos Santos pelo que ponderei no dito despacho e por as ditas diligencias e as a elas apensas consta que a família do pretendente pela dita via teve por muitos anos impedimento na pureza de seu sangue que nunca prevaleceu por via de uma sua ascendente Catarina de Castro e suas irmãs. Porem constou pelas diligencias que se fizeram que Sebastião Jorge da Rocha e sua mulher Izabel de Castro ella natural das partes da cidade do Porto, e ele natural da Quinta de Baixo, freguezia de Passo do Brandão e comarca da Feira, foram paes de Catarina de Castro, Helena de Castro e Maria de Castro e Jeronimo da Assunção, frade loio, e o P.e Manuel da Rocha que foi clerigo; e que da dita Catarina de Castro, primeira filha dos ditos Sebastião Jorge da Rocha e Izabel de Castro que foi casada com Afonso Godínho, Almoxarife na vila de Aveiro, para onde ele veio, nasceu Brites Godinho que casou com João Gomes Pinho, e destes nasceu Branca de Pinho que de seu marido André Dias teve a Manuel Godinho; e tambem nasceu a dita Brites Godinho [e] Maria Gomes, que de seu marido Antonio Duarte Ferreira, capitão mor de Esgueira, teve a Antonio Godinho. O qual e o dito seu primo Manuel Godinho tiveram sentença a seu favor no ano de 1634 contra Domingos Mateus Vinagre, sendo este condenado pela injuria de lhe chamar judeu, e se confirmou na Relação do Porto, como consta de fl. 89 da dlligencia do dito Agostinho Coelho; e tambem consta da mesma diligencia (ou sentença?) que do mesmo João Gomes Pinho e de sua mulher Brites Godinho, nasceu Pedro Godinho Barbosa, juiz dos orfãos da vila de Esgueira, que atendendo a dita foI. 74 do dito familiar era pae de Brites Godinho mais do dito Agostinho Coelho de Figueiredo, que depois de interlocutorias diligencias feitas no Passo do Brandão, terra da Feira, foi julgado por cristão velho, e que a dita fama era falsa, como se vê dos despachos dellas de Novembro de 16...1(2) e se lhe passou carta de familiar do Santo Oficio. Consta lambem que da dita Helena de Castro, filha 2.ª dos ditos Sebastião Jorge da Rocha e sua mulher Izabel de Castro, e de seu marido Baltazar Coelho da Costa moradores em Requeixo, comarca de Aveiro, nasceu Maria Coelha, natural de Requeixo que de seu marido Manuel Pimentel, da vila de Aveiro, nasceu Roque da Costa Pimentel, que de sua mulher Madalena da Silva Pimentel, moradores (sic) em o logar de Carvalhaes, freguezia de Santiago da Mouta teve a Manuel Pereira Pimentel, que depois de ser clerigo, habilitando-se
/ 227 / para ser Prior da dita Igreja de Santiago da Mouta, e pondo-se-lhe o mesmo impedimento e mostrando mais........... habilitassem no mesmo bispado de Coimbra de se lhe mandar purgar o impedimento apelou para Braga onde teve sentença a seu favor no ano de 1667, e foi provido na dita igreja como consta das diligencias a do dito familiar Agostinho Coelho de Figueiredo. Consta que da outra filha 3.ª Maria de Castro, que foi para a Castanheira, bispado de Coimbra, e casou com Heitor de Macedo nasceram descendentes que tambem se habilitaram. Finalmente consta que o dito 5.º filho Manuel da Rocha, filho dos ditos Sebastião Jorge da Rocha e Izabel de Castro, foi clerigo aprovado sem duvida de Verdemilho, que teve uma filha chamada Izabel da Rocha, que legitimou, e de seu marido Manuel Cortes, da vila de Aveiro, teve uma filha que casou com Manuel dos Santos e um filho chamado João da Rocha, que foi da vila de Aveiro e habilitado para ordens, que tomou por sentença da Relação Eclesiastica de Coimbra, de-13-9-1632, como consta do 3.º apenso ás diligencias do P.e Domingos dos Santos que se apensaram a estas diligencias. E da dita filha, que casou com o dito Manuel dos Santos, nasceu outro Manuel dos Santos; que de sua mulher Brites André nasceu outro Manuel dos Santos; que de sua mulher Maria Manuel nasceu Maria dos Santos e Domingos dos Santos, que juntando ás suas diligencias estar habilitado O P.e João da Rocha, irmão de sua bisavó, e ser familiar do Santo Ofício Agostinho Coelho de Figueiredo, foi julgado por cristão velho por sentença da Relação de Coimbra de 16-5-1682, e foi clerigo, porque o unico impedimento provinha dos ditos ascendentes que vieram do Passo de Brandão. E da dita Maria dos Santos nasceu o filho a quem, pela dita mãe e avó materna, se pôs pelas testemunhas mencionadas no dito meu 1.º despacho pela mesma via que tem por falso, e eu por falso julgo o rumor de cristão novo de que as ditas testemunhas depoem. Porque alem de por tal estar julgado tantas vezes é nascido e mal afectos por virem seus ascendentes de fora; se conhece que nas suas patrias originaes não ha tal fama e são e foram sempre tidos e havidos por cristãos velhos; pelo que seus descendentes foram julgados limpos de sangue, como foi Antonio Pinto Godinho (a), filho do licenciado Pedra Leitão e / 228 / sua mulher Brites Godinho, neto materno de António Duarte Ferreira e Maria Gomes, acima declarado, em 6 de Novembro de 1666; e Manuel Godinho e António Godinho foram abades da igreja do Passo de Brandão chamada S. Ciprião; e outros muitos foram clerigos religiosos e freiras, como tambem curas de almas, que consta de diligencias apensas...»

Agostinho Coelho de Figueiredo, cita neste documento, teve carta de familiar do Santo Ofício em 29 de Novembro de 1681 e na petição que fez para ser admitido a esse cargo (St.º Ofício, m. I, dil. 22) diz que é natural e morador em Esgueira, casado com Maria de Resende e Paiva, e que era filho legítimo de Matias Coelho de Figueiredo e de Brites Godinho, sua mulher; neto paterno de Gaspar Coelho e de Margarida Neto, sua mulher, e neto materno de Pedro Godinho Barbosa e de Petronilha Baptista de Araújo, todos falecidos e naturais e moradores em Esgueira. A mulher, Maria de Resende e Paiva, declara que é filha legítima de Domingos de Resende, já então falecido, natural de Oliveira de Azeméis, e de Antónia de Paiva, natural de S. Tiago de Beduído; neta / 229 / paterna de Domingos de Basto e de Maria Henriques, sua mulher, naturais e moradores no Iugar de Oliveira, e pelo lado materno neta de António de Paiva e de Maria Dias, naturais e moradores em S. Tiago de Beduído. Este requerimento ou petição teve despacho em 8 de Março de 1667, mas só em 1681, catorze anos depois, é que Agostinho Coelho de Figueiredo teve a carta de familiar. Vê-se que surgiu na inquirição o caso dos Castros de Paço de Brandão que tiveram o rumor de judeus.

No processo de inquirição de António dos Santos também mete o reverendo bedelho o comissário do Santo Ofício Pantaleão Afonso Alfena, reitor de Fermelã, que também está ligado à família dos meus antepassados pelos Leitões, de Avelans do Caminho. Do que sei dos seus pais e avós já o disse na nota (a).

O P.e Aliena fala na sua informação para o Santo Ofício a respeito da família de António dos Santos em um seu irmão, Manuel de Figueiredo Alfena «que faleceu, faz em Abril deste ano, quatro (1708) e tinha 78» e eu vejo numa árvore genealógica destes Alfenas que encontrei no Nobiliário do capitão-mor de Aveiro, LUÍS DA GAMA, que teve um outro, o capitão Francisco Leitão Alfena, que casou com D. Ana Ribeiro da Silveira e Oliveira, filha de Manuel Ribeiro de Oliveira Barreto, da família dos viscondes da Granja de Aveiro, e de sua mulher D. Maria da Silveira Cardoso, que vinha dos Soeiros de Albergaria, de cuja família também descendo. Essa árvore genealógica diz que do capitão Alfena e de sua mulher foi filho Francisco Leitão da Silveira Alfena, baptizado em Novembro de 1685, e que faleceu, sem geração, a 29 de Julho de 1751.

A informação do comissário Alfena, datada de 7 de Julho de 1708, diz quase respeito à ascendência de António dos Santos, que ia entroncar na dos Castros dos quais havia o rumor dos judeus nesta família, tradição que o P.e Alfena contesta dando-lhes o sangue limpo dessa pecha − o que a mim não me convence inteiramente −, explicando ele: «Seria a causa do dito rumor o que alcancei e não me lembro se dei conta a V. S.ª na informação do dito fulano Pinheiro, e é que estes Rochas procedem de uns fulanos Tamancas do Porto, que fazendo-se, ou em sua casa ou em sua companhia, uma prisão por parte do Santo Ofício, levaram isto a mal e resistiram ou fizeram algum agravo ao familiar, do que resultara ser preso o sujeito agravante, de cuja prisão no vulgo ficou a memória de ser preso este ascendente de tantas famílias, sem examinarem a causa da dita «prisão».

Para fechar esta nota segue uma última notícia ligeira da linha da casa da Oliveirinha, à qual pertenceu o conselheiro / 230 / José Luciano de Castro, ministro e político dos tempos de D. Luís, D. Carlos e ainda de D. Manuel lI:

− Pedro Godinho Barbosa, juiz dos órfãos em Esgueira (filho de Brites Godinho, casada com João Gomes de Pinho, e neto materno de Afonso Godinho e de Catarina de Castro), foi casado com Petronilha Baptista de Araújo e deles foram filhas Brites Godinho Barbosa, casada com Matias Coelho de Figueiredo, e

− Maria Madalena de Araújo que casou com Nicolau da Silveira Bulhões, dos desta família de Mataduços, e destes foi filha:

− Maria da Cunha da Silveira, que veio a casar com Sebastião de Almeida de Carvalho, juiz dos órfãos em Esgueira e familiar do Santo Ofício, de quem houve três filhos, que eu saiba:

− Gabriel de Almeida de Carvalho, juiz dos órfãos em Esgueira, que casou com D. Isabel de Leão, c. g.

D. Joana da Cunha da Silveira, ou Almeida, que continua.

− D. Francisca de Almeida que casou com Francisco de Albuquerque e Brito, de Aveiro.

D. Joana da Cunha da Silveira, ou de Almeida, foi a segunda mulher de Bento de Almeida Cabral, de Coimbra, que teve a casa da Oliveirinha, perto de Aveiro, pelo seu primeiro casamento com D. Isabel da Silva, filha de João Tenreiro e mulher D. Catarina da Silva, moradores na Oliveirinha. De D. Joana e de Bento de Almeida Cabral, que foi familiar do Santo Ofício, foi filho:

− Romualdo de Almeida Cabral, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e senhor da casa da Oliveirinha, que casou com D. Joana Inácia Coronel, filha do desembargador João Coronel, superintendente das ferrarias de Tomar, e de sua mulher D. Josefa Crispina de Vasconcelos: A carta de professo da Ordem de Cristo teve a data de 9 de Março de 1724. Foi Romualdo, também, familiar do Santo Ofício e escrivão da câmara da rainha D. Mariana de Áustria. Filho herdeiro:

− Bento Venâncio da Silveira e Vasconcelos, herdou a casa da Oliveirinha. Não encontro nesta ocasião a notícia com quem casou o ilustre Bento Venâncio, mas sei que foi irmão de D. Inês Margarida Coronel de Vasconcelos, que casou com António Veríssimo da Costa Monteiro Rangel de Quadros, administrador da capela dos Santos Mártires em Aveiro, pessoa nobre e de destaque naquela cidade. Filho de Bento Venâncio:

− António Venâncio da Silveira Matoso e Vasconcelos, fidalgo de geração, senhor da casa da Oliveirinha e dos vínculos / 231 / de Salgueiro, Rabaçal, Fontão e Espinhal, que casou com D. Maria Albertina Henriqueta Álvares Pereira de Melo, de quem foi filha e herdeira:

− D. Maria Augusta de Meneses da Silveira, senhora dá casa da Oliveirinha, e do mais, que casou com Francisco Joaquim de Castro Pereira Côrte-Real, vogal da Junta Governativa de Aveiro em 1845 e presidente da Câmara Municipal da mesma cidade; foi, pelo seu casamento, senhor da casa da Oliveirinha e dos morgados atrás citados. F. Joaquim de Castro, que era de uma família nobre, creio que, por este apelido, possível é que descendesse daqueles Castros em que falo no princípio deste arrazoado.

De D. Maria Augusta, e de seu marido foram filhos o conselheiro Francisco de Castro Matoso da Silva Côrte-Real, que foi juiz do Supremo Tribunal de Justiça, o conselheiro José Luciano de Castro, o Dr. Augusto de Castro, D. Antónia Augusta de Castro, D. Maria de Castro e D. Ana Amélia de Castro − o que tudo está minuciosamente exposto no meu manuscrito «Casa-solar da Oliveirinha», rabiscado em 1911.

*

De um título dos Ribeiros, de Aveiro, manuscrito do padre-mestre Fr. JOÃO DE VASCONCELOS BARRETO FERRAZ, hoje na posse de José Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso, extraio ainda este apontamento de Godinhos:

«O licenciado Tomé Godinho, que faleceu a 26 de março de 1649 e era irmão do beneficiado Manuel Godinho que morou em Esgueira, e filhos ambos de André Dias e de sua mulher Branca de Pinho, casou e recebeu-se a 12 de agosto de 1627 com Maria Ribeiro Rangel, já viuva de António Ribeiro, filho de André Ribeiro, sem geração, e tiveram os seguintes filhos:

− João Godinho Rangel, baptisado a 27-VII-1628.

− Margarida Ribeiro Rangel, baptisada a 5-VI-1632.

− Maria Ribeiro Rangel, baptisada a 19-IX-1634, que foi freira no convento de Jezus, de Aveiro, e antes de se recolher ao convento fez doação de tudo o que possuia por escritura pública feita a 2-6-1651 nas notas de Martim Calado Freire, a fIs. 75. − Assim da herança de seu tio o beneficiado M.el Godinho morador que fôra na vila de Esgueira, como de sua tia D. Francisca Rangel Tavares, que era meia irmã de sua mãe por via de / 232 / sua avó Margarida Rangel, e das doações de D. Fr. Miguel Rangel, último bispo de Cochim, que era irmão de sua avó Margarida Rangel, e de seu irmão João Godinho Rangel, como tambem das nomeações dos prazos de vidas e direitos deles que seu pai, tio e irmão nela nomearam, de tudo fez desistência a favor de sua prima D. Maria Godinho, irmã do beneficiado Tomé Migalhas Godinho.»

FRANCISCO DE MOURA COUTINHO

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(1)Diz o documento adiante citado que foi capitão-mor de Esgueira. António Duarte Ferreira, meu 7.º avó, e sua mulher Maria Gomes Godinho, morreram em Esgueira e foram sepultados na matriz. O epitáfio dizia:  − «Sep.ra de António Duarte jaz nella sua Molher Maria Gomes Godinho faleceu dia de Reis de 617.». Assim diz o informe dado a 20-5-172I para o provisor do bispado de Coimbra pelo vigário Agostinho Ribeiro de Almeida.

(2)Ilegível o algarismo das dezenas. 

a)Aliás se chamava ele António Pinto Leitão (St.º Oficio − m. 29 − n.º 782). Teve carta de familiar em 10 de Setembro de 1694 e na petição inicial declarou-se morador na vila de Esgueira e que era filho legítimo do licenciado Pedro Leitão Pinto; natural de Mogofores e de Brites Godinho, natural de Esgueira; neto paterno de António Leitão, natural de Avelans do Caminho, freguesia de S. Vicente de Sangalhos, irmão inteiro e de legítimo matrimónio de Angela, Leitão, avó do reitor de Fermelã comissário do St.º Ofício, e de Maria Pinto, natural de Águeda; neto paterno de António Duarte Ferreira, natural do logar da Mourisca, e de Maria Gomes Godinho, irmã de legitimo matrimónio de Pedro Godinho Barbosa, avô de Agostinho Coelho de Figueiredo, familiar do St.º Oficio, natural de Esgueira.

Antônio Pinto Leitão, de quem eu tenho diversos apontamentos tirados do seu processo no St.º Ofício, não era muito abundante de bens, como lá se diz, mas era de gente nobre e principal da sua terra tanto por si como por seus pais, avós paternos e maternos». Lá vem à: baila que havia sido infamado de cristão novo por via de sua avó Maria Gomes Godinho, mas que tal se não provara. Era casado com Mariana da Costa Bombarda, filha legitima de João Gomes Bombarda e de Isabel da Costa, naturais de Aveiro; − neta paterna de André Gonçalves Loureiro, natural de Aveiro, freguesia de N.ª S.ª da Apresentação; neta materna de André Nunes da Costa e de Antônia Pacheco, também de Aveiro, freguesia de S. Miguel. Antônio Pinto Leitão não teve filhos de sua mulher.

Uma das testemunhas declarou que Antônio Leitão fôra irmão inteiro de Angela Leitão, avô materna do P.e Pantaleão Afonso Alfena, reitor de Fermelã, que foi comissário do St.º Ofício, de cujo cargo tomou posse em 18 de Maio de 1691. O P.e Pantaleão Afonso Alfena, reitor de Fermelã (M. I dil. 9 do St.º Ofício) era natural de Aveiro, freguesia da Apresentação, e filho legitimo de outro Pantaleão Afonso Alfena, morador em Aveiro e natural de Leça de Matozinhos, e de sua mulher Maria Ribeiro Leitão natural de Avelans do Caminho; neto paterno de Antônio Afonso Alfena e de sua mulher Catarina Pires de Matos; neto materno de Pedro de Oliveira, morador em Avelans e natural de Oliveira do Bairro, e de sua mulher Angela Leitão, natural de Avelans do Caminho, de quem foi filho Manuel Ribeiro Leitão, de Aveiro, e familiar do St.º Oficio. Pantaleão Afonso Alfena foi casado duas vezes e a primeira com Catarina de Figueiredo, irmã legítima do licenciado André de Figueiredo, natural de Aveiro, comissário do St.º Ofício, filhos de Manuel Domingues, também familiar, e de sua mulher Maria Dias, natural de Esgueira. (Nota de F. M. C.).

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