SOUBE
a Redacção deste Arquivo do Distrito de Aveiro
que algumas investigações se
têm feito para a história
do Cabido da Sé Catedral do Porto, algumas notas biográficas têm sido
publicadas e por isso insistiu pela
relação de cónegos pertencentes às freguesias do distrito de
Aveiro.
É grande o catálogo das dignidades, simples cónegos e
beneficiados do Cabido Portuense.
Desde 1614 está organizado o catálogo e é completo; para
além, muitos nomes tenho, mas a lista é muito incompleta. Os
dados biográficos, salvas raras excepções, são muito deficientes.
Das naturalidades, menos se sabe, porque os termos das
posses são muito lacónicos. Por isso, creio bem que a lista será
pequena, mas alguns nomes ficam neste Arquivo.
António Ferreira Pinto: É natural da freguesia de S. Mamede de Guisande,
no concelho da Feira, onde nasceu em Junho
de 1871. Fez o curso teológico do Seminário do Porto de 1889
a 1892 e a formatura em Teologia na Universidade de Coimbra,
que frequentou de 1892 a 1897. Em Setembro deste mesmo
ano, foi nomeado professor do curso teológico do Seminário.
Paroquiou a freguesia da Vitória, na cidade do Porto, de
Fevereiro de 1898 a Agosto de 1899, porque neste ano o
Sr. D. António Barroso entrou na posse da Diocese e escolheu-o
para seu Secretário particular. Em Outubro de 1906 tomou
posse da Vice-Reitoria do Seminário e da Reitoria em 1929.
Foi nomeado cónego e tomou posse em 3 de Dezembro de 1927.
António Soares de Carvalho e Lima: Era natural de Angeja
e, sendo simples minorista, tomou posse duma cadeira de beneficiado,
/ 232 / em 22 de Dezembro de 1772. Em 2 de Junho de 1778, foi provido
num canonicato de meia prebenda ou meio cónego.
António Teixeira Tavares de Vasconcelos: Natural da freguesia de Rossas,
no concelho de Arouca, tomou posse do canonicato em 8 de Novembro de
1799 e faleceu em 1 de Fevereiro de 1840. Foi sepultado em Rossas.
António Teixeira de Vasconcelos ou António Teixeira Brandão: Também
natural de Rossas e sobrinho do anterior, sendo simples clérigo
tonsurado, tomou posse do canonicato em 17 de Março de 1821, que nele
resignou seu tio. Em 1869, mandou construir a capela do Senhor de
Agonia, no lugar de Siqueiros e que actualmente está em ruínas. Faleceu,
no Porto, em 2 de Março de 1872 e o cadáver foi transportado para Rossas, sendo recebido por
toda a população com mostras de verdadeira simpatia e muito pesar.
Está sepultado na referida capela do Senhor da Agonia.
Bernardo José da Silva Tavares: Natural de Canedo, no
concelho da Feira, filho do Brigadeiro Bernardo José da Silva Tavares e
de D. Gertrudes Xavier Pereira Valente, doutorou-se na Faculdade de
Teologia da Universidade de Coimbra, em 3 de Outubro de 1830, sendo
nomeado cónego Magistral do Cabido de Lamego.
Por decreto de 21 de Agosto de 1856, foi nomeado cónego da Sé do Porto e
passada Carta Régia em 7 de Outubro seguinte. O doutor Tavares não se
conformou com os termos da carta e representou ao Governo para lhe ser
concedida a Conezia de Magistral. Passada nova carta, trazia no verso:
«por declaração e apostilha foi concedido ser Magistral no Porto, vago
pela morte do doutor Manuel Tomaz dos Santos Viegas». Recebeu a instituição canónica em 2 de Abril de 1857 e a posse no dia 8. Prometeu
e jurou guardar os Estatutos, cumprir as residências, a que estão
sujeitos todos os capitulares, sem se poder aproveitar dos privilégios dos antigos magistrais. Foi apenas um
Magistral honorário. Esteve algum tempo paralítico em Canedo e faleceu a
22 de Março de 1888 com a idade de 87 anos. Foi sepultado na sua
freguesia natal.
Francisco de Oliveira Correia: Natural de Ovar, tomou posse da cadeira
de beneficiado em 30 de Setembro de 1831 e faleceu no dia 1 de Março de
1862.
Henrique de Sequeira de Melo Monterroso: Natural de Oliveira de Azeméis,
em 1 de Agosto de 1792 tomou posse do canonicato que nele resignou seu
tio Bento de Sequeira
Monterroso e Melo. Morreu em Ovar a 28 de Junho de 1814
/ 233 /
e lá foi sepultado. Do termo da posse de Bento Sequeira não consta a
naturalidade, nem a de seu tio Luís de Carvalho Póvoas, que naquele
também resignou. Carvalho Póvoas foi pároco de Romariz, na Feira, cujo
registo assinou de 1707 a 1719. Nomeado cónego do Cabido Portuense,
tomou posse em 20 de Julho de 1718 e faleceu a 2 de Março de 1756,
ficando sepultado nos claustros da Catedral.
João Francisco dos Santos: É natural das Caldas de S. Jorge,
onde nasceu em 1891. Ordenou-se em 1914 com o curso teológico do
Seminário e em 1923 concluiu a formatura na Universidade Gregoriana, em
Roma. Foi professor do Seminário, pároco da Catedral e tomou posse do
canonicato em 15 de Junho de 1927. Está, actualmente, em Moçambique, como
secretário do Sr. Bispo, D. Teodósio.
Joaquim Manuel Valente: É natural de Válega, no concelho
de Ovar, onde nasceu em 1904. Fez os cursos teológicos do Seminário do
Porto e da Universidade Gregoriana, ordenando-se de presbítero em 1927.
Em 1929 foi nomeado professor de Teologia do Seminário do 'Porto e tomou
posse do canonicato em 29 de Junho de 1936.
Manuel Brandão de Vasconcelos: Natural de Rossas, concelho de Arouca, em
18 de Março de 1818 foi provido na meia prebenda que possuía o Dr. José
de Barros. Era ainda só clérigo e frequentava a Universidade de Coimbra.
Faleceu, em
Rossas, no dia 12 de Janeiro de 1832.
Manuel José de Sousa: Nasceu na Murtosa em 1895, tem o
curso do Seminário e da Universidade Pontifícia-Gregoriana, que concluiu
em 1923, sendo nomeado Prefeito e professor do Seminário. Em 1929, foi
nomeado professor de Teologia e
Vice-Reitor e em. 1934 partiu para Roma, onde desempenhou os cargos de
Vice-Reitor e Reitor no Colégio português. Retirou para o Porto em 1939
e continua como professor do Seminário. Em 15 de Junho de 1927 tomou
posse do canonicato.
Manuel de Oliveira Figueiredo: Era natural da freguesia
de S. Cristóvão de Oliveira do Cravo, tomou posse da cadeira de beneficiado em 26 de Fevereiro de 1828.
Sebastião Soares de Resende: Natural de Milheiros, no
concelho da Feira, onde nasceu em 1906, concluiu o curso do Seminário em
1928 e o da Universidade Gregoriana em 1933. Ordenou-se em 1928, foi
nomeado professor de Teologia em 1933, Vice-Reitor em 1934 e tomou
posse do canonicato em 29 de Junho de 1936.
/
211 /
Melchior Vaz Correia: Era natural da Vila da Feira e, em 7 de Fevereiro
de 1635, tomou posse duma conezia que vagou pela morte do cónego Manuel
Pinto. Foi nomeado pelo bispo D. Frei João de Valadares, de quem já era
Provisor. D. Frei João morreu logo em Maio seguinte, sendo nomeado Vaz
Correia para continuar como Provisor, e nomeado Vigário Geral o
licenciado Manuel Aguiar de Sousa. Melchior Vaz Correia continuou no
mesmo cargo com o novo bispo D. Gaspar do Rêgo da Afonseca e governador
nas ausências deste. D. Gaspar morreu em 1639 e o cónego Melchior foi
eleito novamente para a Sé vaga. Contribuiu muito para a aclamação de D.
João IV, no Porto, que se realizou no dia 8 de Dezembro de 1640. Foi
notabilíssima a acção de Melchior Vaz Correia contra a nomeação de D.
Francisco de Moura Coutinho Côrte Real para arcediago do Porto e anexo
de Meinedo.
D. Francisco era filho de D. Manuel de Moura Côrte Real, 2.º Marquês de
Castelo Rodrigo e neto do célebre D. Cristóvão de Moura, 1.º Marquês do
mesmo título, fidalgo português, mas traidor à sua terra e vendido a
Castela, e foi nomeado arcediago tendo apenas 5 anos de idade. Foram
estas e outras influências que conseguiram do Papa Urbano VIII a
nomeação do miúdo ou bebé para arcediago. Desde 1627 a 1635, Vaz Correia
sustentou arrojada campanha contra tal nomeação, até que, finalmente, D.
Francisco de Moura, ou alguém por ele, desistiu da dignidade e resignou
em favor de Luís da Gama, cuja posse foi em 9 de Setembro de 1635.
O processo encontra-se no Livro
n.º 759 do Arquivo do Cabido do Porto,
no Arquivo Distrital do Porto. Foi uma luta que notabilizou o Dr.
Melchior Vaz Correia e muito contribuiu
para a indisposição do Clero contra Castela.
Abençoada seja a memória deste ilustre filho da Feira.
Doutoral Luís Lopes de Almeida: À semelhança do que se
passou nas igrejas de Espanha, houve também nas Sés de Portugal duas
conezias, chamadas de oposição, porque eram
providas em rigoroso concurso. Uma era destinada a um Teólogo, doutor
ou licenciado e chamava-se conezia de Magistral; outra para doutor ou
licenciado em Direito Canónico, Civil ou ambos os direitos e
intitulava-se conezia de Doutoral. O Magistral era um conselheiro para
casos de consciência e o Doutoral um consultor nato do Cabido,
orientando-o nas questões jurídicas. Datam do século XVI.
O primeiro Magistral foi Balchior ou Belchior Caldeira, provido em 1570.
O Cabido teve 15 Magistrais e o último foi Manuel Tomaz dos Santos
Viegas, como já referi a propósito do Dr. Bernardo Tavares.
O primeiro doutoral foi André Vaz, provido em 3 de Janeiro de 1568; o
último, João Pedro Ribeiro, falecido em 4 de Janeiro
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de 1839. Teve o Cabido 30 doutorais. Luís Lopes de Almeida foi o
terceiro doutoral. Era natural de Esgueira, filho de Fernão Lopes, foi
provido em 20 de Novembro de 1577. Foi Provisor e Vigário Geral do bispo
D. Simão de Sá Pereira. Pelo bispo D. Jerónimo de Menezes e pelo Cabido,
o licenciado em Cânones Lopes de Melo com uma Comissão eleita pelo
Cabido foram encarregados de estudar todos os estatutos, determinações, costumes,
uns in Scriptis, outros introduzidos imemorialmente, confirmados pelos
Prelados, sempre sujeitos à variação dos tempos, devendo dar o seu
parecer o dito licenciado, e finalmente redigir outros novos Estatutos,
harmonizando-os com as leis e normas promulgadas pelo concílio
Tridentino.
Lopes de Almeida cumpriu a difícil Comissão de que foi incumbido e
apresentou os Estatutos com 96 artigos. Foram aprovados em 20 de Julho
de 1596, sendo ainda bispo D. Jerónimo
e deão o doutor António Pinto. Lopes de Melo faleceu com a peste em 19
de Março de 1600, da qual morreram mais dez
cónegos e o bispo D. Jerónimo. O bispo D. Simão de Sá
Pereira faleceu, em Tomar, no dia 11 de Abril de 1581. Sucedeu-lhe D. Fr.
Marcos de Lisboa, de 1582 a 1591 e a este D. Jerónimo de Menezes, de
1592 a 1600. O doutoral Lopes de Almeida prestou importantes serviços a
estes bispos e ao Cabido, do qual era membro ilustre.
Vicente Alves da Cruz: Natural de Oleiros, na Feira, tomou
posse de beneficiado em 6 de Abril de 1853.
José Pereira Godinho Andrade: Era natural de Oliveira de Azeméis,
tomou posse de beneficiado em 20 de Abril de 1773, e em 12 de Junho de
1775 passou para Abade de Retorta.
Aqui ficam estes nomes de clérigos que pertenceram e outros ainda
pertencem ao Cabido da Sé do Porto. Se descobrir mais algum natural do
Distrito de Aveiro, aqui será publicado em tempo oportuno.
Porto − 1939.
CÓNEGO A. F. PINTO |