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II
No
extinto Campeão das
Províncias, de 11, 18 e 25 de Agosto e 1 e 8 de Setembro de 1923,
publicou Marques Gomes artigos sobre «A estátua de José Estevam».
Convindo deixar no Arquivo uma notícia,
embora resumida, acerca da colocação da primeira pedra do
monumento e dos festejos que por ocasião da inauguração da
estátua se fizeram, vamos para isso servir-nos desses escritos do
falecido antiquário de Aveiro.
Dissemos no número anterior do Arquivo que a colocação
da primeira pedra se fez no dia 8 de Maio de 1880. Relata-a
assim Marques Gomes(1):
− «Às 11 horas sahia do Grémio
Moderno o cortejo, que devia receber a camara municipal nos
paços do concelho, e assistir à collocação da primeira pedra do
monumento. |
Auto de Inauguração do monumento erigido em 12-8-1889 à memória de
José Estêvão Coelho de Magalhães em Aveiro, na Praça da República.
Existente na Biblioteca da Escola Secundária José Estêvão
(Fotografia de HJCO - 2018) |
D'ahi dirigiu-se ao Largo Municipal, abrindo o
prestito a camara d'Aveiro, levando á sua direita os representantes das camaras de Castelo de
Paiva, Ilhavo e Sever do
Vouga. Seguiam-se-lhe o reitor do Liceu e corpo docente do mesmo estabelecimento scientifico, auctoridades, representante
do centro eleitoral republicano, associações, empregados das
diversas repartições publicas, socios do Gremio Moderno, com
missão encarregada de levantar o monumento, grande commissão
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promotora da exposição, commissão executiva da junta geral do districto,
a imprensa da localidade, e commissão executiva do Gremio, presidida por
Francisco Regala, capitão do porto d'Aveiro.
Chegado o cortejo ao logar onde tinha sido aberto o cabouco para a
collocação do cofre, o secretário da commissão dos artistas lavrou o
auto, que foi assignado por grande numero dos cavalheiros presentes, e
seguiu-se-Ihe o encerramento da lamina, auto, e moedas da época no cofre
de ferro, que foi conduzido pelo governador civil que era então Mendes
Leite e presidente da commissão dos artistas. Dois membros desta
commissão
tomaram depois a pedra fundamental e collocaram-na sobre a cavidade.
Em seguida foram convidados pelo presidente
da commissão para tomarem os
diversos utensilios o reitor do Liceu(2), presidente do Gremio e
director das obras publicas, e por elles entregues ao governador civil,
que depois de collocar nas junctas da pedra o cimento respectivo, bateu
com o camartello, dando-se assim termo á solemnidade, sendo por essa
ocasião levantados muitos vivas que foram calorosamente correspondidos.»
As festas da inauguração da estátua realizaram-se nos dias
11, 12 e 13
de Agosto de 1889, como já ficou dito no número anterior. Eis o
programa:
Dia 11: Pelas 10 horas da manhã, bodo aos pobres da
cidade, no Liceu; às 11 horas, inauguração da lápide comemorativa na
casa da Rua Larga, onde nasceu JOSÉ ESTÊVÃO, cerimónia em que tomaram
parte a Câmara Municipal, comissão dos festejos, autoridades,
funcionários; em seguida, romagem ao cemitério, para deposição duma
coroa sobre o túmulo do grande aveirense, junto do qual falaram os Drs.
Joaquim de Melo Freitas e Jaime de Magalhãis Lima; no de Mendes Leite,
onde falou Marques Gomes, e no monumento dos Mártires da Liberdade; às 4
horas da tarde,
tourada na praça do Campo de S. João (Rossio), à noite,
iluminação do Largo Municipal e sarau literário no Teatro Aveirense.
Dia 12: Alvorada, com várias músicas; às
11 horas, cortejo cívico,
organizado nas imediações da estação do caminho de ferro, o qual seguiu
pelas seguintes ruas: Visconde de S. Januário,
Gravito, Vera-Cruz, José Estêvão, Avenida Bento de Moura, Praça do
Comércio, Travessa da Praça, Alfena, Rainha, Fontes Pereira de Melo,
Ponte da Praça, Francisco Matoso, José Luciano de Castro, Arrochela,
Arribas, Sé, Jardim, Anselmo Braamcamp
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e Largo Municipal. A ordem do cortejo foi a seguinte: 1 − Câmara
Municipal de Aveiro e delegações das municipalidades do país; 2 − Empregados das secretarias e diversos
pelouros das municipalidades do distrito; 3 − Filarmónica
«Amizade» ; 4 − Carro dos Bombeiros Voluntários; 5 − Companhia dos Bombeiros Voluntários de Aveiro; 6
− Associação
dos Salvadores e Clube Fluvial; 7 − Associação Comercial
e comerciantes de Aveiro; 8 − Empregados do comércio;
9− Uma filarmónica; 10 − Carro triunfal do Comércio; 11 −
Grupo de marnotos; 12 − Operários da fábrica de loiça do Cojo; 13 −
Operários da fábrica da Fonte Nova; 14 − Filarmónica da fábrica da Vista Alegre; 15
− Operários da fábrica
da Vista Alegre; 16 − Operários da fábrica de vidros da Fonte
Nova; 17 − Operários da tanoaria do Cojo; 18 − Operários
da tanoaria da Estação; 19 − Artistas e operários de Aveiro;
20 − Uma filarmónica; 21 − Carro triunfal de Artes e Ofícios;
22 − Artistas e operários de Ilhavo; 23 − Associação Aveirense de
Socorros Mútuos das Classes Laboriosas; 24 − Direcção do Grémio Aveirense; 25
− Direcção do Teatro Aveirense;
26 − Direcção do Asilo. de S. João, de Lisboa: 27 − Grémio
Lusitano, de Lisboa; 28 − Outras associações de fora de Aveiro;
29 − Banda Marcial de Infantaria 4; 30 − Carro de flores;
31 − Representação dos poderes constituídos da Nação; 32 − Governador
Civil e Secretário Geral do Distrito; 33 − Junta
Geral do Distrito; 34 − Magistrados dos tribunais superiores;
35 − Magistrados dos tribunais judicial e administrativo; 36 −
Agentes consulares estrangeiros; 37 − Comandante .e oficialidade da cavalaria
n.º 10 e guarda fiscal; 38 − Oficiais reformados e
licenciados da armada e do exército; 39 − Veteranos
da Liberdade e funcionalismo das diversas repartições do serviço
público; 40 − Carro de flores; 41 − Grupo de trabalhadores agrícolas de diversos concelhos do Distrito; 42
− Grupo
de pescadores das companhas do litoral do Distrito; 43 − Uma
filarmónica; 44 − Carro triunfal de Marinha e Pesca; 45 −
Asilo-Escola Distrital; 46 − Colégio Aveirense; 47 − Colégio
Probidade; 48 − Academia Aveirense; 49 − Reitor e Professores do Liceu;
50 − Quadro tipográfico dos jornais de Aveiro; 51 − Redacção dos jornais da cidade e representantes da
imprensa do país; 52 − Representação da família de José
Estêvão; 53 − Comissão do Monumento; 54 − Uma filarmónica; 55 − Carro de flores;
56 − Piquête de cavalaria.
Ao meio dia, jantar oferecido aos presos pelas tricanas de
Aveiro; às 4 da tarde, tourada no Campo de S, João; às 6,
jantar oferecido pelo Dr. Barbosa de Magalhãis, presidente da
Comissão Executiva da Junta Geral, às comissões parlamentares
que vieram assistir aos festejos; de tarde e à noite, bailes
populares no Largo do Rossio; à noite, iluminação geral na cidade e no
canal que a divide
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Dia 13: Às 10 horas, passeio fluvial até
à Barra, o qual todavia, por
causa do vento, não pôde ir além da Cale da Vila (Gafanha ); à noite,
iluminação no Largo Municipal e na fábrica da louça da Fonte Nova,
coroação do busto de José Estêvão e récita de amadores no Teatro
Aveirense.
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Auto de Inauguração do retrato de José Estêvão Coelho de Magalhães,
que os estudantes da Cidade de Aveiro mandaram colocar na Biblioteca do
Liceu Nacional da mesma Cidade, actualmente na Biblioteca da Escola Secundária
que o tem como patrono.
(Fotografia de HJCO - 2018) |
NOTA − Ao ARQUIVO impende ainda o dever de registar em suas Páginas as
comemorações que em Aveiro se fizeram por ocasião da passagem do
primeiro centenárío do nascimento do grande tribuno liberal, em Dezembro
de 1909. Logo que tenhamos colhido todos os elementos, aqui prestaremos
mais essa homenagem em memória do ilustre cidadão português, filho de
Aveiro, que tanto honrou a sua terra e o seu país.
JOSÉ PEREIRA TAVARES |