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Memória sobre Aveiro do Conselheiro José Ferreira da Cunha e Sousa

IX - Cemitério

Também é obra posterior a 1834 a construção do cemitério público, em parte da cerca do convento de S. Domingos. Não se olhou para a construção dele, senão ao lado económico, pois que o terreno foi cedido para esse fim.(8)

Foi pena, pois que era este sítio um dos melhores para construções, com lindas vistas e em uma elevação que deveria tornar apreciados os prédios que se construíssem.

Até 1838, em que o cemitério foi construído, faziam-se os enterramentos nas igrejas, ou nas dos conventos de frades, se assim o tinham desejado e recomendado.

Os frades eram sepultados nos seus claustros e vendiam as sepulturas das igrejas aos seculares que, sem prejuízo dos direitos paroquiais, ali queriam ser sepultados.

E os frades de Santo António vendiam hábitos usados para mortalhas, pois que naquele tempo nenhum cadáver deixava de ser amortalhado em hábito de frade ou de freira, segundo o seu sexo.

 
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(8) O primeiro enterramento no cemitério fez-se no dia 12 de Dezembro de 1835, e foi sepultado Francisco de Almeida, carpinteiro, da rua do Espírito Santo. Esteve por sepultar durante três dias, porque o povo não queria que ele fosse enterrado nos canoilos (assim chamava o povo àquele terreno, por ter ainda os canoilos do milho, ultimamente ali semeado). Tinham-lhe aberto sepultura na igreja do Espírito Santo e outra na igreja da Ordem Terceira. [Nota de JOSÉ FERREIRA DE SOUSA]

 

 

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