CRISTO
À cabeceira tenho do meu leito
Um velho Cristo, antigo crucifixo,
À noite o seu olhar quando me deito,
Sobre mim sinto tristemente fixo...
Da cruz onde Ele jaz e onde padece,
Toda a carícia astral dos seus olhares,
Como uma bênção do Céu sobre mim desce,
Acalmando-me as mágoas e os pesares.
Mas se do leito me ergo e acaso o fito
Da lâmpada à luz dúbia. Ele me assombra:
Julgo ver na parede (e abafo um grito)
Horrorizado a minha própria sombra!
S. Paulo (Brasil)
Raul do Vale
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