Cabeçalho da página de Sérgio Paulo Silva e hiperligação para a hierarquia superior.

Sérgio Paulo Silva, Que Saudades do Mar,  1ª ed., Estarreja, 1998, 16 pp.

Arrastava a sua asa mutilada numa manhã inundada de sol quando, subitamente, reparou que qualquer coisa se movia junto do pé de uma coroa-de-rei.

É engraçado, um búzio aqui, como eu, tão longe do mar! – Pensou incrédulo. Olhou-o, olhou-o e com o bico tocou-lhe para ver se não seria uma miragem.

O caracol, quando sentiu aqueles olhos fixos e a casa a rebolar, ficou transido de medo: «vou ser comido!» E o pavor que sentia era tão grande que perdeu os sentidos.

Acordou quando o frio da noite chegou. Longos minutos permaneceu imóvel, sem mexer um só poro... Espreitou: nada! Do grande pássaro nada restava. A noite crescia em volta, temida por Deus. Depois, esticou um pouco mais o pescoço e começou a erguer os seus corninhos.

Nem quis comer nessa noite. Depois de ter olhado bem à sua volta, lá foi para o seu buraco no tijolo, deixando atrás de si uma vagarosa estrada de baba.
 

Página anterior Página inicial Página seguinte