Sérgio
Paulo Silva, Que Saudades do Mar, 1ª ed., Estarreja,
1998,
16 pp. |
Puseram-lhe um nome esquisito e
encarregaram o filho do jardineiro de o alimentar com peixes, para que
pudesse viver e se ligasse afectuosamente às pessoas.
Cativo e amestrado pela fome, o corvo
seguia-os e olhava-os sempre com um olhar espelhado de tristeza, como se
tudo fosse imaginário e distante. Errava pelo jardim e lembrava-se
muitas vezes dos rochedos, onde o mar quebrava as suas ondas, dos navios
que passavam, do céu, que às vezes era de sangue, e sonhava, sonhava
muito.
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