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Sérgio Paulo Silva, Que Saudades do Mar,  1ª ed., Estarreja, 1998, 16 pp.

Nada é nunca para sempre. A bela cegonha que vem escolher o seu ninho em Março, um dia não chegará... E, tal como o melro deixou de acordar com os seus gorjeios as madrugadas nos loureiros, também o caracol um dia partiu, deixando vazia e inútil a casa que tanto tempo havia carregado às costas, perto do seu buraco no tijolo.

Vieram as chuvas. A terra encheu o ar com o seu aroma entontecedor e os sapos partiram em viagem pela negra estrada de alcatrão.

Outros caracóis subiram o velho muro e invadiram o jardim e de novo o buraco do tijolo serviu de refúgio, porque lá, quem sabe, também se podiam esconder a cobra traiçoeira e a feia lagartixa...

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