O convite feito a Reinaldo de Oudinot, incluía também seu genro, Luís
Gomes de Carvalho, por ser oficial da arma de engenharia do exército de
Portugal, entidade que até à
proclamação da República 1910, sempre e só incluíra, unicamente, os
filhos de famílias nobres ou distintas, fossem escorreitos ou não,
física ou intelectualmente, de tal modo que,
mesmo o Príncipe Regente, à época, teria dificuldade em nomear o Oudinot,
sem o oficial de engenharia que era o genro.
Ora este homem, fora um súbdito francês aparecido entre nós, Portugal,
cerca de 1761/62, sem que nada dele se saiba antes da sua chegada, senão
vagamente que, fora
engenheiro do exército de França, quando este país, era o centro do
mundo civilizado.
Assim, não só pelo seu porte como conhecimentos demonstrados, por
despacho de 03-09-1763 fora integrado no exército de Portugal, porém e
apenas como ajudante da arma de
infantaria. Daqui, a convocatória a Reinaldo de Oudinot associado ao
genro.
De verdade sabe-se apenas que, este francês quando chegado a Portugal se
casara, de cujo matrimónio houve uma filha Maria Paula de Oudinot que
casara com Gomes de
Carvalho, e este obviamente genro de Oudinot.
Ora o Reinaldo Oudinot, para atender ao contrato, alojara-se em Aveiro,
ou talvez, suponho eu, em algum barraco em S. Jacinto,
dado à época, haver já, várias artes de xavega naquela costa que,
como bem sabemos, eram constituídas por, além da rede e barco, também de
um palheiro onde a companha pernoitava, pronta e ás ordens para fazerem
os lanços do ensejo, que
se aprestam
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aos crepúsculos, no declínio do Sol sobre a superfície das águas,
matutino e vespertino.
E também não terá sido ali, em conversa com algum arrais pescador, que
sempre os houve espertos e sabedores, embora sem palavras para se
expressar e a quem ouvira dizer,
que na costa a água nem sempre correr para o mesmo lado, pois umas vezes
e acentuadamente ao sul, porém outras vezes para norte.
Quem estragara o futuro da Laguna fora o Príncipe D. João, ao retirar de
Aveiro o Oudinot, mandando-o para a Madeira, acudir as trágicas cheias
dos rios e ribeiros na época das
chuvas, a inundarem Funchal.
Estou em crer que, se o tivessem mantido na Laguna, a barra nunca teria
sido, senão aberta pelo sul da muralha e então sim, teríamos tido o
porto de Aveiro, com barra aberta
desde 3 de Abril de 1808, para sempre, ad aeternum.
Mas em seu lugar ficara o engenheiro militar Gomes de Carvalho, que a
única coisa que teria na cabeça era o chapéu de três bicos e, de
certeza, espada em bainha com castão
de marfim e ouro, de encantar.
Noção do que e para que, seria o molhe de meia laranja, imaginado pelo
sogro, não vejo jeito de ele saber ou imaginar, pois quem abre uma barra
no areal, por norte da muralha,
não merece ter o seu nome fixado em artéria da cidade.
Valera que, as isóbaras da alta pressão dos Açores, se deslocarem
ligeiramente mais a sul, pelo que a barra abrira nas imediações da
Vagueira, onde se manteve cerca de 50
anos.
Até que em Abril de 1855, com o entusiasmo político e dinâmica
subsequente, levara à construção parcial da estrada a caminho da barra,
onde apenas existia o molhe, projectado
por Oudinot, porque a abertura da Laguna ao Oceano, ainda andava ao
tempo, abrir e a fechar pela Vagueira.
No entanto, fora a partir daqui que, o povoado da Gafanha da Nazaré
iniciara a sua dinâmica, a dar a grande cidade que hoje é.
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Em 29 de Junho de 1858, porém fora incumbido das obras da barra de
Aveiro o Engenheiro Silvério Augusto Pereira da Silva
que, dinâmico e obstinado, mas também pouco lúcido, isto já no período
das inovações e descobertas, como as luzes, telégrafo e outros inventas,
desatara a escavar areia,
abrindo a barra outra vez por norte da muralha.
E, para acabar de atar os molhos, ou talvez, melhor dito, por estarmos a
tratar de coisas do mar, permitam que eu repita o que dizia o meu avô,
Manuel Pelicas, que fora a vida
inteira, mestre de iate costeiro: Em cima de barda, arrocho!
Pois o Engenheiro Silvério Pereira não só reabriu outra vez a barra por
norte da muralha, como instigara o tribuno José Estêvão a solicitar à
Câmara dos Deputados e ao
Governo um farol, que fora construído e inaugurado em 31 de Agosto de
1893 por Bernardino Machado, sendo Ministro das Obras Públicas, como que,
para a barra de Aveiro,
fosse a única coisa que faltasse, um farol, a ver-se a 25 milhas ao
largo da costa, a chamar atenção que ali era a barra de Aveiro.
É coisa de bradar aos céus, o farol fora edificado onde, ia jurar,
Reinaldo Oudinot tinha reservado para a barra passar, isto é, pelo sul
da muralha que projectara e fora construída.
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