Tenho confiança
na justiça... A justiça funciona... A justiça não funciona... Deixem
funcionar a Justiça...
Ouvimos e lemos,
todos os dias, nas situações mais diversas, estas frases ou outras
parecidas, a propósito de todo e qualquer caso, sujeito a alguma
mediatização, a decorrer nos nossos tribunais.
Na mesma conversa, a seguir a uma destas frases, vem sempre a
“douta” opinião de quem a profere, adaptando-a às suas
conveniências. Isto é, quem ouve/lê leva com a mesma frase vezes sem
conta, sempre com significado diferente.
Portanto, o ouvinte/leitor, homem comum, fica sempre sem saber se a
justiça é boa ou má, se funciona ou não, se deve ou não confiar
nela.
Se as situações metem “gente grande”, então é que o embaralhamento
toma tais proporções, que o homem de cérebro limpo/simples perde
absolutamente o norte, sendo óbvio que chegou a esta situação
empurrado intencionalmente. Quanto mais confuso e demorado, tanto
melhor para o culpado com poder e dinheiro.
Ultimamente, já há demasiado tempo, tem estado na ordem do dia o
chamado caso Casa Pia. Neste caso então a confusão/vergonha é
total, às frases com que iniciamos este texto juntam-se outras que
tais. Os golpes de cintura seguem-se uns aos outros sem fim à vista.
Qualquer um tem opinião. Toda a gente defende este ou aquele,
fazendo-se até manifestações e banquetes de apoio.
Mas, espanto dos espantos, ninguém fala das crianças/vítimas, e,
sinceramente, é de temer que, de modo hábil e sub-reptício, nos
tentem levar a acreditar que as crianças são culpadas de serem
vítimas.
Luís Jordão
Março de 2004 |