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rondam os
gafanhotos a flor do basalto
onde se enrola o fio da sede e as ilhas
balançam no sono do mar: ao largo
enjoam europas de sobressalto e asas
rasam vigílias esfomeadas no estupor
das achadas. não se calam esperanças,
não se matam vontades nem testemunhos.
do opróbrio zarpámos
e na rocha nos alapamos
sobreviventes.
a vírgula inquieta-se como o gafanhoto
para saltar sobre a secura: as dúvidas
são acácias empestando o pensamento
e ludibriam a luxúria verde – na raiz
medra o sequeiro. tudo estiola
e é paixão arrefecida no calor das tardes:
tudo estiola como secam as vontades.
é o novelo da mágoa
que escorrega das fragas
e nos faz resistentes.
a alegria da noite humedece o covão
e o chão fervilha a bonomia da água
– já o milho canta. e já a cana escorre:
há o amor desfazendo leitos. rumores
de seivas esquentando a garganta
empinam a ternura e dão fôlego à carne
: arde a esperança: a coragem não morre.
fixamos os pés
e desafiamos a dor
surpreendentes.
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