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Luís Jordão

    ■  Editorial
 
... E O MEU PATRÍCIO JOÃO TAPADAS CONCLUI

No meu país, europeu, hoje, a injustiça continua a grassar sem peias, os pobres, no mais doloroso sentido do termo, contam-se aos milhões. Há quem nem sequer consiga tratar das mais simples maleitas, especialmente, como sempre, os velhos e/ou desfavorecidos, porque os médicos não chegam a/para eles. O fosso entre ricos e pobres é cada vez mais largo e mais fundo. A cultura é tratada como coisa de somenos importância. Alimenta-se, de modo científico, o consumismo até ao absurdo. A trilogia dos efes é de novo (se é que alguma vez deixou de o ser) utilizada para desviar a atenção de todos e de cada um de nós dos reais e incontornáveis problemas do quotidiano (como dizia, com irónica tristeza, a minha avó Maria: pobretes mas alegretes), acenando-nos os futpatriotas (de bizarros e apalhaçados atavios) com bandeirinhas portuguesas de papel, os batinados (crucifixo de ouro ao pescoço) com o lindo futuro de doces anjinhos, se não levantarmos ondas, cantando-nos os outros o destino tendo em fundo os harmoniosos e inocentes acordes da viola e da guitarra.


Entretanto, como acima dizemos, distraída e descontraidamente, vamos comprando de tudo um pouco (supérfluo incluído) mesmo sem dinheiro, criando dividas que nunca mais acabam, enchendo assim, com juros sobre juros e mais juros dos juros, tudo legal, os alforges de todos os agiotas, especialmente os pomposamente chamados de instituições bancárias.


No meu país, europeu, hoje, o desemprego e o trabalho incerto, criam e alimentam a duvida e a dor. A corrupção, a fraude, o tráfico de influências e o proxenetismo são coisas banais. Por isso, cresce a olhos vistos o medo das represálias e, logo, por concomitância, a terrível auto censura comportamental, não vá o diabo tecê-las...


Face a isto e ao muito mais do mesmo, obviamente, a tão ambicionada/sonhada liberdade porque muitos lutaram, continua a ser uma coisa perdida na lonjura por entre a bruma da utopia.


Portanto, e sem qualquer sombra de dúvida, no meu país, europeu, hoje, como conclui, cansado do papão do défice, consciente e sempre inconformado, o meu patrício João Tapadas: embora em contexto diferente, é certo, o vento ainda "cala a desgraça" no meu país, a arte e a escrita dos não vendidos são um grito de revolta, e a cantiga ainda "é uma arma" que tem que continuar a ser usada, porque é da maior importância não deixar de "avisar a malta".

 

Luís Jordão

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