Aurélio Guerra, Indústria Vidreira no concelho de Oliveira de Azeméis. Subsídios para a sua história. Maio, 1991/1994, págs. 49 a 53.

Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Ldª - Sival
(Fábrica de Botões de Vidro)

 

No Diário do Governo de 6 de Abril de 1942 foi publicado um despacho do Sub-Secretário de Estado do Comércio e Indústria do seguinte teor:
 

"Autorizado António Lopes Resende a instalar uma oficina de fabrico de artigos de vidro em local a designar no concelho de Oliveira de Azeméis, utilizando um forno-mufla para fusão e cozedura de vidros e tintas vitrificáveis com a capacidade de 20 quilogramas, quatro maçaricos, quatro / 50 / prensas ou balancés de bancada manuais, três engenhos mecânicos de lapidar, um engenho mecânico de polir, um engenho mecânico de juntar e furar, um compressor de ar, um engenho de foscagem e uma mufla para cozedura de tintas vitrificáveis, sob as condições do vidro para usos clínicos satisfazer às prescrições em vigor, isto é, ao que se encontra estabelecido pela Farmacopeia Portuguesa e de a instalação estar concluída no prazo de doze meses."

 

 

Ainda no mesmo ano e quando as instalações se encontravam em construção, foi requerido o aumento da capacidade de fusão, que foi deferido em 21 de Dezembro, com o seguinte despacho:

 

"Autorizado António Lopes Resende a instalar um forno mufla com a capacidade de 100 quilogramas, em vez do de 20 quilogramas que devia montar na oficina de artigos de vidro a instalar no concelho de Oliveira de Azeméis, autorizado por despacho do Sub-Secretário de Estado do Comércio e Indústria de 30 de Março de 1942, sob as seguintes condições: de o forno em questão se destinar apenas aos artigos que lhe foram autorizados pelo mencionado despacho e de a instalação estar concluída no prazo de doze meses."

 

 

A ideia da instalação de uma fábrica de botões de vidro, ficou a dever-se a António de Abreu e Sousa, técnico vidreiro multifacetado e muito competente, que por se encontrar vinculado à Fábrica "A Bohémia" como encarregado das oficinas de acabamento e decoração, sugeriu aos seus três futuros sócios que do processo para a obtenção do alvará não figurasse o seu nome.

 

   
 

1943 – Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Ld.ª – SIVAL (pág. 52) Obs.: Fábr. de botões de vidro.

 

 

Indeferido pela Direcção Geral do Comércio o registo da denominação "Oficina de Vidros La-Salette, Ld.ª" por a mesma se confundir com outra lá inscrita e obtido deferimento daquela Direcção Geral para o registo da denominação / 51 / "Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Ld.ª – Sival", foi a escritura da sua constituição lavrada em 28 de Novembro de 1942, nas notas do notário Dr. Mário Ramos, da Secretaria Notarial de Oliveira de Azeméis. Subscreveram esse instrumento notarial os seus sócios fundadores António de Abreu e Sousa Júnior, casado, industrial, António Lopes Resende, casado, industrial, Narciso Ferreira Tavares, solteiro, industrial e Domingos José de Pinho, casado, comerciante, todos residentes em Oliveira de Azeméis, constando do seu principal clausulado:

 

 

"... Esta sociedade comercial por quotas, fica com a sua sede nesta vila e estabelecimento fabril e escritório, nos limites de Lações de Cima, junto ao Parque de La-Salette; o seu objecto é o fabrico e comércio de botões de vidro e artigos atinentes; o capital social é de vinte mil escudos em dinheiro, integralmente realizado pelos quatro sócios, com cinco mil escudos cada um; a sociedade será representada em juízo ou fora dele, activa e passivamente por todos os sócios, que ficam nomeados gerentes com dispensa de caução, havendo um director técnico a quem competirá, além daquelas funções, exclusivamente a direcção da fábrica; esse director é o sócio António de Abreu e Sousa Júnior, que fica desde já nomeado por todo o tempo que durar a sociedade, salvo o direito à sua renúncia a este cargo..."

 

 

Na mesma data e notário, foi subscrita por José Lino Pires e esposa, na qualidade de vendedores e por Narciso Ferreira Tavares, como comprador em nome da Sival, uma escritura de venda/compra de,

 

 

"... Um pedaço de terreno lavradio e monte, com suas pertenças e servidões, dividido e demarcado para o efeito de construção urbana, que fica a formar um prédio distinto, sito em La-Salette, limites de Lações de Cima, desta vila de Oliveira de Azeméis..."

 

 

/ 53 / Nessa época, a estrada com que confina o terreno vendido, (hoje Rua Domingos José da Costa), apresentava já características para a criação de uma bela e aprazível zona habitacional, mas, apesar disso e ainda do terreno se encontrar "dividido e demarcado para o efeito de construção urbana", os homens-bons da terra não tiveram relutância em autorizar que em tal terreno fosse edificada uma unidade industrial.

A fábrica da Sival iniciou a laboração em fins de 1943 e se nos primeiros anos tudo correu pelo melhor, em 1948, porém, com génese na "invasão" dos plásticos e nos caprichos da moda feminina, os botões de plástico substituíram radicalmente e com vantagem, pela sua leveza, os botões de vidro. Nem o expediente de construir um outro forno, com mais capacidade de fusão e o início do fabrico de diversos artigos de "ménage" viria a resolver os problemas que começaram a atormentar os seus sócios. Em 24 de Fevereiro de 1953 o sócio António Lopes Resende fez a cedência da sua quota aos três sócios e ainda nesse ano, a fábrica cessou a actividade, tendo sido vendida ao Centro Vidreiro do Norte de Portugal, Ld.ª, por escritura subscrita em 18 de Fevereiro de 1955, perante o notário Dr. António Bernardo da Costa Pereira de Sá Couto.

Em Maio de 1956 a gerência do Centro Vidreiro reiniciou a laboração da ex-fábrica da Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Ld.ª – Sival, fabricando artigos de uso doméstico e depois de uma paralisação de Janeiro de 1961 a Maio de 1962, esta fábrica cessou definitivamente a actividade, em Agosto de 1966.

Esta foi a sétima e última fábrica de vidros que se instalou no Concelho de Oliveira de Azeméis, já que, e por razões que não me foi possível averiguar, o alvará concedido a Aires Roque, por despacho da Direcção Geral de Indústria datado de 26 de Novembro de 1943 para a instalação de uma fábrica de vidros em Oliveira de Azeméis, utilizando 1 forno com 4 potes com a capacidade de 400 quilogramas de vidro branco cada um e 4 safroeiros destinados a cores, cada um deles com a capacidade de 80 quilogramas, não chegou a ser concretizado, pelo que, ao abrigo do item 42 do despacho daquela Direcção-Geral se deu a caducidade do alvará.

 

 

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