"A D. FERNANDO"
é considerada pelo "Cols Bleus", revista da Marinha francesa, edição n.º
2073, de 24 de Março de 1990, como o 8º navio de guerra mais antigo do
mundo e consta no "Internacional Register Of Historic Ships", publicação
editada com o patrocínio do "World Ship Trust" — organização com sede em
Londres, que tem como objectivo primário elaborar um registo
internacional de navios e de outros tipos de embarcações históricas
ainda existentes, já preservadas e em exibição ou merecedoras de
recuperação, de restauro e exposição pública.
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Os restos do navio no mar da
Palha em preparação para reflutuação com intervenção dos
mergulhadores da Armada. |
Este belo
veleiro, que durante anos foi um verdadeiro ex-libris do Tejo e serviu
de modelo a muitos pintores, como o Rei D. Carlos, esteve no estuário
deste rio, encalhado e adornado sobre bombordo, durante três décadas,
teimando em mostrar que o desgaste natural do tempo não se devia
sobrepor ao esquecimento dos homens.
Em 2 de Outubro
de 1990, foi assinado um protocolo entre a Marinha e a Comissão Nacional
para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, com o objectivo de
se levar por diante o projecto de recuperação da Fragata "D. Fernando".
O Protocolo
então celebrado integra as linhas de acção orientadoras, tendo presente
que a fragata "D. Fernando II e Glória" é a digna representante das
tradições das caravelas, naus e fragatas portuguesas que durante vários
séculos escreveram as mais gloriosas páginas da nossa história. Devendo
considerar-se um verdadeiro monumento nacional, e sendo imperativo moral
de todos os portugueses a conservação e valorização do nosso património
cultural, entendeu a Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses e a Marinha aglutinarem todos os esforços que
conduzissem à recuperação da fragata. A reconstrução e restauro do navio
foi então confiada à Marinha e o Arsenal do Alfeite foi o organismo
encarregado de executar a obra. Este projecto, considerado pelo Governo
como de interesse cultural e enquadrado na Lei do Mecenato, foi de
imediato alvo do interesse de muitas empresas públicas e privadas,
Fundações, Instituições, etc., que assim, em conjunto com o Estado
Português, contribuíram financeiramente para a reconstrução da Fragata.
Para
acompanhamento deste projecto foi constituída uma Comissão Mista com
representantes dos signatários do Protocolo, a quem o Arsenal do Alfeite
apresentará anualmente contas e prestará os necessários esclarecimentos
sobre o andamento do mesmo.
Entenderam os
Ministros que tutelam as entidades signatárias do Protocolo que, pela
importância e interesse público na plena realização deste projecto, a
presidência da referida Comissão fosse cometida ao Almirante Andrade e
Silva, protagonista desta iniciativa, conhecedor de todo o processo dado
o seu papel preponderante desempenhado enquanto Chefe do Estado-Maior da
Armada, e que pela sua dedicação e empenho pessoal é portador de todas
as condições para concluir este projecto em pleno sucesso. Por despacho
conjunto do Ministro de Defesa Nacional e do Ministro Adjunto e da
Juventude de 24 de Janeiro de 1991, foi conferido ao Almirante Andrade e
Silva a presidência desta Comissão Mista e o mandato para junto da
Marinha Portuguesa, da Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses ou quaisquer outras entidades públicas ou
privadas, representar pessoalmente ambos os ministros em todos os
assuntos que respeitem ao presente projecto.
Foi também criada
pelo Despacho n.º 63/90 do Almirante CEMA, de 16 de Outubro, uma
Comissão Executiva para a recuperação da
/ pág. 19 / Fragata, órgão especificamente destinado a
assegurar um vasto conjunto de actividades requeridas para a execução do
projecto. Designada abreviadamente por "Comissão Fragata D. Fernando",
funciona na dependência directa do Almirante CEMA com o objectivo de
promover, dinamizar e acompanhar a execução do projecto de recuperação
do navio, designadamente na orientação do Arsenal do Alfeite em tudo o
que respeita ao projecto de recuperação da Fragata, apresentando
relatórios periódicos sobre a situação global do programa, com base em
dados técnicos e financeiros fornecidos pelo Arsenal do Alfeite,
divulgando as diversas fases do desenvolvimento do projecto,
sensibilizando entidades públicas e privadas, tendo em vista a obtenção
de fundos, estabelecendo contactos com instituições, organismos ou
personalidades de reconhecido mérito na área histórico-cultural,
organizando um arquivo de toda a documentação relativa ao projecto e
finalmente estudando e propondo normas para a utilização futura da
fragata, de acordo com os parâmetros fixados no protocolo celebrado
entre a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
Portugueses e a Marinha.
Esta Comissão
Executiva teve como seu primeiro Presidente o Almirante REF. Souto Cruz,
que se manteve em funções até 22 de Maio de 1991, tendo-lhe sucedido no
cargo o CMG RES. Martins e Silva, vogal da citada Comissão e seu actual
Presidente.
Actualmente integram
esta Comissão como vogais os CMG RES Pacheco Medeiros e Malhão Pereira,
o CFR ECN RES Óscar Mota, o CFR AN RES Monteiro Coelho, todos desde a
sua criação, e o CFR Tavares Martins do Gabinete do ALM CEMA, desde 30
de Julho de 1997. |