A Recuperação da fragata "D. Fernando II e Glória", in: "Revista da Armada", n.º 305 e 306, Jan. e Fev. 1998.


2. O PROJECTO DE RECUPERAÇÃO DA FRAGATA
REVISTA DA ARMADA”, n.º 305, Janeiro 1998, págs. 18 e 19.

"A D. FERNANDO" é considerada pelo "Cols Bleus", revista da Marinha francesa, edição n.º 2073, de 24 de Março de 1990, como o 8º navio de guerra mais antigo do mundo e consta no "Internacional Register Of Historic Ships", publicação editada com o patrocínio do "World Ship Trust" — organização com sede em Londres, que tem como objectivo primário elaborar um registo internacional de navios e de outros tipos de embarcações históricas ainda existentes, já preservadas e em exibição ou merecedoras de recuperação, de restauro e exposição pública.

Os restos do navio no mar da Palha em preparação para reflutuação com intervenção dos mergulhadores da Armada.

Este belo veleiro, que durante anos foi um verdadeiro ex-libris do Tejo e serviu de modelo a muitos pintores, como o Rei D. Carlos, esteve no estuário deste rio, encalhado e adornado sobre bombordo, durante três décadas, teimando em mostrar que o desgaste natural do tempo não se devia sobrepor ao esquecimento dos homens.

Em 2 de Outubro de 1990, foi assinado um protocolo entre a Marinha e a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, com o objectivo de se levar por diante o projecto de recuperação da Fragata "D. Fernando".

O Protocolo então celebrado integra as linhas de acção orientadoras, tendo presente que a fragata "D. Fernando II e Glória" é a digna representante das tradições das caravelas, naus e fragatas portuguesas que durante vários séculos escreveram as mais gloriosas páginas da nossa história. Devendo considerar-se um verdadeiro monumento nacional, e sendo imperativo moral de todos os portugueses a conservação e valorização do nosso património cultural, entendeu a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e a Marinha aglutinarem todos os esforços que conduzissem à recuperação da fragata. A reconstrução e restauro do navio foi então confiada à Marinha e o Arsenal do Alfeite foi o organismo encarregado de executar a obra. Este projecto, considerado pelo Governo como de interesse cultural e enquadrado na Lei do Mecenato, foi de imediato alvo do interesse de muitas empresas públicas e privadas, Fundações, Instituições, etc., que assim, em conjunto com o Estado Português, contribuíram financeiramente para a reconstrução da Fragata.

Para acompanhamento deste projecto foi constituída uma Comissão Mista com representantes dos signatários do Protocolo, a quem o Arsenal do Alfeite apresentará anualmente contas e prestará os necessários esclarecimentos sobre o andamento do mesmo.

Entenderam os Ministros que tutelam as entidades signatárias do Protocolo que, pela importância e interesse público na plena realização deste projecto, a presidência da referida Comissão fosse cometida ao Almirante Andrade e Silva, protagonista desta iniciativa, conhecedor de todo o processo dado o seu papel preponderante desempenhado enquanto Chefe do Estado-Maior da Armada, e que pela sua dedicação e empenho pessoal é portador de todas as condições para concluir este projecto em pleno sucesso. Por despacho conjunto do Ministro de Defesa Nacional e do Ministro Adjunto e da Juventude de 24 de Janeiro de 1991, foi conferido ao Almirante Andrade e Silva a presidência desta Comissão Mista e o mandato para junto da Marinha Portuguesa, da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses ou quaisquer outras entidades públicas ou privadas, representar pessoalmente ambos os ministros em todos os assuntos que respeitem ao presente projecto.

Foi também criada pelo Despacho n.º 63/90 do Almirante CEMA, de 16 de Outubro, uma Comissão Executiva para a recuperação da / pág. 19 / Fragata, órgão especificamente destinado a assegurar um vasto conjunto de actividades requeridas para a execução do projecto. Designada abreviadamente por "Comissão Fragata D. Fernando", funciona na dependência directa do Almirante CEMA com o objectivo de promover, dinamizar e acompanhar a execução do projecto de recuperação do navio, designadamente na orientação do Arsenal do Alfeite em tudo o que respeita ao projecto de recuperação da Fragata, apresentando relatórios periódicos sobre a situação global do programa, com base em dados técnicos e financeiros fornecidos pelo Arsenal do Alfeite, divulgando as diversas fases do desenvolvimento do projecto, sensibilizando entidades públicas e privadas, tendo em vista a obtenção de fundos, estabelecendo contactos com instituições, organismos ou personalidades de reconhecido mérito na área histórico-cultural, organizando um arquivo de toda a documentação relativa ao projecto e finalmente estudando e propondo normas para a utilização futura da fragata, de acordo com os parâmetros fixados no protocolo celebrado entre a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e a Marinha.

Esta Comissão Executiva teve como seu primeiro Presidente o Almirante REF. Souto Cruz, que se manteve em funções até 22 de Maio de 1991, tendo-lhe sucedido no cargo o CMG RES. Martins e Silva, vogal da citada Comissão e seu actual Presidente.

Actualmente integram esta Comissão como vogais os CMG RES Pacheco Medeiros e Malhão Pereira, o CFR ECN RES Óscar Mota, o CFR AN RES Monteiro Coelho, todos desde a sua criação, e o CFR Tavares Martins do Gabinete do ALM CEMA, desde 30 de Julho de 1997.


 

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