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De vara ao peito

 

Nasceu com a brisa da praia mansa                               

Nos olhos o mar, na boca a maresia

Dormita em lençóis de areia fria

Ao som das marés é que descansa

 

É marnoto? É marinhão? É moliceiro!

Alma envolta na vela, que faz frio

A garra lavrando a Ria em desvario

Para ser de entre todos o primeiro

 

Na proa tranca os medos de menino

Ao leme enfrenta a sina com coragem

De fé e vara ao peito se faz a viagem

Que é crença e luta e raiva e desatino

 

E se a faina se arrasta a horas mortas

Cruzando os canais pardos, medonhos

Vai bolinando em vagas de sonhos

E é no sonhar que endireita as costas

 

Francisco José Rito

 

 

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04-05-2018