Maria
da Nazaré
Tem o
seu nome bordado
Nas
rodas de um cachené
Painel há muito guardado
Anda
pela praia a chorar
Recordando o triste dia
Que
aquele mar se fez mar
Arrancando-lhe a alegria
–
Despe-se o sol, á tardinha
E eu
de negro vestida
Sem
saber se é sina minha
Ou se
é castigo da vida
Longe
vão os tempos d´ouro
Em
que ela, feliz, vaidosa
Passeava o seu tesouro
Pelos
grãos de areia mimosa
Seu
filho, luz do seu ser
Que a
vida atirou pró mar
E no
mar viu padecer
Pra
nunca mais o abraçar
Foi-se-lhe o dom de sorrir
Foi-se o alento e a alegria
Foram-se as cores do vestir
Foi-se o pão de cada dia
Porque também, noutra era
O pai
dos filhos perdeu
Triste fado, vil quimera
Que
ao seu olhar se prendeu
–
Assim me persegue o pranto
E eu
de negro vestida
E no
negro do meu manto
Escondo as agruras da vida
Sem
se render à amargura
Que o
destino é como é
Pela
praia arrasta a loucura
Maria
da Nazaré
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