David Paiva Martins,
Fragmentos de Vida. A Minha Terra. 1ª ed., Aradas, ACAD (Associação
Cultural de Aradas), 2005, 170 pp. |
Túmulo de Catarina de Ataíde (Sé de Aveiro) |
Catarina de Ataíde,
filha de Álvaro de Sousa, senhor de Eixo e Requeixo, foi dama da corte
da rainha D. Catarina, esposa do rei D. João III. Tornou-se senhora de
Verdemilho pelo casamento com Rui Pereira Borges de Miranda, que herdara
de seu pai, António Borges de Miranda, o senhorio de Carvalhais, Ílhavo
e Verdemilho. Esta herança foi invulgar, porque Rui era filho do
casamento do seu pai, em segundas núpcias, com D. Antónia de Barredo, e
havia filhos do primeiro casamento, Simão e Gonçalo Borges, que dela
foram espoliados. O casal escolheu Verdemilho para viver — o que não
deixou de ser uma distinção importante para a então Vila de Milho. |
Catarina de Ataíde
era uma senhora muito devota e de rara beleza. Segundo a opinião da
generalidade dos historiadores, era ela a Natércia da lírica de Luís de
Camões. Aparentemente, foi a grande paixão da juventude do poeta, a quem
esse amor impossível custou quatro desterros: primeiro de Coimbra para
Lisboa; depois para Santarém; de seguida para Ceuta; e, finalmente, para
a Índia, de onde voltou pobre já depois do falecimento da sua amada.
Mais do que a sua linhagem, foi a circunstância de ter sido a musa
inspiradora de belos e sentidos poemas de Luís de Camões que fez com que
o nome de Catarina de Ataíde ficasse para a posteridade.
Catarina de Ataíde
faleceu em Verdemilho, em 28 de Setembro de 1551. Foi sepultada na
capela-mor do antigo convento de S. Domingos, em Aveiro. Hoje, o seu
túmulo pode ainda ver-se no átrio de entrada da Sé de Aveiro, numa
capela, cuja autoria é atribuída a João de Ruão, localizada à esquerda
da porta principal daquele templo.
Tem a seguinte
inscrição: «Aqui jaz Catarina de Ataíde, filha de Álvaro
/ 89 /
de Sousa e de D. Filipa de Ataíde. Neta de Diogo Lopes de Sousa e por
ser devota desta casa lhe deixou vinte mil réis de juros. Tem por isso
missa quotidiana e lhe deram capela, bem como a seu pai, mãe e
herdeiros. 28 de Setembro de 1551.»
Na nossa terra, nada
existe que lembre Catarina de Ataíde.
Túmulo de Catarina de Ataíde
(Sé de Aveiro) |