Para a história da Celulose

A nacionalização da C. P. C. e a fusão com as empresas que deram origem à PORTUCEL – Empresa de Celulose e Papel de Portugal, E. P.

 

A nacionalização da COMPANHIA PORTUGUESA DE CELULOSE verificou-se em 9 de Maio de 1975 (Decreto-Lei n.º 211-A/75), logo após, portanto, os acontecimentos políticos do 11 de Março de 1975. Em consequência, os negócios da Companhia passaram a ser geridos, a partir de 27 de Maio de 1975, por quadros-trabalhadores integrando uma Comissão Administrativa, até 14 de Julho de 1976 (Decreto-Lei n.º 554-A/76), data em que foi constituída a PORTUCEL. Essa comissão foi composta pelos eng.os Rui Ribeiro, Alberto Bessa Frazão e Adelino Pedro Ferreira e dr. José Soares Vinagre.

Pelo despacho do Primeiro Ministro de 5-9-75 são designados os membros que constituem a Comissão de Reestruturação da Indústria de Celulose (Cricel). E para representar os trabalhadores de CACIA nesta Comissão foram por estes indicados os quadros-trabalhadores António Pericão e Galo e Carlos Alves Valente.

Iniciados os trabalhos da Cricel, desde logo os trabalhadores de CACIA tomaram uma posição muito activa com vista à reestruturação das Celuloses pedida, adiantando uma proposta de solução organizativa detalhada. Esta proposta baseava-se na constituição de cinco em presas públicas – as nacionalizadas – administrativa, jurídica e patrimonialmente independentes, fortemente coordenadas por órgão estatal com poderes deliberativos, «O Instituto Coordenador das Celuloses». Era pois frontalmente contrária à solução da constituição de uma empresa única.

O resultado final do estudo da Cricel conduziu à proposta de uma empresa única com sete centros de resultados, após uma votação em que os representantes dos trabalhadores se dividiram totalmente e os oito representantes dos organismos do Estado votaram todos pela empresa única. Os representantes de CACIA votaram logicamente pela sua proposta (não empresa única).

Em 23 de Abril de 1976 e como sinal de protesto, os trabalhadores de CACIA decidiram o abandono da Cricel. Em 14 de Julho de 1976, pelo Decreto-Lei n.º 554-A/76 foi criada a PORTUCEL, empresa única concebida em moldes diferentes de qualquer das modalidades de empresa única que foram estudadas pela Cricel.

Em artigo publicado no jornal «A Luta», de 15 de Maio de 1976, os representantes dos trabalhadores de Cacia chamaram a atenção do Governo para o que chamaram a «empresa única, macrocéfala, burocratizante, cupulista, antidinâmica e emperrante, que conduziria fatalmente ao marasmo e ao desinteresse». Salientando que «a empresa única ficaria com um gigantismo tal (conjunto de empresas muito diversificadas e dispersas), em que os conceitos de economia de escala e de meios deixariam de ter significado e aplicabilidade», apontaram que «o problema da incentivação e estímulo do trabalhador e dos seus grupos é puramente ignorado». Defendendo as características da proposta que apresentaram de cinco empresas públicas coordenadas por órgão estatal, afirmaram que «assim, a proposta da C.P.C. é democraticamente descentralizadora, segue a melhor via de optimização do sector, é dinâmica, é anti-macrocéfala, anti-terreiro-pacista. Cria condições de motivação para o trabalho, tem em conta factores relevantes de ordem comercial e, portanto, dá satisfação ao Homem e à Colectividade».

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