LUTA CONTRA A POLUIÇÃO

TRATAMENTO PRIMÁRIO DOS EFLUENTES

POR

MANUEL G. QUEIROZ *

 

O tratamento primário destina-se a eliminar do efluente a maioria das partículas em suspensão (fibras, lamas, areias, etc.). O sistema escolhido (projecto da EFACEC, segundo técnica sueca da Industrikonstruktioner) consiste num decantador de tipo rectangular, com 108 metros de comprimento, 24 de largura e 4 de profundidade, implantado no interior dos terrenos da fábrica ao longo da vedação contígua à vala da C. P.

A retirada dos sólidos decantados é feita por meio de uma bomba submersível suspensa de uma ponte rolante. A bomba pode mover-se em três direcções, sendo os seus movimentos programados e controlados automaticamente por um minicomputador. Existe assim a possibilidade de escolher previamente a zona de captação de lamas – que se dispõem, no fundo, por zonas diferenciadas em tamanho e peso das partículas – de tal modo que, inclusivamente, se pode fazer o reaproveitamento de fibras.

A suspensão da bomba submersível possui um sensor de concentração e de altura de lamas que faz variar automaticamente a velocidade de deslocação de modo a fazer uma bombagem a concentração sensivelmente constante (cerca de 3 % de consistência). As lamas bombadas são descarregadas numa caleira disposta ao longo do comprimento do decantador que as conduz à instalação de espessamento. O espessamento, de 3 % para 25 %, obtém-se pela desidratação das lamas em prensa-filtrante de dupla teia. O bolo espessado é levado para aterro.

Como órgãos acessórios, à entrada, disporá de: crivo de grossos, areeiro, câmara de neutralização, / 82 / amostrador e câmara de floculação mecânica. À saída haverá novo amostrador e um medidor de caudal tipo Parshal Flume.

O caudal para que foi projectado o decantador é de 50000 m3/d que será atingido gradualmente, à medida que se forem concretizando as medidas internas programadas. Nessa altura, a descarga total de sólidos para o rio será apenas de 2,8 t/d (23 t/d actualmente) o que representará menos de 0,5 % da produção. A velocidade ascensional será de 0,8 m/h e a eficiência mínima garantida pelo projectista é de 85 % dos sólidos teoricamente separáveis.

Inicialmente, enquanto as medidas internas não se concretizarem, a eficiência será um pouco mais baixa. Começará por trabalhar com um caudal de 80000 m3/dia a que corresponde uma velocidade ascensional de 1,3 m/h. Nesta fase, os efluentes do branqueamento (relativamente pobres em sólidos suspensos) não passarão no decantador mas serão neutralizados.

Com o progresso das medidas internas, numa segunda fase a atingir em meados de 1981, os efluentes do branqueamento, já reduzidos em caudal, serão também decantados, sendo o caudal total previsto de 60000 m3/dia.

Na fase final das medidas internas que se espera atingir em meados de 1982, o caudal final deverá reduzir-se a 46200 m3/dia (108000 m3/dia, actualmente, antes do aumento de capacidade da expansão). Nessa altura, os sólidos suspensos terão baixado das actuais 23 t/d para 2,8 t/d, a Carência Química de Oxigénio, COD, de 38 para 32,8 t/d e a Carência Bioquímica de Oxigénio, BODs, de 20 para 14 i/d.

O custo total previsto é de 75000 contos para o tratamento primário e de 300000 contos para o total das medidas internas, num total de 375000 contos, a preços de 1977, repartidos em fracções aproximadamente iguais ao longo de um período de quatro anos.

M. G. Q.

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* Eng. o Químico, Chefe de Serviços de Laboratório do Centro – CACIA

 

 

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