Será possível realizar 6 fases de branqueio, dispondo apenas de 4 torres de reacção? Esta a experiência vivida em 1954, em Cacia.

A razão da sua escolha para figurar nos escritos comemorativos dos 25 anos de actividade deste Centro proveio do facto de a grande maioria da nossa população fabril desconhecer o pioneirismo a que foram sujeitos muitos dos que ainda cá trabalham.

A instalação para branqueio de pastas cruas de pinheiro, executada de acordo com o projecto elaborado, dispunha de apenas 4 torres de reacção e mais 4 torres de armazenamento: duas para pasta crua e duas para pasta branqueada.

A primeira fase de arranque decorreu de 29 de Janeiro a 14 de Fevereiro de 1954, e produziram-se 283 t AD de pasta «branca», com níveis de brancura da ordem dos 77-78º G E. As dificuldades de operação foram muitas e a grande maioria proveio de graves deficiências do projecto – ontem, como hoje. Bastará lembrar que, havendo apenas um rotâmetro de cloro, em vidro, este quebrou-se nos primeiros dias e o cloro era controlado por pesagem feita a longa distância, após subidas e descidas de numerosos grupos de degraus. A torre de cloro era aberta no topo e o respectivo lavador não possuía qualquer cobertura.

Houve turnos consecutivos em que a única hipótese de operação foi a utilização permanente de máscara. Mas a disponibilidade e entusiasmo de todo o pessoal foi superando as dificuldades que iam surgindo e foi possível proceder a afinações na operação, de modo a poder tirar conclusões.

E as primeiras conclusões, enviadas por carta para Lisboa, em 18 de Fevereiro, pelo Director Técnico da Fábrica e autor do projecto, foram:

«Com melhor água e alguma baixa nas características» (as características obtidas com as pastas de brancura 77-78° GE acusavam, em relação às pastas cruas, perdas de:

80 % no comprimento de rotura;

60 % no rebentamento;

60 % no rasgamento) «é possível obter brancuras de 80° GE. Contudo, para obter 84° GE será necessário erigir duas novas torres de reacção, no espaço existente, e instalar um dispositivo de purificação de água.

Para evitar grandes reversões, sugere-se ainda adicionar SO2 ao último lavador.»

 / 67 / Perante esta realidade e a fim de avaliar da justeza daquelas conclusões, pensou-se logo em realizar o branqueio das nossas pastas cruas, em 6 fases, utilizando a instalação existente.

A base do esquema foi a seguinte:

– O branqueamento era alimentado com pasta crua, a 3,0 t BD/h (80 t AD/d) e após a realização de 2 fases: cloro 1 e soda 1, a pasta era armazenada na torre de armazenamento 0.

– Depois de um período de 8 horas, interrompia-se a alimentação de pasta crua e iniciava-se a alimentação a partir da pasta armazenada na torre 0, e que já correspondia a 2 fases de branqueio.

Desse modo, nas mesmas torres onde se haviam realizado as 2 primeiras fases, iriam ser realizadas mais duas: cloro 2 e soda 2. A pasta com 4 fases era armazenada na torre de armazenamento 0A.

– Depois de novo período de 8 horas, retomava-se a alimentação de pasta crua e assim sucessivamente.

– Por fim, a pasta armazenada na torre 0A alimentava as 2 restantes torres de reacção para realizar duas novas fases: hipo 1 e hipo 2.

Simplesmente, as 4 primeiras fases, em grupos de 2 de cada vez, realizavam-se numa base de 3,0 t BD/h, enquanto as 2 restantes se realizavam na base de 1,5 t BD/h (40 t AD/d). Isto é, o branqueamento trabalhava continuamente, mas com uma produção reduzida.

As grandes alterações efectua das consistiram:

– instalação de um transportador de correia sob um dos lavadores, de modo a poder alimentar as torres 0 ou 0A com pasta de consistência à volta de 10 %.

– instalação de um dispositivo para permitir controlar o caudal de pasta alimentado às 2 últimas fases.

Aparentemente, as alterações não foram grandes, mas a operação tornou-se extremamente complicada, pois que, havendo 2 grupos de fases distintas realizadas no mesmo equipamento, importava saber distinguir quando terminava uma e começava a outra, o que não era fácil.

Só na verdade uma firme vontade para evitar manter parado o Branqueamento, conseguiu dinamizar todo o pessoal para nos levar a ultrapassar a natural falta de preparação que naquela altura, por certo, todos possuíamos.

Com uma excelente cobertura dos Serviços do Laboratório e dentro deste esquema, foi possível ensaiar várias alternativas que posteriormente proporcionaram uma base mais firme para a instalação de mais duas fases, que conduziram à instalação agora existente.

H. M.

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* Engenheiro químico, Director de Produção de Pasta do Centro CACIA
 

 

 

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