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Boletim n.º 13-14 - Ano VII - 1989


FARAV/89

 

De 29 de Julho a 13 de Agosto, esteve patente no Recinto Municipal de Feiras e Exposições a FARAV/89 – II Mostra Nacional e Internacional de Artesanato e X Feira de Artesanato da Região de Aveiro, organizada pela Câmara Municipal. O certame, que contou com a presença de cento e quarenta e dois artesãos do país e do estrangeiro, a Cooperativa de Artesãos «A Barrica», o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o Instituto Português do Património Cultural e a Região do Turismo da Rota da Luz, foi inaugurado pelo Secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, Dr. Bagão Félix, estando presentes, além de outras individualidades, o Governador Civil do Distrito, o Presidente e Vereadores da Câmara Municipal de Aveiro.

Simultaneamente, durante o tempo de exposição, concretizou-se um programa elaborado para animar a Feira, que proporcionou aos visitantes o conhecimento do folclore e da dança de cada região. Foi editada uma medalha comemorativa, em barro, da autoria de Jeremias Bandarra.

Transcrevemos aqui as palavras subscritas tanto pelo Presidente da Edilidade Aveirense como pelo Vereador do Pelouro da Cultura, que abriam a pequena publicação sobre a FARAV/89:

 

DO PRESENTE PARA O FUTURO

Lotação esgotada – e impossibilidade de se conseguir mais espaço para «alargar» o Recinto Municipal de Feiras e Exposições. A afluência das inscrições aconteceu em tempo recorde, de modo a garantir aos interessados mais cedo possível um lugar disponível dentro ou fora dos Pavilhões. E por coincidência (ou talvez não) isto aconteceu quando a FARAV festeja o seu décimo aniversário.

A par (e completando-a) da FARAV/89, realiza-se este ano a 2.ª Mostra de Artesanato Nacional e Internacional, também em pleno, com já muito representativo número de presenças estrangeiras e de fora da Região de Aveiro.

Estas evidências conduzem-nos a reflexões que nos parecem oportunas e pertinentes.

A primeira tem a ver com a necessidade, cada vez mais premente, de criar um Centro de Exposições mais vasto e suficientemente estruturado para abrigar o crescente número de Feiras e Exposições a que obriga o também crescente desenvolvimento sócio-económico do Concelho de Aveiro e o reconhecimento generalizado de que Aveiro é realmente um dos principais focos do país no que respeita a positiva evolução nos mais diversos sectores. Como é já do conhecimento público, a cidade de Aveiro vai mesmo dispor, tão em breve quanto possível, de um novo Centro de Exposições. / 80 /

Mas há dois aspectos que nos parece oportuno abordar.

Um deles tem a ver com a já por demais adiada estruturação, e consequente publicação oficial, do Estatuto do Artesão, a partir de uma ideia que julgamos ter nascido nesta nossa cidade – e talvez esta 10.ª FARAV constitua a oportunidade ideal não só para realçar essa sugestão como, inclusivamente, proporcionar o embrião-base do Estatuto em referência.

O outro aspecto que cremos vir a propósito referir relaciona-se com o produto artesanal propriamente dito. De facto, tanto quanto nos tem sido dado observar em feiras e/ou exposições de Artesanato; acentua-se a tendência, por parte dos compradores, para a aquisição de objectos, passíveis de utilização (o que tem constituído uma das características específicas do produto artesanal, ou apenas de adorno mas com um design (por vezes arrojado e inesperado) que se coaduna com o actual tipo de sociedade e do modo de vida moderno.

Admitimos que o artesanato tenha sido a primeira arte a que o homem se dedicou, devido à necessidade de criar objectos que lhe facilitassem o quotidiano. Isso, porém, não implica que ainda hoje seja preciso fazer pontas de lanças ou «facas» de sílex...

A evolução da humanidade conduziu, naturalmente, à criação de outros objectos, adaptados a essa mesma evolução e às diversificadas novas exigências, continuamente renovadas. E, apesar da industrialização crescente, a verdade é que se verifica actualmente um aumento de procura de objectos artesanais, principalmente nos meios urbanos.

Quer isto dizer que o artesanato mantém a sua função, nomeadamente cultural além de social e económica. E é sintomático que, num país com tão elevado grau de industrialização como é a Alemanha, trabalhem nada menos do que cerca de quatro milhões de artesãos – e dessa actividade tirem rendimento bastante para viverem com dignidade.

É garantia dessa dignidade com que deve poder contar também o artesão português. Para tal, porém, e independentemente da urgência do já referido Estatuto, haverá também que modificar algumas mentalidades no sentido de que é necessário abrir mais o espírito à imaginação e à criatividade – duas das características que podem, e devem, conduzir a um design moderno e sugestivo, capaz de contribuir para a humanização de um Mundo cada vez mais massificado.

JOSÉ GIRÃO PEREIRA

Presidente da Câmara Municipal de Aveiro

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CONTRA FACTOS NÃO HÁ ARGUMENTOS

A FARAV/89 reveste-se de especial significado, na medida em que esta é a 10.ª edição do certame, efeméride que aqui queremos salientar como merece.

Além disso, e simultaneamente, tem lugar a 2.ª Mostra Nacional e Internacional de Artesanato, que em 1989 ganhou um impulso inesperado, atendendo a que se trata apenas do segundo ano em que se efectua.

Aliás, é suficiente compararmos números e factos do corrente ano com idênticos elementos de 1988, começando por assinalar termos sido obrigados a não aceitar todas as inscrições de interessados na presença neste duplo certame, porquanto já não havia mais espaço disponível.

Em 1988, o número total de stands foi de 108 (assim distribuídos: 14 no Pavilhão Octogonal, 67 no Pavilhão Rectangular e 27 exteriores). Em 1989, o total é de 155 (51 no Octogonal, 74 no Rectangular e 30 no exterior).

Em 1988, o número de artesãos foi de 94 (46 da Região, 39 do resto do País e 9 do estrangeiro). Em 1989, o total de artesãos é de 132 (45 da Região, 80 do resto do País e 7 do estrangeiro).

Em 1988, foi de 46 o número de artesãos a trabalhar ao vivo (15 de Aveiro e 31 do resto do País). Em 1989, trabalham ao vivo 70 artesãos (15 de Aveiro e 55 do resto do País).

Acrescente-se que, em 1988, além de Portugal, estiveram representados oito Países. Em 1989, também, além de Portugal, estão representados mais doze países: Marrocos, Paquistão, Brasil, Peru, Quénia, Grécia, U.R.S.S., Bulgária, Colômbia, Índia, China e Espanha.

Deste modo, torna-se evidente o grande salto em frente que, de um ano para o outro, se registou no que aos certames respeita.

Também não pode deixar de se registar o facto de a FARAV continuar a contar com o já tradicional apoio da Cooperativa de Artesãos «A Barrica», assim como o da Região de Turismo da «Rota da Luz», o que desde logo garante a presença dos concelhos que a integram: Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Arouca, Aveiro, Castelo de Paiva, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Se ver do Vouga, Vagos e Vale de Cambra. A esta lista acrescentam-se, este ano, as representações das Câmaras Municipais de Arganil, Almodôvar, Gondomar, Baião, Lousã, Abrantes, Valongo e Sardoal.

No conjunto, há representações de 18 Cooperativas, Centros e Associações de Artesanato.

Finalmente, não podemos esquecer (nem deixar de agradecer, pela confiança implicada na sua participação) o prestigiante apoio concedido a este duplo certame pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e pelo IPPC, responsável pela realização de uma conferência, no dia 3 de Agosto, com base num tema naturalmente relacionado com a Problemática do Artesanato, sector em contínua evolução, partindo de artes tradicionais mas de sempre necessária actualização.

CELSO DOS SANTOS

Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Aveiro

 

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