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Boletim n.º 13-14 - Ano VII - 1989


I Bienal Internacional de Cerâmica Artística

 

Por iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro, que contou com a prestimosa e imprescindível colaboração de uma Comissão Organizadora e de uma Comissão Executiva, realizou-se no pavilhão octogonal do Recinto de Feiras e Exposições a I Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro, que teve o seu início em 11 de Novembro e encerrou em 16 de Dezembro.

Conforme se lia no respectivo Regulamento, o certame destinou-se «a mostrar as tendências de maior relevância da cerâmica actual, contribuindo assim para uma formação didáctica e estímulo à criatividade e ao desenvolvimento de carácter cultural, além de uma procura de novos materiais, técnicas e formas». O número elevado de visitantes,' que rondou os 8.000, mostra bem o interesse que as obras expostas despertaram não só em Aveiro como no país.

O júri, reunido em 25 de Outubro para efeitos de selecção definitiva e premiação, atribuiu o primeiro prémio ao artista Xoan Manoel Viqueira (Espanha), o segundo prémio ao artista Luís Ferreira da Silva (Portugal) e o terceiro prémio, ex-aequo, aos artistas Anisabel (Portugal) e Anne-France de Bruyn (Bélgica), para além das menções honrosas a Rosa Soler Garcia (Espanha), Osório de Castro (Portugal), Beatrix Weissflog (República Democrática Alemã), Cecília de Sousa (Portugal), Annelies Buchart (República Federal Alemã), Mário Ferreira da Silva (Portugal), Ana Domingos (Portugal), Vasco Afonso (Portugal), Bota Filipe (Portugal) e João Carqueijeiro (Portugal).

A Câmara Municipal também procedeu à edição primorosa do respectivo Catálogo, em quadricomia, cujo «design» foi do artista Artur Fino, que também foi o autor do logotipo; o texto é em português e em inglês, sendo a tradução de Celso Manuel dos Santos, Augusto Lopo, Anthony Laurel e Gaspar Albino. Dele transcrevemos as palavras de abertura, tanto do Presidente da Câmara Municipal, Dr. José Girão Pereira, como do Vereador do Pelouro da Cultura, Prof. Celso dos Santos:

 

1 – DESCENTRALlZAÇÃO CULTURAL: NECESSIDADE URGENTE

«Uma Bienal Internacional de Cerâmica Artística em Aveiro, porquê?

Para começar, por motivos geográficos e históricos. De facto, é a região pioneira em muitos dos aspectos com que a cerâmica (nas suas múltiplas facetas) se relacionam. Pelas características geológicas de grande parte dos seus terrenos, há que levar em consideração barros de boa qualidade. E viria a propósito evocar aqui a importância, a nível nacional, da actividade da Fábrica Jerónimo Pereira Campos.

Além disso, foi a partir da actividade da Fábrica da Vista Alegre, com a «descoberta» do caulino em terras aveirenses, que se deu um outro importante passo em frente, com porcelanas do maior prestígio mundial.

Ainda de forte vector histórico (e isto para não recordar importantes fábricas já inexistentes, como a da Fonte Nova, entre outras no concelho de Aveiro) há / 50 / que referir também grande parte da produção da Fábrica Aleluia, que dispensa adjectivos.

Para abreviar (pedindo escusa de, neste texto, não salientarmos também grandes unidades fabris do sector laborando um pouco por todo o Distrito, com especial incidência em Águeda, mas sem esquecer Albergaria-a-Velha, Anadia, Ílhavo, Mealhada e Oliveira do Bairro), entendemos chamar especial atenção para o facto de a Universidade de Aveiro, instituição base do desenvolvimento de toda a nossa região (e não só), proporcionar licenciatura em Engenharia da Cerâmica e do Vidro.

E vem a propósito aqui deixar expressos alguns dos objectivos que presidem à razão de ser dessa licenciatura, no que respeita especificamente à Cerâmica.

De facto, o processo tecnológico actual exige continuamente o desenvolvimento de novos métodos de fabrico e de materiais (cerâmicas, metais, polímeros) com características dia a dia mais sofisticadas. A produção actual de materiais cerâmicas engloba não só os tradicionais produtos de elevada tonelagem de fabrico (tijolos, azulejos, sanitários, refractários, vidros, cimentos, etc.) como também muitos outros produtos essenciais ao desenvolvimento de tecnologias modernas.

O referido Curso tem ainda o objectivo de formar técnicos superiores com um grau de conhecimento que permite um melhor aproveitamento das capacidades do parque industrial de Cerâmica.

Acrescentamos que, embora a principal razão de ser da Licenciatura em análise tenha a ver, essencialmente, com vertentes tecnológicas e científicas, a verdade é que é fácil, e lógico, relacionar essas finalidades com o aspecto artístico, porque na Cerâmica Artística todos esses conhecimentos são diriam os que indispensáveis, na medida em que abrem perspectivas renovadas para a criatividade e inovação artística.

Além disso, e a acrescentar às razões desta Bienal em Aveiro, há que levar em consideração a cada vez mais necessária e urgente descentralização cultural, principalmente quando as respectivas acções se desenvolvem em locais especial e naturalmente vocacionados para determinadas demonstrações, salões ou mostras – como é, neste caso, Aveiro e a sua região».

 

2 – CREDIBILlDADE

«Conseguir, num primeiro Salão com as características desta Bienal, uma presença de tão rica representatividade nacional e internacional como a que se patenteia só pode atribuir-se à credibilidade que a sua própria estrutura naturalmente impôs, concitando as atenções e interesses de artistas da mais elevada craveira, a todos os níveis relacionados com a Mostra em referência.

Assim se explica ter ascendido a 425 o número de obras inscritas para esta I Bienal Internacional de Cerâmica Artística realizada em Aveiro, entre 11 de Novembro e 16 de Dezembro de 1989.

O júri composto pelo Prof. Mestre Júlio Resende, Dr. Vasco Branco, Dr. Joaquim Mattos Chaves e Prof. Pintor Francisco Laranja – recusou, numa primeira triagem, 151 obras; após uma segunda e definitiva triagem, foram admitidas 170, correspondentes a 116 inscrições.

Na acta do júri pode ler-se que este se «congratula com a iniciativa, e, por isso, felicita os Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Aveiro, além de «manifestar a sua satisfação pelo modo como os trabalhos decorreram».

Das obras admitidas, 84 são de Portugal, distribuindo-se as restantes pela República Federal da Alemanha, Bulgária, Austrália, Bélgica, Brasil, Espanha, Finlândia, Holanda, Jugoslávia, Polónia, República Democrática Alemã e Suíça.

Para a referida credibilidade deste Salão muito contribuiu a constituição do júri, exigente mas justo, com natural evidência para o respectivo Presidente, Prof. Mestre Júlio Resende.

Também não poderiam ser esquecidos não só todo o pessoal dos diversos Serviços Camarários (que, com o seu dinamismo e dedicação, conseguiram erguer toda uma estrutura de características inéditas no Pavilhão Octogonal) como também os artistas (aveirenses e não só) que prestaram o seu apoio contínuo e desinteressado ao desenvolvimento de todo o processo que culminou nesta realização que a todos nós prestigia e, de certo modo, positivamente nos orgulha.

A terminar, uma saudação, e uma sincera homenagem, às entidades e empresas nacionais e estrangeiras que não só acreditaram em nós como evidenciaram essa credibilidade com a sua presença efectiva, sem a qual a I Bienal Internacional de Cerâmica Artística em Aveiro poderia não passar de um sonho».

  

COMISSÃO DE HONRA

Secretária de Estado da Cultura

Secretário de Estado do Turismo

Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

Governador Civil de Aveiro

Presidente da Câmara Municipal de Aveiro

Presidente da Região de Turismo da Rota da Luz

 

COMISSÃO ORGANIZADORA

Dr. José Girão Pereira

Prof. Celso dos Santos

Dr. Amaro Neves

Artur Fino

Coronel Cândido Teles

Dr. Emanuel Moreira da Cunha

Dr. Énio Semedo

Eng.º Faria Frasco

Fernando José Morgado

Prof. Dr. Henrique Diz

Jeremias Bandarra

Mons. João Gonçalves Gaspar

Dr. Vasco Branco

 

COMISSÃO EXECUTIVA

Prol. Celso dos Santos

Artur Fino

Jeremias Bandarra

Dr. Emanuel Moreira da Cunha

António José Bartolomeu

 

SECRETARIADO

Alexandrina Maximino

Isabel Neto

Maria Luísa Andias

 

JÚRI

Prol. Pintor Júlio Resende

Dr. Vasco Branco

Dr. Joaquim Mattos-Chaves

Prof. Pintor Francisco Laranjo

 

 

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