BOURGES
Bourges-en-Berry é a capital do Cher (um dos mais vastos
departamentos franceses 731 mil hectares, 501 mil dos quais em terras
agrícolas), mas é também Avarich, capital do reino gaulês dos
Bituriges, que lhe legou a sua altiva divisa "Summa Imperii penes
Bituriges" (O poder supremo pertence aos Bituriges), Avaricum,
capital da Aquitânia galo-romana.
Bourges, capital do Reino da Aquitânia de Luís "Le
Débonnaire"; Bourges, capital da França de Carlos VII. Bourges-en-Berry
apresenta-nos, através dos monumentos, as fases da sua história.
Conhecemos a história da antiga Avarich graças ao
historiador latino Tito Lívio, e, depois, pelos comentários de Júlio
César, que conquistou a cidade, defendida palas forças de Vercingétorix
em 52 a.C. Após o período galo-romano, sofreu numerosas invasões e
suportou lutas entre os reis francos e os duques de Aquitânia. Carlos
Magno, depois da conquista de Aquitânia, reorganizou a região de que
Bourges era a principal cidade a região de Berry, que foi governada
pelos seus descendentes e que passou depois para a dependência dos
condes de Bourges. A cidade passou ao domínio real pela compra que dela
fez o rei Filipe I ao visconde de Bourges, Eudes Arpin.
Durante a Guerra dos Cem Anos, Bourges tornou-se a capital de João,
duque de Berry, um dos filhos de João, o Bom, e que ficou célebre pelos
seus gostos faustosos. Aí construiu um magnífico palácio ducal, com uma
Santa Capela
–
e Bourges passou a ser, graças ao duque, uma famosa escola de Arte.
A fachada da catedral de Saint-Etienne foi por ele notavelmente
enriquecida.
De 1422 a 1437, Bourges foi a capital de França, porque o rei de
Bourges, ao qual apenas o centro do reino permaneceu fiel (as outras
províncias apoiavam o rei de Inglaterra, neto de Carlos VI), ali
habitava frequentemente, e Luís XI aí nasceu em 1423. Joana d'Arc esteve
em Bourges no Inverno de 1429/30.
Em 1463, foi criada em Bourges uma Universidade, por Luís XI. Sua filha
Joana, duquesa de Berry, aí fundou a ordem religiosa da Anunciada e foi
canonizada em 1951, com a designação de Santa Joana de França.
Com Margarida de Angoulême (irmã de Francisco I) e também duquesa de
Berry, a religião reformada de Lutero começou a ganhar terreno Calvino,
estudante em Bourges, converteu-se à nova doutrina, e, quando se
refugiou na Suíça, aí implantou o protestantismo, apoiado pelos adeptos
que de Berry o acompanharam.
O célebre jurista Cujas ensinou Direito Romano na Universidade de
Bourges. Após as Guerras religiosas e a Fronde, voltou acalma quando
Henrique II de Bourbon, príncipe de Condé, se tornou governador de
Berry. Seu filho, o duque de Enghien, estudou no colégio dos jesuítas.
Os bombardeamentos da última guerra pouparam o coração da cidade, por
isso se tendo salvado o património arqueológico a Catedral de
Saint-Etienne, as Igrejas de Notre Dame, Saint Pierre de Guillard e
Saint Bennet, o palácio de Jacques-Coeur,
o museu de Berry, o edíficio Lallemant, o Palácio da Justiça, etc., além
das pitorescas casas da cidade medieval.
Tudo isto constitui, com os notáveis jardins, um conjunto turístico de
muito grande classe, surpreendendo e encantando o visitante, que ali
descobre o coração da França Bourges-en-Berry.
altivo coração de França
|