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Boletim n.º 11 - Ano VI - 1988

BOURGES

 

Bourges-en-Berry é a capital do Cher (um dos mais vastos departamentos franceses 731 mil hectares, 501 mil dos quais em terras agrícolas), mas é também Avarich, capital do reino gaulês dos Bituriges, que lhe legou a sua altiva divisa "Summa Imperii penes Bituriges" (O poder supremo pertence aos Bituriges), Avaricum, capital da Aquitânia galo-romana.

Bourges, capital do Reino da Aquitânia de Luís "Le Débonnaire"; Bourges, capital da França de Carlos VII. Bourges-en-Berry apresenta-nos, através dos monumentos, as fases da sua história.

Conhecemos a história da antiga Avarich graças ao historiador latino Tito Lívio, e, depois, pelos comentários de Júlio César, que conquistou a cidade, defendida palas forças de Vercingétorix em 52 a.C. Após o período galo-romano, sofreu numerosas invasões e suportou lutas entre os reis francos e os duques de Aquitânia. Carlos Magno, depois da conquista de Aquitânia, reorganizou a região de que Bourges era a principal cidade a região de Berry, que foi governada pelos seus descendentes e que passou depois para a dependência dos condes de Bourges. A cidade passou ao domínio real pela compra que dela fez o rei Filipe I ao visconde de Bourges, Eudes Arpin.

Durante a Guerra dos Cem Anos, Bourges tornou-se a capital de João, duque de Berry, um dos filhos de João, o Bom, e que ficou célebre pelos seus gostos faustosos. Aí construiu um magnífico palácio ducal, com uma Santa Capela e Bourges passou a ser, graças ao duque, uma famosa escola de Arte.

A fachada da catedral de Saint-Etienne foi por ele notavelmente enriquecida.

De 1422 a 1437, Bourges foi a capital de França, porque o rei de Bourges, ao qual apenas o centro do reino permaneceu fiel (as outras províncias apoiavam o rei de Inglaterra, neto de Carlos VI), ali habitava frequentemente, e Luís XI aí nasceu em 1423. Joana d'Arc esteve em Bourges no Inverno de 1429/30.

Em 1463, foi criada em Bourges uma Universidade, por Luís XI. Sua filha Joana, duquesa de Berry, aí fundou a ordem religiosa da Anunciada e foi canonizada em 1951, com a designação de Santa Joana de França.

Com Margarida de Angoulême (irmã de Francisco I) e também duquesa de Berry, a religião reformada de Lutero começou a ganhar terreno Calvino, estudante em Bourges, converteu-se à nova  doutrina, e, quando se refugiou na Suíça, aí implantou o protestantismo, apoiado pelos adeptos que de Berry o acompanharam.

O célebre jurista Cujas ensinou Direito Romano na Universidade de Bourges. Após as Guerras religiosas e a Fronde, voltou acalma quando Henrique II de Bourbon, príncipe de Condé, se tornou governador de Berry. Seu filho, o duque de Enghien, estudou no colégio dos jesuítas.

Os bombardeamentos da última guerra pouparam o coração da cidade, por isso se tendo salvado o património arqueológico a Catedral de Saint-Etienne, as Igrejas de Notre Dame, Saint Pierre de Guillard e Saint Bennet, o palácio de Jacques-Coeur, o museu de Berry, o edíficio Lallemant, o Palácio da Justiça, etc., além das pitorescas casas da cidade medieval.

Tudo isto constitui, com os notáveis jardins, um conjunto turístico de muito grande classe, surpreendendo e encantando o visitante, que ali descobre o coração da França Bourges-en-Berry.

 


altivo coração de França

 

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