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Boletim n.º 11 - Ano VI - 1988

VISEU

 

Pouco se sabe das primeiras origens de Viseu. Todavia, a colina da Sé, o cimo e a encosta do nascente hão-se ter sido refúgio e morada breve de pastores e cultivadores de um núcleo castrejo provável.

Quando o invasor romano se afirmou senhor deste território, no séc. II a. C., deram-se alterações substanciais no aglomerado urbano e na ordenação económica que uma rede viária de importância documentada em restos de calçada e marcos miliários apoiou com energia. Um segundo núcleo de habitações gerou-se na parte baixa da cidade que se desenvolve paralelamente ao da colina.

No período da monarquia suevo-visigótica a cidade tinha uma importância que a fez escolher para cabeça de bispado. Data de 569 (Sínodo de Braga) a primeira assinatura de um bispo de Viseu. Mas do séc. VIII ao séc. XI a cidade sofre o vaivém destrutivo das razias de mouros e cristãos até ser definitivamente conquistada por Fernando Magno em 1057.

É também obscura a história da cidade nos séc. XII e XIII. Do séc. XII deve datar a primeira Sé românica sobre a qual se construiu a actual. De 1112 a 1119 aqui viveu S. Teotónio. Em 1123 Dona Teresa concede à cidade o primeiro foral.

Nos séc. XIV a XVI a parte alta da cidade torna-se o verdadeiro centro do desenvolvimento e tem então grande importância a colónia judaica estabelecida na cidade. Em 1411 o Infante D. Henrique é Duque de Viseu e em 1472 estão adiantadas as obras que D. Afonso V manda executar para fechar a cidade de muros que não irão dispor de torres nem de ameias.

No séc. XVI, ao tempo de D. João III, já a cidade extravasara os muros. À riqueza agrícola juntara-se o factor da transumância e uma importância comercial que a feira franca documenta. É também a época de um notável florescimento artístico com a escola de pintores de que Vasco Fernandes (Grão V asco) é o maior e o fomento de importantes obras arquitectónicas.

Do séc. XVII até meados do séc. XIX a cidade preencherá sobretudo os espaços vazios criados na sua lenta urbanização e nestes dois séculos vai singularizar-se com abundância tal de monumentos igrejas, capelas, palácios ou fontes que bem poderia chamar-se cidade princesa do barroco.

As invasões francesas no princípio do séc. XIX e as lutas liberais posteriores fizeram-se sentir grandemente.

No fim do século abriram-se novas vias, e a cidade alargou o seu leque, hoje em expansão, valorizando-a o privilégio da localização central no planalto beirão, os foros administrativos de capital de província e cabeça de distrito, tornando-a obrigatório centro de convergência ou ponto de passagem!

O rio Pavia corre num leito de cimento, à Ribeira, sob as pontes que levam ao Campo da Feira de S. Mateus, espaço amplo de onde se colhe uma boa vista sobre a encosta NE da cidade e que desde 1510 se reservou, por ordem do rei, para a Feira Franca que todos os anos anima o largo.

Mais longe topamos os taludes altos do monumento que é a Cava de Viriato. Sem sombra de dúvida é um monumento militar (acampamento) romano desde a campanha de Bruto Calaico (138 a. C.), de longo fosso que é possível identificara NO.

Só a tradição, sem fundamento, ligou a memória do caudilho Viriato à Cava e ela vem sendo conhecida pelo seu nome, e na face do talude mais ocidental se levantou um curioso monumento de granito e bronze alusivo à legenda do caudilho e dos seus inimigos (Escultura de M. Benliure).

 


um futuro com raízes históricas

 

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