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Boletim n.º 11 - Ano VI - 1988

VIANA DO CASTELO

 

Perto de Espanha, do aeroporto de Pedras Rubras, fácil de alcançar por estrada, implantada no caminho entre Fátima e Santiago de Compostela, construída à beira-Atlântico e à margem do rio Lima, rodeada de montes onde o clima e a pureza do ar são fontes de saúde, Viana do Castelo é sinfonia de beleza, terra ideal para longas férias ou curtas estadias.

Actualmente capital do distrito mais setentrional do País, o sítio onde, em 1258, D. Afonso III estabeleceu a vila chamava-se Adro. Nas Inquirições impõe-lhe aquele monarca o nome de Viana, já anterior. Nas Inquirições de D. Dinis apelidam-na de Viana de Riba do Minha e, numa carta de D. Afonso V, de Viana de cerca de Caminha. Noutros diplomas Viana da Foz do Lima, Viana do Minho, Viana do Lima, Viana de Caminha.

A presença da ocupação humana nos mais recuados tempos pré-históricos está abundantemente representada no subsolo da maior parte da cidade e nos terrenos dos arrabaldes, até longa distância, quer pela orla marítima quer pelas margens do rio.

Na foz do Lima, ao demolir-se o alicerce do antigo Cais do Fortim, apareceram uma anforeta púnica e um pedaço de calabre de cairo, testemunhos de ali ter estado um navio cartaginês. Também foram encontrados, na região, restos de vila romana e de edifícios romanos dotados de certo luxo.

Com sério fundamento arqueológico, diz a tradição ter Viana suas origens no castro de Santa Luzia – a “Cidade Velha”.

... E ainda muito antes de Viana ser do Castelo já existia uma irmanação (ainda hoje não efectiva mas desde há séculos bastante afectiva) entre Aveiro e Viana do Castelo. De facto, há notícias de que em 1504 havia na Terra Nova colónias de pescadores aveirenses e vianenses. E não é menos curioso o facto de Aveiro e Viana terem sido irmãs em aventuras e desventuras, das quais aqui evocaremos apenas duas.

Durante anos, no século XVII, nenhum barco de Aveiro ou de Viana pescou na Terra Nova – e isto porque Filipe II de Espanha, quando mandou organizar a chamada Armada Invencível, requisitara todas as embarcações com um mínimo de condições de adaptação a tarefas de guerra – e lá foram por água abaixo até os barcos de pesca... Só no século XIX a pesca do bacalhau voltaria a ser feita por barcos portugueses.

Em 1931, por iniciativa da Empresa de Pesca de Aveiro, três navios (o Santa Mafalda, o Santa Joana e o Santa Isabel) partiram da Terra Nova para a Gronelândia, acompanhados pelo navio Santa Luzia da Empresa de Pesca de Viana. Aconteceu que as condições de navegação do Santa Luzia não eram as melhores, pelo que o Santa Mafalda teve de lhe passar um cabo, rebocando-o durante quase três dias, até que, numa tempestade, o cabo rebentou. De então para diante, cada navio viajou isolado – só vindo a saber-se a sorte de cada um quando regressaram a Portugal.

No entanto, o resultado da pescaria foi tão bom que, a partir dessa época, a frota portuguesa iniciava a campanha na Terra Nova e seguia, depois, para os mares da Gronelândia.

Do monte de Santa Luzia, junto ao Santuário, o horizonte não tem fim. Lá em baixo, ao lado da velha cidade, espraia-se o movimento do velho porto e dos estaleiros construindo barcos para o mundo.
 


um abraço de séculos de aventura e mar


 

 

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