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Boletim n.º 4 - Ano II - 1984


GABINETE DO BAIXO VOUGA

 

No dia 7 de Julho, no salão do Governo Civil, o Ministro da Agricultura deu posse aos membros que ficaram a constituir o Gabinete de Estudos do Projecto Integrado do Desenvolvimento do Baixo Vouga. Formam este Gabinete representantes dos Ministérios da Administração Interna, da Agricultura, Florestas e Alimentação, da Indústria e Energia, do Comércio e Turismo, do Equipamento Social, da Qualidade de Vida e do Mar. Fazem ainda parte do Gabinete, como representantes das Câmaras Municipais da região do Baixo Vouga, os Presidentes das Edilidades de Aveiro e Murtosa.

O Governador Civil manifestou o seu contentamento por esta arrancada de uma obra cujos benefícios todos conhecem e salientou o problema da invasão das águas salgadas, o flagelo da poluição e a estrada Aveiro-Murtosa. Terminou as suas palavras afirmando estar atento a qualquer desaceleração do processo agora iniciado. O Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional relacionou a concretização do Gabinete do Baixo Vouga com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia.

No uso da palavra o Ministro da Agricultura justificou o Gabinete do Baixo Vouga: «Face aos desajustamentos crescentes verificados entre a oferta e a procura de bens agro-alimentares, a nível do mercado interno, urge incentivar a produção agrícola, por forma a atenuar os efeitos desfavoráveis sobre a nossa balança comercial e a diminuir a nossa dependência externa em matéria alimentar, medidas estas que se enquadram entre os objectivos prioritários prosseguidos pelo Governo, numa óptica de crescimento harmónico e integrado nos diferentes sectores da actividade económica e de correcção das assimetrias regionais de desenvolvimento.»

Disse ainda que o Projecto de Desenvolvimento Integrado do Vale do Vouga atinge uma extensa área que constitui o «hinterland" do Porto de Aveiro e se estende desde a Ria de Aveiro até à zona da raia da Beira Alta. «Em toda a bacia / 56 / interior do Vouga – concretizou – existem cerca de 11 mil hectares de solos de natureza aluvionar de reconhecida capacidade de uso agrícola, presentemente condicionada por excesso de água durante parte do ano, evidenciando elevadas potencialidades forrageiras, como o comprova a composição florística do seu coberto vegetal espontâneo e os encabeçamentos que permite, durante o período primaveril-estival, em que é utilizado para pastoreio do gado e para produção de fenos.»

Apontou as acções prioritárias a desenvolver no âmbito deste projecto, falou do estudo prévio realizado em 1973-75 pela COBA, e do Acordo para a Cooperação Agrícola Luso-Holandesa. Terminou a sua intervenção afirmando que «o Gabinete deverá ter por atribuições a promoção da execução das acções de aproveitamento das potencial idades agrícolas, hídricas e energéticas da Bacia do Vouga, tendo em conta a necessidade de assegurar o desenvolvimento harmónico de todas as zonas afectadas directa ou indirectamente pela implantação deste Projecto...».

Por fim usou da palavra o Eng.º Carlos Naia, na sua qualidade de Director de Gabinete. Começou por dizer:

«Ao regressar após este acto de posse a Aveiro, ao convívio das gentes da nossa Ria e do nosso Vouga, faço um público acto de fé no futuro do projecto cujo estudo nos é confiado, pois aposto decididamente na motivação e no interesse do factor mais decisivo de qualquer processo de desenvolvimento o elemento humano que aí vive e labuta. Desde os agricultores e suas associações aos demais estratos sócio-profissionais, das autarquias locais e regionais aos políticos, dos funcionários aos técnicos que integram os diferentes serviços representados neste Gabinete, todos põem o maior empenho neste empreendimento que visa a valorização dos campos do Vouga e das suas populações.»

Indicou o método a seguir, no qual devem participar as comunidades rurais: «A estratégia que se preconiza para o desenvolvimento regional integrado assenta, quanto a nós, em três premissas fundamentais:

– o crescimento do sector agrícola é a chave do desenvolvimento rural;

– o desenvolvimento da agricultura exige o desenvolvimento concomitante

dos sectores secundário e terciário;

– as forças sociais desempenham um papel importante no desenvolvimento agrícola já que a produção agrícola deriva dos esforços de uma multidão de produtores individuais cujo interesse e capacidade de participar num programa de mudança é essencial.»

Nesta óptica, a participação das comunidades rurais no processo de desenvolvimento afigura-se-nos decisiva para a realização dos seus objectivos fundamentais.

Terminou a sua intervenção afirmando: «E basta de palavras. Mãos à obra que é de todos nós».

 

 

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