GABINETE DO BAIXO VOUGA
No dia 7 de Julho, no salão do Governo Civil, o Ministro
da Agricultura deu posse aos membros que ficaram a constituir o Gabinete
de Estudos do Projecto Integrado do Desenvolvimento do Baixo Vouga.
Formam este Gabinete representantes dos Ministérios da Administração
Interna, da Agricultura, Florestas e Alimentação, da Indústria e
Energia, do Comércio e Turismo, do Equipamento Social, da Qualidade de
Vida e do Mar. Fazem ainda parte do Gabinete, como representantes das
Câmaras Municipais da região do Baixo Vouga, os Presidentes das
Edilidades de Aveiro e Murtosa.
O Governador Civil manifestou o seu contentamento por
esta arrancada de uma obra cujos benefícios todos conhecem e salientou o
problema da invasão das águas salgadas, o flagelo da poluição e a
estrada Aveiro-Murtosa. Terminou as suas palavras afirmando estar atento
a qualquer desaceleração do processo agora iniciado. O Secretário de
Estado do Desenvolvimento Regional relacionou a concretização do
Gabinete do Baixo Vouga com a entrada de Portugal na Comunidade
Económica Europeia.
No uso da palavra o Ministro da Agricultura justificou o
Gabinete do Baixo Vouga: «Face aos desajustamentos crescentes
verificados entre a oferta e a procura de bens agro-alimentares, a nível
do mercado interno, urge incentivar a produção agrícola, por forma a
atenuar os efeitos desfavoráveis sobre a nossa balança comercial e a
diminuir a nossa dependência externa em matéria alimentar, medidas estas
que se enquadram entre os objectivos prioritários prosseguidos pelo
Governo, numa óptica de crescimento harmónico e integrado nos diferentes
sectores da actividade económica e de correcção das assimetrias
regionais de desenvolvimento.»
Disse ainda que o Projecto de Desenvolvimento Integrado
do Vale do Vouga atinge uma extensa área que constitui o «hinterland" do
Porto de Aveiro e se estende desde a Ria de Aveiro até à zona da raia da
Beira Alta. «Em toda a bacia
/ 56 / interior do Vouga – concretizou –
existem cerca de 11 mil hectares de solos de natureza aluvionar de
reconhecida capacidade de uso agrícola, presentemente condicionada por
excesso de água durante parte do ano, evidenciando elevadas
potencialidades forrageiras, como o comprova a composição florística do
seu coberto vegetal espontâneo e os encabeçamentos que permite, durante
o período primaveril-estival, em que é utilizado para pastoreio do gado
e para produção de fenos.»
Apontou as acções prioritárias a desenvolver no âmbito
deste projecto, falou do estudo prévio realizado em 1973-75 pela COBA, e
do Acordo para a Cooperação Agrícola Luso-Holandesa. Terminou a sua
intervenção afirmando que «o Gabinete deverá ter por atribuições a
promoção da execução das acções de aproveitamento das potencial idades
agrícolas, hídricas e energéticas da Bacia do Vouga, tendo em conta a
necessidade de assegurar o desenvolvimento harmónico de todas as zonas
afectadas directa ou indirectamente pela implantação deste Projecto...».
Por fim usou da palavra o Eng.º Carlos Naia, na sua
qualidade de Director de Gabinete. Começou por dizer:
«Ao regressar após este acto de posse a Aveiro, ao
convívio das gentes da nossa Ria e do nosso Vouga, faço um público acto
de fé no futuro do projecto cujo estudo nos é confiado, pois aposto
decididamente na motivação e no interesse do factor mais decisivo de
qualquer processo de desenvolvimento o elemento humano que aí vive e
labuta. Desde os agricultores e suas associações aos demais estratos
sócio-profissionais, das autarquias locais e regionais aos políticos,
dos funcionários aos técnicos que integram os diferentes serviços
representados neste Gabinete, todos põem o maior empenho neste
empreendimento que visa a valorização dos campos do Vouga e das suas
populações.»
Indicou o método a seguir, no qual devem participar as
comunidades rurais: «A estratégia que se preconiza para o
desenvolvimento regional integrado assenta, quanto a nós, em três
premissas fundamentais:
– o crescimento do sector agrícola é a chave do
desenvolvimento rural;
– o desenvolvimento da agricultura exige o
desenvolvimento concomitante
dos sectores secundário e terciário;
– as forças sociais desempenham um papel importante no
desenvolvimento agrícola já que a produção agrícola deriva dos esforços
de uma multidão de produtores individuais cujo interesse e capacidade de
participar num programa de mudança é essencial.»
Nesta óptica, a participação das comunidades rurais no
processo de desenvolvimento afigura-se-nos decisiva para a realização
dos seus objectivos fundamentais.
Terminou a sua intervenção afirmando: «E basta de
palavras. Mãos à obra que é de todos nós».
|