DUAS NOTAS SOBRE O
CONCELHO DE
AVEIRO
Isoladamente ou englobado no distrito a que pertence, o
concelho de Aveiro pode ser considerado como um dos exemplos mais
sugestivos de um certo dinamismo económico e demográfico, infelizmente
desconhecido na maior parte do continente português. É o que em parte
tentaremos evidenciar, através de dois exemplos concretos: o crescimento
demográfico e o montante de impostos arrecadados na sede deste concelho.
► 1. A evolução demográfica
Com uma população orçada em 1864, em menos de uma vintena
de milhar de habitantes, a evolução demográfica revela-nos a partir de
então, um aumento bastante acentuado que permitiu, até aos alvores dos
anos cinquenta, um acréscimo global da ordem dos 100%. Com efeito, à
excepção do intervalo intercensitário de 1911 a 1920, em que se
verificou uma perda de 281 indivíduos, esse crescimento foi sempre
positivo. Principalmente durante a última década, entre 1970 e 1981,
período durante o qual esse valor quase atingiu uma dezena de milhar,
passando de 49 005 habitantes em 1970, para 60784 em 1981.
Particularmente significativo e denotando uma certa
atracção urbana, foi o crescimento registado nas freguesias sede do
concelho – Vera-Cruz, Glória e sobretudo em Esgueira – onde residiam, em
1981, cerca de metade dos seus habitantes. E sobretudo nesta última – 11
607 habitantes – a qual viu a sua população duplicar num período
relativamente curto, deste 1950 até à actualidade.
/ 18 /
Uma consequência, aliás, da fixação de novos moradores,
que aqui se acolheram por razões de trabalho, devido à criação de novos
empregos no centro urbano e na sua periferia. Radicando-se ainda nas
freguesias limítrofes de Aradas, Cacia, Oliveirinha e S. Bernardo. As
quais apresentam uma grande dependência em relação a Aveiro,
compreensível aliás, se tivermos em conta o número e a diversificação de
funções concentradas na sua sede. Estimadas em 1980, em pouco menos de
uma centena.
► 2. Os impostos directos.
Um outro indicador pode ser encontrado através do «valor
liquidado» de alguns impostos: i. profissional, i. complementar e
contribuição industrial, cujo montante orçava, em 1976, os 31 660, 38862
e 36 948 milhares de escudos, respectivamente.
Valores que, em termos absolutos, foram nalguns casos
superados pelo concelho de Vila da Feira, mas que o colocam, quando
comparados com outros dados do distrito do Porto, de Braga ou de
Coimbra, numa posição cimeira. Possível, aliás, de avaliar, se
atendermos ao total de impostos directos cobrados à população do
concelho e sobretudo à sua capitação (QUADRO III).
Estes alguns elementos que comparados com outros
indicadores, obtidos através de uma análise mais exaustiva e alargada a
todo o distrito, acentuariam o grande poder de atracção e o nível de
desenvolvimento desta região do Baixo Vouga.
Às autoridades competentes caberá, no futuro, defender
esta situação, para que este concelho não se torne, numa das áreas
«degradadas» do continente, que tendem a proliferar à sombra dos grandes
centros urbanos e industriais.
Jorge Arroteia
Professor da Universidade de Aveiro |