Faianças de S. Roque
A fábrica de S. Roque ou do Canal foi fundada, em 1931,
pelo ceramista aveirense Manuel da Silva, que, não sendo rico, associou
duas pessoas mais abonadas. Devido a problemas financeiros e
desinteligências entre os sócios, a sociedade acabou por dissolver-se
escassos anos após.
Credor da Firma, o Dr. Manuel Vieira de Carvalho, de
Setúbal, decidiu ficar com todo o activo e passivo. Mas, indo mais
longe, cedeu a fábrica, em regime de exploração, a vários operários
cerâmicos da zona aveirense. A experiência, entretanto, malograr-se-ia,
a breve trecho, já por carências financeiras, já por dificuldades de
cariz técnico.
Assim, no decurso de 1940, verificou-se a venda da
fábrica ao experimentado ceramista João Bernardo Moreira, dono, na
altura, de um pequeno estabelecimento fabril do género no vizinho lugar
de Aradas.
Até que, cinco anos mais tarde, ou seja, em 1945,
constituiu-se uma sociedade por quotas, "Faianças de S. Roque, L.da,
entre o aludido João Bernardo Moreira, os aveirenses João Marques de
Oliveira (Lavado) e João Matias Vieira, e ainda José António de Aguiar,
do Porto.
Entrementes, em 1953, este último, que se ausentara para
o Brasil, cedeu a sua quota ao sócio João de Oliveira (Lavado). Por seu
turno, João Bernardo Moreira falecera no referido ano de 1950, ficando a
respectiva quota, indivisa, pertença, na quase totalidade, dos sócios
sobreviventes.
Em 1964, nova modificação se registaria, porquanto
entraram dois novos sócios – António da Silva Matias e Nuno Tavares
Pinheiro.
Por fim, e depois de vicissitudes recentes, a fábrica foi
transaccionada, encetando uma nova etapa.
Ao longo da sua existência, o estabelecimento fabril
realizou três exposições:
Numa sala, da Rua Coimbra, em data que não nos ocorre de
momento, e em que figuraram, além dos trabalhos de João Lavado,
produções de outros operários-ceramistas da fábrica; no Salão Municipal
de Cultura (de 26-12-1970 a 10-1-1971), onde, de permeio com meritórios
trabalhos de operários-ceramistas, se destacavam, sobremaneira, as peças
de João Lavado e de Celestino Moreira (Pim), entretanto pequeno sócio da
fábrica; e no Salão do Grémio do Comércio (16 a 31 de Dezembro de 1972),
que reuniu, exclusivamente, trabalhos de João Oliveira (Lavado),
Celestino Moreira (pim) e Arminda Vieira de Freitas (Mindoca), esta do
Porto, mas aluna de Lavado.
Restará talvez acrescentar que, nos iniciais cinco anos
do estabelecimento fabril, apenas se usou a marca na louça artística. Ao
longo dos 10 anos seguintes, enveredou-se pelo uso da marca, com
carimbo, em azul. Finalmente, e até quase ao termo, ou até mesmo ao
termo da década de setenta, passou a empregar-se idêntica marca, mas a
verde.
Bem acompanhado, a seu tempo, por Celestino Moreira (Pim),
poderá afirmar-se, sem sombra de contestação, que o prestígio da fábrica
de S. Roque, do ponto de vista artístico e mesmo técnico, nasceu do "savoir-faire"
de João Lavado. Conhecedor profundo de mil segredos do oficio além de
ceramista notável, inovou e pintou infatigavelmente. Mais ainda, o que
não é somenos: ensinou devotadamente, a arte a meio mundo...
J. S.
1 Síntese de Aveiro - Ass. J. Lavado – C 61 x75 –
1959 – Col. J. Sarabando
2 Prato com Quadra Popular – C 33x27 – s/ data –
Col. J. Sarabando
3 Prato com Quadra Popular – C 33x27 – s/ data – Col.
J. Sarabando
4 Prato com Homem Cristo – C 33x27 – 1973 – Col. J.
Sarabando
5 Vertedoiro com motivos da Ria – C 45x2 – s/ data
– Col. Dr. D. Cristo
6 Azulejo com motivos do Canal – C 30x45 – s/ data –
Col. Dr. M. Candal
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