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N.º 20

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Dezembro de 1975 

O Cruzeiro de Roge

Monumento Nacional

Por A. T. Coutinho

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O Cruzeiro de Roge, considerado monumento nacional pelo Decreto n.º 37366 de 5 de Abril de 1949, é uma importante peça granítica do séc. XVII, alto, equilibrado, coluna bem lavrada e assente em quatro esculturas, tendo no cimo a Cruz dos Pereiras.

Derrubado pelo temporal ciclónico de 13 de Dezembro de 1945, permaneceu bastante tempo esquecido, ameaçando uma perda quase total. O gradeamento que o circundava servia às mulheres das redondezas para nele pendurarem roupa a secar. Algumas hastes de ferro foram utilizadas pelos habitantes locais e, se não fora o sentido histórico do Rev. Padre Joaquim de Oliveira Maurício, então pároco de Roge, talvez as pedras caídas no chão tivessem desaparecido...

A Igreja de Roge e seu Cruzeiro renascentista, considerado Monumento Nacional.

A sensibilidade artística do Arquitecto Baltazar de Castro permitiu que aquela reconstrução se fizesse imediatamente a expensas da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, o que se verificou em 1947, com grande regozijo do povo de Roge que, pela voz do Reitor do Seminário Apostólico de Macieira de Cambra, Padre Moreira Neto, soube então testemunhar, a quem de direito, o seu reconhecimento.

Um facto digno de nota cabe aqui também relatar e que muito impressionou aquele distinto arquitecto.

A coluna central do Cruzeiro, na sua queda, por motivo do temporal, partiu-se, não sendo possível aproveitar os bocados que dela restavam.

Meditava o ilustre funcionário na solução de tão difícil problema, considerando não ser fácil encontrar quem fielmente reproduzisse aquela obra.

Então, um humilde canteiro de Roge, o Sr. Aníbal Brandão, propôs-se, auxiliado por seu pai, também de Roge, e pelo Sr. Manuel de Pinho, de Macieira de Cambra, fazer a reprodução fiel das partes destruídas.

Foi com certo cepticismo que o arquitecto responsável pelo restauro ouviu esta afirmação. Porém, o Sr. Aníbal Brandão, perante a admiração geral, reproduziu directa e fielmente o precioso lavrado granítico do Cruzeiro de Roge.

 

FONTES

Arquivo Coimbrão, Volumes XXI-XXII, Tomo I, Pág. 59 e 60 – Actas e Notícias do X Congresso Beirão – comunicação apresentada Pelo Sr. Dr. Dulcídio Alegria.

Guia de Portugal, 3.º volume.

Testemunho oral do Rev. Padre Joaquim de Oliveira Maurício.

 

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