«As grandes escolas de artes
plásticas são os museus. Quisera uma em cada cidade, em cada vila,
em cada aldeia, para que o Povo se elevasse na comunhão com o Belo».
(Legenda extraída da conferência
proferida pelo nosso Prémio Nobel, no Museu de Aveiro, em 1916, que
está gravada à entrada da Casa do Marinheiro). |
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«A separação do Estado da Igreja era
uma aspiração de muitos liberais portugueses; mas não o era menos de
uma grande parte dos católicos, sobretudo daqueles que, pensando
pouco em interesses, aspiravam à sublimação das doutrinas cristãs.
Daqui se conclui que uma lei que marcasse a diferenciação dos
departamentos do Estado e da Igreja devia agradar à maior parte da
população portuguesa. Bastava que fosse estabelecida em bases
honradas e não houvesse o propósito de vexar fosse quem fosse. Todos
se devem respeitar e, mais ainda do que os homens, se devem
respeitar as crenças de cada um. Por isso, uma lei que houvesse de
fazer-se em assunto de tanta monta, visto jogar com milhões de
consciências portuguesas, tinha de ser ponderada e sem propósitos
agressivos. Ora a lei da Separação que foi publicada, embora
fundamentalmente consignasse um princípio justo, vinha cheia de
pequeninas agressões contra o clero, classe que merece ser
respeitada como qualquer outra.
E foi pena que assim sucedesse,
porque imediatamente o meio eclesiástico se manifestou contrário às
disposições que o vexavam e a população católica do País não viu
com bons olhos os exageros da lei.»
EGAS MONIZ
(De UM ANO DE
POLÍTICA)
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